É urgente a reposição do quadro de funcionários do setor de Nutrição do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. O apelo é feito por um conjunto de servidores que protocolou denúncia em diversos órgãos estaduais e municipais, como o Ministério Público Federal (MPF), Tribunal de Contas (TCE), Vigilância Sanitária de Vila Velha, Ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Espírito Santo (Sindsaúde-ES).
“Estamos desesperados pelo que o nosso setor vem sofrendo com a gestão da empresa Acqua”, enuncia a denúncia, referindo-se à atual Organização Social de Saúde (OSS) que administra o Himaba, após uma intervenção de urgência feita em fevereiro último pela Sesa, devido a diversas irregularidades verificadas na gestão da OSS anterior, o Instituto Gnosis. A situação levou o secretário Nésio Fernandes a afirmar ser necessário “uma maior responsabilização individual dos gestores de OSSs”.
A denúncia cita uma das diretoras da Acqua, Robenilda Dalfor Gonçalves Bertolane, e a coordenadora da equipe multidisciplinar, Ilma Rocha, como responsáveis por levar a cabo a postura da OSS de se recusar a contratar os nutricionistas necessários, fazendo com que alguns dos que ainda estão na ativa sejam desviados de função e atuem como lactaristas.
Segundo o documento, a equipe da Nutrição contava com 20 pessoas e hoje tem treze. “Não temos mais nutricionistas à noite no setor, apenas dois técnicos em nutrição que estão em desvio de função, lavando mamadeira, copinhos e chucas sem EPI’s [Equipamentos de Proteção Individual], fugindo totalmente da função que podem desempenhar”, descreve.
Dos vinte originais, uma era diarista e atuava como coordenadora para o Serviço de Nutrição e Dietética (SND); quatro nutricionistas na clínica do hospital, sendo duas em cada plantão ao dia; dois técnicos em nutrição à noite; quatro nutricionistas no processo de produção no lactário, sendo um em cada plantão, dois de dia e dois à noite; e nove lactaristas, incluindo dois na produção e um no expurgo fazendo higienização.
As treze restantes se distribuem em: dois nutricionistas plantonistas para o Serviço de Nutrição e Dietética, sendo que uma desemprenha três funções, de fiscal de contrato da empresa da cozinha, de nutricionista líder do SND e lactário e de atendimento ao paciente; dois técnicos à noite; três nutricionistas no lactário, sendo dois ao dia e um à noite; e seis lactaristas, com dois na produção e nenhuma no expurgo fazendo higienização dos utensílios sujos, função que está sendo feitas por nutricionistas e técnicos do setor.
O texto destaca ainda a já anunciada saída de mais uma pessoa da equipe a partir do dia 16, visto que o Acqua não permite mais um acordo que havia dentro do hospital, permitindo que funcionários que possuem dois empregos pudessem chegar no Himaba meia hora depois, saindo também meia hora depois do horário oficial.
Aos órgãos, a denúncia pede por uma nova intervenção dos órgãos competentes, “para que haja a ação e correção necessária, porque do jeito que estamos (sucateados), não dá”, clamam os denunciantes, ressaltando “três relatórios de dietas feitas aqui no lactário que deram contaminação por coliformes fecais, pelo fato de não termos mão de obra para dar continuidade ao serviço com excelência”.
“Estamos com medo”, suplicam, “pois já tivemos surtos de NEC (entereocolite necrosante) e foi triste o que aconteceu”, alertam, ainda ecoando o trauma causado pela
morte de quase 30 bebês num período inferior a três meses no final de 2017, fato noticiado com exclusividade por Século Diário e repercutido nacionalmente. “Pedimos Pelo amor de Deus que esse caso seja revisto com a direção do hospital, isso é um crime e uma falta de respeito com os profissionais”, suplica.