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Cresce número de óbitos no trabalho e acidentes notificados batem recorde

Breno Nascimento, presidente do Grupo Innovar e da Acesst, lamenta a situação e alerta para medidas de prevenção 

Mais de 612 mil acidentes de trabalho foram registrados em 2022 no Brasil e 2,5 mil óbitos de trabalhadores com carteira assinada, um aumento de 7% em relação ao ano anterior. As informações se baseiam em comunicações de acidentes de trabalho (CAT) ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).Dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, desenvolvido no âmbito da Iniciativa SmartLab de Trabalho Decente, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil, apontam ainda que, em mais de uma década, de 2012 a 2022, foram comunicados 6,7 milhões acidentes de trabalho e 25,5 mil mortes no emprego com carteira assinada.

No mesmo período, ocorreram 2,3 milhões de afastamentos pelo INSS em razão de doenças e acidentes de trabalho, e o gasto com benefícios previdenciários acidentários, em valores nominais, já chega a R$ 136 bilhões. O valor inclui ocorrências como auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios-acidente relacionados ao trabalho.

O presidente do Grupo Innovar Consultoria em Medicina e Segurança do Trabalho e da Associação Capixaba das Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (Acesst), acrescenta que a incidência de acidentes de trabalho no emprego formal no ano passado chegou a 171 casos a cada 10 mil empregos (pessoas expostas ao risco, em média), o que acompanha os mesmos patamares de 2021, se considerados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para empregados com carteira de trabalho assinada.

“Com todos os recursos, legislação e profissionais dedicados a prevenção que temos, nos deparar com esses números é muito triste”, lamenta.

Divulgação

De acidentes a transtornos mentais

Em 2022, foram concedidos 149 mil benefícios previdenciários decorrentes de doenças ou acidentes de trabalho no emprego formal. Repetindo o padrão de anos anteriores, os afastamentos acidentários mais frequentes envolvem lesões graves, como fraturas, amputações, ferimentos, traumatismos e luxações (91 mil notificações). Quanto aos transtornos mentais e comportamentais, o número de afastamentos foi de 9 mil, um aumento de 2% em relação ao ano anterior.

Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e à ansiedade, que custam à economia global quase um trilhão de dólares.

“É urgente que se faça a gestão dos riscos psicossociais laborais e promover a saúde mental no e pelo trabalho, pois, além de um direito fundamental, ambientes de trabalho seguros e saudáveis minimizam a tensão e os conflitos e melhoram a fidelização do quadro de pessoal e o rendimento e a produtividade do trabalho”, afirma Breno Nascimento.

“O total de auxílios-doença concedidos por depressão, ansiedade, estresse e outros transtornos mentais e comportamentais (acidentários e não-acidentários) cresceram novamente em 2022, com mais de 200 mil novas concessões, um aumento de 3% em relação ao ano anterior. Isso diz muito sobre o impacto da pandemia no mundo do trabalho, quando as pessoas adoeceram também em home office”, ressalta.

Para ele, “além do triste passivo humano e dos dramas familiares associados, esses acidentes e doenças produzem de um lado enormes despesas para o sistema de saúde e para a Previdência Social, e de outro lado, gigantesco impacto negativo, financeiro e de produtividade, para o setor privado e para a economia em geral”.

O presidente da Acesst faz outro alerta: “Meio bilhão de dias de trabalho foram perdidos com as ocorrências no setor formal desde 2012 e, de acordo com a OIT, a perda média para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, a cada ano, é de 4%. No caso específico do Brasil, essa porcentagem equivale a aproximadamente R$ 400 bilhões anualmente, se levarmos em consideração o PIB do País em 2022, que foi de R$ 9,9 trilhões. Em números acumulados, o prejuízo econômico pode chegar a R$ 4 trilhões de reais, metade do PIB anual do Brasil em dados de hoje”.

Saúde e segurança

A preocupante situação chama atenção para a importância dos serviços de saúde e segurança do trabalho. Breno Nascimento ressalta que, “ao adotar uma abordagem proativa para identificar riscos e implementar medidas preventivas, esses serviços podem contribuir para um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, aumentando a produtividade e o bem-estar dos funcionários”.

Confira as medidas:

 – Identificação e avaliação de riscos – avaliações detalhadas dos locais de trabalho para identificar riscos potenciais para a saúde e segurança dos funcionários. Isso inclui a análise de processos de trabalho, máquinas, equipamentos, produtos químicos e outros fatores que podem causar danos.

– Implementação de medidas preventivas – com base nas avaliações de risco, os serviços de saúde e segurança no trabalho desenvolvem e implementam medidas preventivas adequadas. Isso pode incluir a instalação de proteções em máquinas, treinamento de funcionários em práticas seguras, fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) e estabelecimento de procedimentos seguros de trabalho.

-Treinamento e conscientização – os serviços oferecem treinamento regular para os funcionários, a fim de aumentar sua conscientização sobre os riscos ocupacionais e como preveni-los. Funcionários bem-informados têm mais chances de evitar acidentes e lesões no trabalho.

– Gestão de acidentes e doenças – em caso de ocorrência de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho, os serviços de saúde e segurança são responsáveis por garantir uma resposta adequada e o tratamento oportuno para os afetados. Isso pode incluir primeiros socorros, encaminhamentos para atendimento médico e investigações de acidentes para evitar recorrências.

– Promoção da saúde – além de prevenir acidentes, esses serviços também podem se concentrar na promoção geral da saúde dos trabalhadores. Isso envolve incentivar práticas saudáveis, oferecer programas de bem-estar, cuidados preventivos e outras iniciativas que melhorem o bem-estar físico e emocional dos funcionários.

– Monitoramento e avaliação contínua – monitoramento contínuo das condições de trabalho e do impacto das medidas de segurança implementadas. Isso permite ajustes e melhorias constantes para garantir a eficácia das ações preventivas.

– Cumprimento das regulamentações – garantem que a empresa esteja em conformidade com todas as regulamentações de saúde e segurança aplicáveis, evitando multas e sanções legais.

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