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Dado de Aids em adultos no Estado em 2022 foi o maior dos últimos 10 anos

Também ocorreram 235 óbitos em decorrência da doença, segundo maior índice da última década
O Espírito Santo registrou 1,4 mil casos de Aids em adultos em 2022. O número é o maior dos últimos 10 anos. Os dados são da Coordenação Estadual IST/Aids e Hepatites Virais, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que mostram, ainda, 235 óbitos em decorrência da doença no mesmo período, tratando-se, junto com 2013, do segundo maior índice da última década. O maior foi em 2014, com 256 mortes. A situação, denuncia o conselheiro estadual de saúde, Sidney Parreiras, encontra justificativa principalmente na precariedade dos serviços.

Sidney afirma que os serviços não estão dando conta de atender a demanda de usuários por falta de profissionais, como médicos infectologistas, enfermeiros e assistentes sociais. De acordo com ele, é preciso que os municípios abram concurso público e garantam valorização salarial. Em Vitória,  Sidney relata que já aconteceu de infectologistas aprovados em concurso serem convocados, mas não assumirem a função devido aos baixos salários.
Diante disso, um dos problemas enfrentados pelos usuários é a falta de acesso às consultas. “A pessoa tenta marcar, não consegue, mandam voltar no mês seguinte. Retorna e novamente não consegue consulta”, diz Sidney. Essa situação, somada a outras, como a dificuldade de deslocamento para os equipamentos, o que na Capital capixaba se torna mais difícil diante da não aplicação da Lei 8.144/2011, que garante gratuidade no transporte público para munícipes que vivem com HIV/Aids, faz com que muitos abandonem o tratamento.
Sidney destaca, ainda, a pandemia do coronavírus, que impôs o isolamento social, fazendo com que, nos anos de 2020 e 2021, as pessoas não buscassem os serviços, contribuindo para o grande índice de casos de HIV/Aids em 2022.

Ele defende, além da contratação de profissionais e valorização salarial, estruturação dos serviços; divulgação de formas de prevenção, como a Profilaxia Pré-Exposição de risco à infecção pelo HIV (Prep) e a Profilaxia Pós-Exposição (Pep); e formação para os trabalhadores que atuam nos equipamentos de saúde. “Se você chegar em uma unidade de saúde e perguntar como acessar a Prep, a pessoa vai virar para você e dizer ‘o que é isso?'”, destaca.

Os dados mostram que o menor índice dos últimos 10 anos foi em 2013, com 702 casos de Aids em adultos. Este ano, o Espírito Santo já registrou 625 casos. O conselheiro aponta que a realidade de precarização dos serviços não é somente no Espírito Santo. A apenas um pouco mais de seis anos para chegar a 2030, ano estipulado pelo Ministério da Saúde para que 100% dos diagnosticados tenham acesso ao tratamento e fiquem com a carga viral indetectável, impedindo a transmissão do HIV, Sidney acredita que a meta não será cumprida. 

Mais números
Em 2022, foram registrados 58 casos de gestantes com HIV, o terceiro menor índice da última década, perdendo somente para 2014, com 49, e 2018, com 52. As crianças expostas ao HIV, ou seja, filhas de mães infectadas ou que foram amamentadas por mulheres com o vírus, mas ainda não foi possível detectar a infecção, totalizaram 57 em 2022, o segundo menor índice dos últimos 10 anos, estando acima somente dos anos de 2014 e 2018, que registraram 47 casos.

O maior índice de crianças expostas ao HIV foi em 2017, quando aconteceram 113 ocorrências no Espírito Santo. O número de crianças com Aids no ano passado foi sete, atrás somente do ano de 2017, com oito casos. Em 2018 foram registradas seis crianças com a doença, já nos anos de 2014 e 2020, o total foi de cinco. Em 2013 e 2015, as crianças com Aids totalizaram quatro, em 2016, e 2021, três. O menor índice foi dois, em 2019.

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