O paciente tem comorbidades e está entubado há quatro dias no Hospital Jayme. Filho teme que transferência acarrete risco de morte
O professor Lucas Henrique Salles Barreiro furou o pneu da ambulância do hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra, na tarde desta quinta-feira (18), para evitar que o pai, o cinegrafista Manoel Guedes Barreiro, fosse transferido para o Hospital Evangélico, em Vila Velha. Lucas acredita que a transferência pode ser prejudicial para o pai, infectado pela Covid-19, podendo acarretar, inclusive, em risco de morte.
Segundo Lucas, o pai está há quatro dias entubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado grave. O filho afirma que a família foi comunicada da transferência no início da tarde desta quinta. Entretanto, reclama, o hospital não apresentou argumentos para essa decisão. Lucas relata que, ao questionar médicos e assistentes sociais, foi informado apenas que tratava-se de uma determinação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
Ele argumenta, ainda, que uma médica amiga da família aconselhou a tentar impedir a transferência, pois o paciente irá para outro hospital, que segundo ela, é um ambiente com outras bactérias.
A Polícia Militar foi acionada pelo fato de Lucas ter furado o pneu, mas o professor não foi detido. “A PM viu meu desespero, entendeu, e falou que eu teria que arcar com o furo. Eu pago, não tem problema, queria somente que meu pai ficasse aqui”, apela Lucas, abalado com a situação. Apesar de o professor ter furado o pneu, Lucas afirma que o hospital não desistiu da transferência.
‘Giro de leitos’
A direção do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves afirmou, em nota, que o paciente Manoel Guedes Barreiro “tem recebido toda a assistência necessária desde que deu entrada na unidade e que seu quadro clínico evoluiu favoravelmente estável”, sendo decidida a transferência para continuar o tratamento em leito de retaguarda e liberar o de internação de pacientes graves, já que o Hospital Jayme é a maior unidade pública do Estado para atendimento a pacientes graves/potencialmente graves de casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus.
O hospital afirma, ainda, que as transferências de pacientes ocorrem de acordo com a necessidade de giro de leitos, devido à ocupação do hospital, e do atendimento a pacientes graves. A unidade tem como premissa, segundo a nota, o quadro clínico estável do paciente, com condições favoráveis para transferência. A direção também informa que no momento da internação do paciente, a família assinou um termo de ciência de que as transferências entre hospitais podem acontecer, o que, de acordo com o hospital, é garantido na Portaria Nº 077-R de 30 de abril, de acordo com a disponibilidade de vagas.
O hospital destaca que “todas as transferências seguem os protocolos de segurança nas ambulâncias, recomendados pelo Ministério da Saúde, com adoção de parâmetros mais rígidos para os profissionais, além da ampliação de desinfecção das unidades móveis”.