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Descentralização da Saúde Indígena em Aracruz será levada ao governo federal

Após se reunir com lideranças locais, senador Contarato tentará diálogo com o Ministério da Saúde

A discussão sobre o desmembramento do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Governador Valadares (MG) para a instalação de uma sede capixaba pode ganhar a esfera federal. Esta semana, o vereador de Aracruz (norte do Estado), Vilson Jaguareté (PT), se reuniu com o senador Fabiano Contarato (Rede), para apresentar o projeto e os problemas da Saúde Indígena no Espírito Santo.

Contarato afirmou que tentará um diálogo com o Ministério da Saúde para resolver a situação. “Como um aliado na defesa dos direitos humanos e da preservação do meio ambiente, nosso mandato está a serviço da população para cuidar dos reais interesses dos brasileiros, e, também, dos direitos dos indígenas que têm, sim, de serem preservados”, declara.

Durante a reunião, Jaguareté apresentou a necessidade de criação de um DSEI e uma Coordenação Regional da Funai no Estado. “Essa reestruturação é apontada como essencial para melhorias no atendimento dos órgãos federais à comunidade indígena de Aracruz”, explicou.

O encontro com Contarato foi realizado após uma visita feita por Jaguareté às unidades de saúde e ao Polo Base de Saúde Indígena de Aracruz. Segundo o vereador, o cenário encontrado era precário.

“Em algumas unidades faltam insumos, remédios e equipamentos. Os mobiliários estão velhos e sucateados. Quando falamos de infraestrutura, verificamos a situação crítica de algumas unidades, e as que se encontram em melhor estado, é resultado de muita luta e esforço das lideranças e das comunidades que se empenharam em realizar, com recursos próprios, as melhorias necessárias”, afirmou.

Uma das unidades de saúde visitadas pelo vereador fica na aldeia Boa Esperança e atende os povos Guarani. Por lá, o cenário não é diferente. “É extremamente preocupante. Se a Vigilância Sanitária for até lá fazer fiscalização, pode até ter um problema. Tem muita infiltração, telhado muito precário. Está completamente inadequado para a realidade de hoje”, aponta.

Para tentar levantar soluções para o problema, Jaguareté também pretende debater o assunto em nível municipal e estadual, levando o prefeito de Aracruz, Dr. Coutinho (Cidadania), às unidades de saúde, e com tentativa de marcar uma agenda com o governador Renato Casagrande (PSB). A ideia é tentar conseguir o apoio das gestões para reformas nas estruturas das unidades.

“É lamentável que, em plena pandemia, o trabalhador da saúde indígena e a própria comunidade tenham que lidar com tamanha dificuldade. As unidades não têm condição nem de fazer o atendimento separado de pacientes com Covid-19”, critica o vereador.

Reivindicações

O desmembramento do DSEI de Governador Valadares é uma pauta levantada também por profissionais que atuam na Saúde Indígena de Aracruz. No início de julho, a médica Alda Regina Gomes ressaltou, em reunião na Assembleia Legislativa, a necessidade de descentralização.

Na ocasião, ela também denunciou a situação precária das unidades de saúde indígena, citando problemas que vão desde falta de insumo à escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s).

“Não há condições de trabalho. O DSEI mal manda para gente uma pia. Tem que comprar uma torneira, como eu já comprei. A própria dentista, ela que faz toda a manutenção estrutural do consultório, com o dinheiro dela”, destaca.

Na última semana, um lote de máscaras encaminhado pelo Distrito Sanitário aos profissionais que atuam nas aldeias estava vencido desde 2004. “As máscaras não tinham condições nenhuma da gente trabalhar. Um material de péssima qualidade e pior ainda: vencida”, afirmou na ocasião Bruno Joaquim Siqueira, Tupinikim e técnico de enfermagem na aldeia Irajá.

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