No início do mês, a entidade recebeu denúncia de um surto no Detran de Vitória, onde cinco servidores haviam testado positivo e outros aguardavam resultados dos testes. Considerando o total de 30 pessoas do setor mais afetado, a Diretoria Administrativa Financeira e Recursos Humanos (DAFRH), o percentual de contaminação/suspeitos é muito alto, ressaltou o sindicato. Diante do caso, o Sindipúblicos/ES voltou a acionar a diretoria do Detran e o Ministério Público do Trabalho (MPT/ES), exigindo medidas de prevenção mais eficazes.
“Acompanhamos, desde o início da pandemia, todos os órgãos estaduais, RTV/ES, Instituto Jones dos Santos Neves, Iases [Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo], Idaf [Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal], todos …mas o Detran sempre foi o que mais desrespeitou as regras: revezamento não foi feito direito, muitos servidores de grupo de risco não ficaram em teletrabalho”, denuncia Tadeu Guerzet.
A falta de fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em quantidade suficiente é uma falha que perdura durante todo o tempo de pandemia, lamenta o líder sindical. “Máscara, álcool … o tempo inteiro a gente tinha que cobrar a direção do órgão, o Ministério Público, a Justiça do Trabalho. Tive que ir ao Detran várias vezes durante a pandemia, em abril, em reuniões presenciais. Tinha que repetir as mesmas coisas. E até hoje tem servidor – que não sei se é comissionado, se é efetivo, se é DT [Designação Temporária] – andando pelos corredores sem máscara”, aponta, ressaltando o enorme contingente de DTs e comissionados, talvez um dos mais altos do Estado, ao lado da Educação. “O Estado está infestado de DT e comissionado. É uma farra. Tem Ciretran no Estado inteiro, todo município tem. São vinte funcionários em média, mas tem vários em que não há nenhum efetivo, ou no máximo um”, relata.
Grupos de risco
E, tão ou mais grave, é a resistência em manter em teletrabalho os servidores de grupo de risco. Diante da cobrança constante do Sindicato, conta Tadeu, os gestores do Detran costumavam alegar que os servidores não sabiam fazer o serviço de casa, por isso continuavam no trabalho presencial. “Se ele não sabe, se tem dificuldade com tecnologia, por isso tem que arriscar a própria vida? Tem mais de 60 anos, quase aposentando, deixa em casa!”, orienta.
“É fácil pra essa gente colocar servidor para trabalhar presencial, pegar Transcol. Quem fica em risco é o servidor, que está na ponta. É uma mentalidade muito atrasada!”, repudia. “O delegado sindical do Sindipublicos de Colatina morreu de Covid-19. Era obeso, tinha em torno de 60 anos e ia trabalhar no presencial”, diz, consternado.
Se com os gestores do órgão o diálogo com a categoria foi pouco efetivo, com os secretários de Estado ele sequer existiu, afirma o presidente do Sindipúblico/ES. “A Lenise [Loureiro, secretária de Estado de Gestão e Recursos Humanos – Seger] não me recebeu nenhuma vez desde o início dessa gestão do [governador Renato] Casagrande. Nem durante a pandemia, nenhuma vez. Nem a vice-governadora [Jaqueline Moraes]”, critica.
Rejeição que não tem qualquer fundamento ético ou político, explana. “O Sindipúblicos não é de fazer oposição, é independente. É normal, no movimento sindical, ter entidades alinhadas com determinados partidos, não é o nosso caso, somos independentes. A gente ‘bateu’ no Paulo Hartung, ‘bate’ no Casagrande, e se entrar João Coser [PT], André Moreira [Psol]…e pisarem na bola com o servidor, a gente vai ‘bater’ também”, afirma..