Anúncio foi feito por Casagrande após debate nacional e ofício do Conselho de Secretários de Saúde ao governo federal
O documento, enviado nessa segunda-feira (13), pede a priorização do reforço da imunização de idosos no programa de vacinação contra a Covid-19 e a aplicação da terceira dose em pessoas acima de 60 anos, adiando o início da vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos. No Espírito Santo, o início da aplicação para esse público havia sido anunciado para esta quarta-feira (15).
O Conass defende a inclusão dos adolescentes sem comorbidade apenas após a aplicação da terceira dose nos idosos. Para o conselho, deve ser priorizada de imediato a dose de reforço em todos os idosos com 60 ou mais, principalmente no caso dos residentes em Instituições de Longa Permanência (ILPI’s), ou com comprometimento da resposta imune.
De acordo com o documento, a orientação é dada “tendo em vista as recentes dificuldades observadas em diversas unidades da federação de disponibilidade da vacina Astrazeneca para a realização da segunda dose, bem como a persistência da notificação de casos graves na população já vacinada com 60 anos ou mais, e considerando ainda as recomendações já elencadas pela Câmara Técnica Assessora de Imunizações”, destaca.
Outro ponto destacado pelo conselho é a aplicação de imunizantes diferentes entre a primeira e a segunda dose. Em casos de indisponibilidade da vacina utilizada na primeira aplicação, o Conasss defende que seja autorizado, imediatamente, que as unidades federadas adotem o esquema heterólogo.
O secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, comentou nas redes sociais. “A prioridade, como estratégia de curto prazo, deve ser mitigar o persistente impacto da pandemia nas populações que mais evoluem a internação e a óbito, os idosos. Em paralelo deve-se avaliar a conveniência/necessidade do reforço em adultos com 40-59 anos”, disse.
Sobre a aplicação de imunizantes diferentes na D1 e D2, Nésio afirmou que, de acordo com a disponibilidade de vacinas, a estratégia de controle deve avançar nos adolescentes e na garantia da D2 à toda população. “Neste sentido, sabendo que o esquema heterólogo é seguro e eficaz, não há razão sanitária para não ser autorizada na falta do homólogo para D2”, acrescentou.
Situação no ES
No Espírito Santo, o início da imunização dos adolescentes entre 12 e 17 anos estava previsto para essa quarta-feira (15), após anúncio do secretário Nésio. Algumas cidades, no entanto, anunciaram ou até mesmo iniciaram a aplicação dos imunizantes em pessoas com idade entre 12 e 17 anos.
É o caso do município de Aracruz, norte do Estado, que começou a vacinar o público nesta terça (14). A aplicação em adolescentes foi realizada das 7h às 16h, em todas as unidades de Saúde do município, sem agendamento prévio.
Na Serra, a prefeitura também havia anunciado o início da aplicação das vacinas no público. A abertura do agendamento aconteceria nessa segunda-feira (13), mas o município publicou um comunicado adiando a disponibilização das vagas.
A prefeitura informou que a resolução da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), responsável por definir os critérios da vacinação dos adolescentes, estava prevista para ser publicada pelo Governo do Estado ainda na segunda, o que não tinha ocorrido até às 18 horas. “A Saúde da Serra enfatiza ainda que, assim que a resolução for publicada, abrirá o agendamento contemplando os adolescentes”, diz o documento.
Em relação à terceira dose, o Estado já iniciou a imunização para o público acima de 70 anos e imunossuprimidos.
Prioridade
A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, já defendia a priorização dos idosos antes mesmo da divulgação do ofício do Conass.
“Questão de prioridade: antes de vacinar adolescente, é importante garantir a segunda dose dos adultos, pois esses tem mais probabilidade de adoecimento. Se os municípios culminam que fazer uma escolha: escolham completar o esquema vacinal mesmo com vacinas diferentes (AZ + Pzifer)”, disse Ethel em publicação na última sexta-feira (10).
Na ocasião, a epidemiologista também defendeu orientações mais corretas do Ministério da Saúde sobre a aplicação de vacinas diferentes na primeira e segunda dose. De acordo com ela, as informações divulgadas sobre o assunto são vagas e os municípios não estão aplicando o sistema heterólogo.
Na noite dessa segunda-feira (13), Ethel destacou a falta de organização por parte do governo federal. “É pouquíssimo termos apenas 35% da população com esquema vacinal completo. Sem atingir 70% de vacinados em 2021 e ainda precisando vacinar com terceira dose um grupo grande, a vacinação segue lenta, desorganizada e longe da meta. Não está fácil ser otimista no Brasil”, criticou.