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Liberação do uso de máscaras destoa de orientações da OMS, alerta Ethel Maciel

Medida oficializada no Estado contrapõe cautela pedida pela entidade, que prevê três cenários possíveis em 2022

A desobrigação do uso da máscara facial como medida de proteção à contaminação por Covid-19, oficializada nessa quarta-feira (6) pelo governo do Espírito Santo, destoa das recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há uma semana, com base nos três cenários mais prováveis de evolução da pandemia em 2022. 

O alerta é feito nesta quinta-feira (7), Dia Mundial da Saúde, pela professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutora em Epidemiologia Ethel Maciel. Tomada às vésperas do início do carnaval, a medida governamental representa, no mínimo, um erro de comunicação com a sociedade, afirma a cientista, que é uma das referências nacionais em análise e orientações sobre a crise sanitária ainda em curso no mundo. 

“É preocupante que governos ajam de forma independente em um evento que é global. Não dá pra dizer que a partir de agora a gente vai considerar uma doença comum, porque não depende de nós. Melhoramos, sim, os indicadores, como já melhoramos outras vezes. Mas desobrigar o uso da máscara agora passa uma sensação de controle sobre algo que não temos ainda o controle. Shangai está neste momento impondo restrições severas, um lockdown para 25 milhões de pessoas, talvez o mais severo desde o início da pandemia”, contextualiza a epidemiologista. 

A desobrigação decidida pelo governo do Estado foi, em cascata, seguida pela maioria das instituições que fazem a gestão das principais atividades sociais e econômicas do Estado, como federações e sindicatos ligados ao comércio e à educação, tendo a Universidade Federal do Estado (Ufes) como uma das poucas exceções, mantendo a obrigatoriedade do uso da máscara e do passaporte vacinal em suas dependências, seja para estudantes, professores, servidores ou visitantes. 

Desconforto social

A medida, alerta Ethel Maciel, pode desestimular as pessoas que preferem manter o seu uso, até que a pandemia esteja de fato mais controlada. “Corre o risco dessas pessoas passarem a se sentir desconfortáveis, e, por isso, acabarem retirando a máscara em ambientes coletivos, colocando a si próprias em risco ou a familiares vulneráveis à Covid com quem convivem”. 

Para a especialista, “mesmo que tenhamos agora o uso facultativo, não obrigatório, é importante orientar as pessoas que devem permanecer de máscara”, afirma, ressaltando os idosos, as pessoas que fazem hemodiálise ou tratamento contra o câncer, que tomam medicamentos controlados, que sejam imunossuprimidos ou estejam gestantes, e que convivam com pessoas nessas condições. “Ninguém usa máscara porque gosta. Usa porque é necessário”, acentua. 

Três cenários globais

Ethel Maciel ressalta uma publicação divulgada pela OMS no último dia 30 de março, em que a entidade se dirige aos governos para afirmar que não é possível ter certeza do que vai acontecer ao longo deste ano. 

“A OMS entende que a Covid, como emergência de saúde pública, pode acabar em 2022. E projeta três cenários possíveis para este ano”, relata. O mais provável é o que estamos vivendo agora, destaca: “o vírus vai evoluir, mas não vamos mais ter variantes de preocupação. Vamos precisar de doses de reforço da vacina, ainda não sabemos se semestrais ou anuais, mas não teríamos doenças mais graves”. 

O cenário mais otimista é semelhante, porém sem a necessidade de mais doses de reforço. Já o cenário pior é o que apresenta novas variantes de preocupação com escape vacinal, sendo necessário produzir novas vacinas e obrigando a uma revacinação de toda a população já imunizada para as variantes em curso até agora. 

Diante das possibilidades, “a OMS orienta os governos a manterem a cautela para que possamos controlar de fato a pandemia”, resume a pesquisadora, lembrando que, no Brasil, os medicamentos que tratam a Covid foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda precisam ser incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a vacinação ainda está muito desigual no mundo. 

Em sua conta no Twitter, a cientista apontou ainda o oportunismo político da decisão. “A pandemia não acabou (…) Mas como o povo está cansado, os políticos resolveram que basta. É ruim fazer campanha com restrições. E o melhor é tirar a pandemia da pauta. Mudar a narrativa. Mas nós nos lembraremos!”.


Uso de máscaras e passaporte vacinal ficam desobrigados em todo o Estado

Em gesto simbólico, Reblin, Nésio e Casagrande retiraram suas máscaras ao anunciarem mudanças na gestão da pandemia


https://www.seculodiario.com.br/saude/uso-de-mascaras-e-passaporte-vacinal-ficam-desobrigados-em-todo-o-es

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