Fala de Jefferson Guisso contradiz ofício anterior enviado à Câmara sobre hospital Menino Jesus
“Quero agradecer ao executivo municipal, que tem se empenhado em honrar com os compromissos de pagamento. Vamos para o quinto ou sexto mês com pagamento em dia até o quinto dia útil. Alguns funcionários chegaram para mim e agradeceram isso. Então, em conjunto, a gente tem que agradecer. É um trabalho de todos, um trabalho muito forte que a gente vem desempenhando no hospital”, afirmou Jefferson.
A fala do diretor contradiz um ofício assinado por ele mesmo e encaminhado à Câmara Municipal no último dia 24. O documento aponta, por meio de uma tabela, que os atrasos nos repasses seriam uma constante por parte da gestão do prefeito Doutor Antônio (PP) desde o início da contratação, em fevereiro deste ano – a média de atraso seria de 40 dias. O contrato prevê 12 parcelas mensais de cerca de R$ 2 milhões, num total de pouco mais de R$ 25 milhões.
“Nós tivemos reunião com o executivo e a Secretaria de Saúde, e foi acordado o pagamento até o quinto dia útil de todos os funcionários. Mais uma vez em dia com os fornecedores, assim como o décimo terceiro”, relatou.
Em 13 de novembro último, o Instituto Vida Salus foi notificado pela secretária municipal de Saúde, Rafaela Abdon, de um processo de investigação de supostas irregularidades no fornecimento do serviço, que poderia resultar na rescisão do contrato.
Presente na sessão da Câmara no dia 22 de novembro, a secretária informou que as irregularidades incluíam número de atendimentos de exames e da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) abaixo da meta do plano de trabalho; atraso nas compras de medicações; relatórios de prestação de contas atrasados; e problemas em questões sanitárias no setor de hemodiálise, apontados pela Vigilância Sanitária estadual.
Em sua apresentação na Câmara nessa quarta-feira, Jefferson Guisso mostrou dados que apontam para o cumprimento de todas as metas do plano de trabalho. Ele também afirmou que o ofício da Secretaria de Saúde foi respondido, assim como os questionamentos da Vigilância Sanitária, mas minimizou a ameaça de rescisão do contrato.
“Causa medo essa palavra, ‘rescisão unilateral’, mas foi uma notificação a qual já foi respondida. E volto a repetir aos senhores também, que fiscalizem, que o executivo fiscalize, porque é importante mais transparência para um atendimento de qualidade”, argumentou.
O diretor do hospital também admitiu o atraso em algumas prestações de contas, mas disse que a situação era justificável, diante do que considerou como um “cenário caótico” deixado pela administração passada, que estava sob a responsabilidade da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim.
Contrato
O contrato com o Instituto Vida Salus se encerra no próximo dia 31 de dezembro e, segundo apuração de Século Diário, os funcionários já estão cumprindo aviso prévio. Dentro da Câmara de Itapemirim, o interesse da maioria é pela renovação da contratação da entidade. Apesar disso, a tendência atual é de que a Prefeitura de Itapemirim realize um chamamento público, o que poderia deixar o hospital sem uma entidade para administrá-la por cerca de três meses.
“A forma como a secretária veio aqui falar foi para sujar a imagem do instituto. Não é momento de fazer mudança brusca. Não se mexe no que está dando certo. Nós temos, sim, conforme o diretor falou, que continuar fiscalizando, continuar pedindo os dados numéricos de cumprimento do plano de trabalho. Agora, perfeição com relação ao plano de trabalho nunca vai ter. Quando que a Santa Casa veio pra cá fazer uma prestação de contas transparente e clara?”, questionou o vereador João Bechara (PSB).
Já Bibico (Republicanos) e o presidente da Câmara, Paulinho da Graúna (a caminho do Republicanos), criticam o prefeito por ter dito em rádio e nas redes sociais que enviaria um projeto de lei para a Câmara concedendo vale-alimentação para os funcionários do hospital, desafiando os vereadores a aprovarem a matéria – Paulinho disse que a proposta poderia ser votada mesmo durante o recesso parlamentar, se ela de fato for encaminhada.
Segundo Jefferson Guisso, foi feito um abaixo-assinado por funcionários do hospital reivindicando o benefício, mas ele não comentou sobre o suposto projeto do prefeito por “não ser de sua competência”.