Na manhã desta terça-feira (31), os pacientes que buscaram atendimento de ortopedia no Hospital Infantil de Vila Velha (Himaba) foram surpreendidos pela paralisação dos médicos que integram a cooperativa de ortopedia.
“A informação que temos é de que a cooperativa não teria recebido o pagamento; por isso, interrompeu os serviços na unidade. A paralisação começou às 7h e não há prazo para o retorno dos trabalhos”, explica o diretor de Comunicação do Sindsaúde-ES, Valdecir Nascimento, que completa: “desde a entrega do Hospital Infantil de Vila Velha para a organização social Instituto de Gestão e Humanização, feita pelo governo Paulo Hartung, a população tem sido prejudicada e enfrentado problemas graves como este”.
Segundo Valdecir, com a paralisação dos ortopedistas do Himaba, as crianças que chegam ao Pronto-Socorro da unidade e necessitam de avaliação da especialidade estão sendo encaminhadas ao Hospital Infantil de Vitória, o que causa uma série de transtornos para as famílias dos pacientes infantis.
“Em contato com o advogado da Cooperativa dos Ortopedistas, ficamos sabendo que eles estão sem contrato desde janeiro deste ano. Os pagamentos de um mês ocorrem quando três já estão vencidos, por isso, eles decidiram fazer a paralisação por tempo indeterminado. Se uma criança quebrar o braço e vier pro Himaba, será encaminhada para o Infantil de Vitória. Estamos enviando comunicados para diversas entidades, Secretaria de Estado da Saúde e Ministério Público, para que uma solução seja tomada. O governo do Estado é corresponsável nesse calote”, explicou Valdecir.
Série de denúncias
Em 17 de maio deste ano, um relatório com dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ao qual Século Diário teve acesso chocou os capixabas. O documento indicou que, no período de seis de outubro até 22 de dezembro de 2017, quase 30 recém-nascidos morreram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Himaba.
De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, indicado por próprios trabalhadores da unidade no relatório, boa parte por infecção generalizada. Passado pouco mais de um mês, a situação no hospital não mudou e o pior: com o inverno, a preocupação é de que as mortes aumentem ainda mais.
Além disso, outras denúncias estão vieram à tona. Informações repassadas por fonte com trânsito dentro do hospital indicam que o IGH, Organização Social da Bahia contratada pelo governo do Espírito Santo para administrar a unidade desde setembro do ano passado, não tem quitado dívida com fornecedores, sucateado o corpo clínico, além de ter repasses retidos por apresentar relatórios de prestação de contas inconsistentes. Por meio de carta, a fonte relata que o cenário de caos não cessou:
“O Himaba sempre foi referência no tratamento Neonatal; contudo, agora, a Organização Social IGH que administra o hospital está com problemas sérios. A instituição sucateou o corpo clínico do hospital, banalizou seu serviço de hospitalidade, e tem dado problemas a seus fornecedores de materiais hospitalares. Hoje a organização já deve muito vários fornecedores, que, não aguentando mais as falsas promessas de pagamento, têm protestado sucessivamente a instituição. Uma vergonha muito grande para o governo de Paulo Hartung, que levantou de início a bandeira da honestidade e do pagamento em dia de seus funcionários e fornecedores”, relatou.
E continua: “Fontes internas do hospital nos informaram que o IGH está sem receber da Sesa por conta de irregularidades e de prestações de contas malfeitas e sem metodologia científica comprovada. Por isso, a Secretaria tem glosado suas contas, o que tem ocasionado o colapso dos serviços no hospital e um grande número de mortes de recém-nascidos. Partindo do princípio que o hospital é do Estado, é o governo do Estado quem contrata a organização social; então, o secretário de Estado [Ricardo de Oliveira] é o seu responsável solidário. Uma vergonha! Nosso governador poderia passar sem essa. Os profissionais da saúde estão de luto”.