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Covid deve ser a principal causa isolada de morte no ES em 2020

Secretaria de Saúde alertou, nesta segunda, para prevalência latente longa em municípios de menor interação social

A Covid-19 deve fechar o ano de 2020 como a principal causa isolada de morte no Espírito Santo. A estimativa baseia-se no fato de que o Estado já confirmou 2.040 vítimas fatais da doença até o momento e que, em 2019, foram registrados pouco mais de 24 mil óbitos, considerando todas as causas. 

“Aqueles que duvidavam da letalidade da pandemia, da sua violência, da capacidade dela de gerar um grande distúrbio social, um grande prejuízo às famílias, precisam nesse momento fazer uma reflexão profunda”, declarou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva na tarde desta segunda-feira (13), em companhia do subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin. 


“A pandemia de fato se instalou no mundo, em todos os continentes, e tem uma presença consolidada no Espírito Santo. Por termos sido um dos primeiros estados a identificar casos no Brasil, vivemos fases mais avançadas da doença em momentos anteriores a outras regiões”, contextualizou, voltando a destacar que “vivemos o início da fase de recuperação na Grande Vitória, ainda com uma prevalência alta, com risco alto, que deverá se manter assim por algumas semanas”.

Inquérito sorológico

Reforçando que um novo inquérito sorológico será feito em julho – possivelmente na próxima semana, reunindo os treze maiores municípios do Estado, com capacidade de projeção estatística de todas as microrregiões – Nésio e Reblin falaram sobre o anúncio, nos próximos dias, dos resultados do primeiro inquérito feito em quatro etapas durante os meses de maio e junho.

Até o momento, disse Nésio Fernandes, chamou atenção a situação de alguns municípios do interior devido à baixíssima prevalência, como Governador Lindenberg, onde menos de 2% de sua população já teve contato com o vírus. Os dados ainda estão sendo confirmados e, caso se mantenham assim, mostram que há uma margem de crescimento muito grande ainda a ser alcançada, até 10%, 15% ou 20% da população, indicando ainda um crescimento significativo da pandemia a ser vivenciado nesses municípios.

“É possível que em municípios do interior teremos que conviver com uma prevalência latente longa. Essa prevalência é equivalente ao grau de interação social que existe nessas localidades”, explicou o secretário, destacando o transporte coletivo e as atividades comerciais como os principais indutores desse comportamento. “Cidades com maior interação urbana devem chegar à estabilidade mais rápido que as cidades menores. As três semanas de atraso no interior refletem o conjunto do interior, mas não a característica de cada município”, disse.

“O inquérito sorológico nos permite modular a liberação de atividades comerciais e de serviços. Se liberar em municípios com prevalência de 2%, haveria uma explosão de casos, com elevado número de graves e óbitos”, alerta Reblin. “O retorno à fase da doença de transmissão local é importantíssimo para que a gente monitore a situação dos municípios, sabendo identificar quem transmitiu pra quem. Quando estivermos novamente nessa fase, teremos muito mais segurança”, salientou. 
Melhores indicadores hospitalares

O secretário também mencionou ter havido redução do indicador de óbito hospitalar em algumas hospitais, como o Jayme Santos Neves e o Dório Silva, que alcançaram “uma curva de aprendizagem importante no manejo da doença”, fenômeno observado em outras partes do país, “na medida em que cresce a habilidade no manejo dos pacientes críticos e a consolidação de alguns tratamentos que repercutem na melhora do desfecho, como o uso de corticoides nas unidades de terapia intensiva”.

Já a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que havia reduzido para em torno de 80% nos últimos dias, hoje vai sofrer novo acréscimo, anunciaram os dois gestores da Sesa. “A Covid ainda permanece por um bom tempo entre nós, ainda vai exigir por todos nós muita paciência, muita firmeza. Ela não pode ser banalizada (…) para não levar a um relaxamento dos cuidados entre nós. Não é um momento normal, natural. É preciso permanecer em casa, utilizar a máscara quando sair, higienizar as mãos, manter distância. É necessário repetir. Precisamos fixar essas ações entre nós”, pediu Reblin.

Nésio Fernandes mencionou ainda a produção, pela Sesa, de gráficos comparando as curvas de número de casos novos e acumulados, de óbitos novos e acumulados, e da taxa de letalidade do Espírito Santo com os estados do Amazonas, Ceará, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. “O desenho da curva no Espírito Santo demonstra a homogeneidade do enfrentamento, capacidade de tomar conjunto grande de medidas, de testagem, de investigação, ao ponto que nós não tivemos na curva de casos nenhuma formação de colina, um crescimento abrupto de casos ou de óbitos. É uma linha que vai ser formando de maneira organizada, baixa, dentro da capacidade assistencial”, explanou. 

Vírus no esgoto
O subsecretário Reblin destacou o início da realização de um estudo, em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que irá monitorar a presença do novo coronavírus no esgoto. Como já desenvolvido em outros lugares no Brasil e em outros países, trata-se de um estudo que permite calcular a taxa de infectados em determinada região a partir da detecção do vírus nos efluentes. O trabalho está na fase de coleta e análise de dados.

Escolas

Sobre o retorno às aulas presenciais, Nésio e Reblin afirmaram que só se dará no momento em que houver uma queda consolidada de casos, de pacientes graves e de óbitos e o retorno à etapa de transmissão local. “Se isso acontecer em agosto, será em agosto. Se acontecer em setembro, será em setembro. Se não acontecer em agosto nem em setembro, será em outubro. Nós não vamos submeter nossas crianças, jovens e trabalhadores a uma situação de risco”, garantiu Nésio Fernandes.

Painel Covid-19

O Painel Covid-19 desta segunda-feira (13) confirmou 1.008 casos e 30 óbitos pela doença nas últimas 24 horas, totalizando, respectivamente, 63.881 e 2.040. Também foram confirmados, até o momento, 42.586 pessoas curadas, 55.564 suspeitos descartados, 25.289 casos em investigação e 194.170 notificações. Já foram realizados 135.960 testes no Estado.

A letalidade média estadual está em 3,19% e a taxa de ocupação de leitos de UTI subiu para 84,03%.

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