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‘Eles acham que estão dando esmola pra gente. É uma humilhação’

“Eles acham que estão dando esmola pra gente. Não aceito isso, porque sou cidadã, sou uma pessoa honesta, pago meus impostos”, protesta a auxiliar de serviços gerais Neuza Grego Figueiredo, acompanhante da artesã Iolenice Rocha Moraes, de 61 anos, em viagem a São Paulo para tratamento no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Eulenice realizou um implante coclear em 2012, em função de sua surdez e, desde então, precisa fazer consultas periódicas na capital paulista, serviço que é legalmente custeado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), por meio do departamento de Tratamento Fora do Domicílio (TFD).

As viagens, no entanto, são sempre conturbadas, devido ao baixo valor das diárias e à ausência de passagens de volta para Vitória. “É desesperador você ficar em São Paulo na incerteza do TFD, às vezes o valor da diária não dá nem pra comer!”, protesta Lourdilene Mozer, presidente da Associação dos Pais e Amigos dos Surdos e Outras Deficiências (Apasod), entidade que apoia as famílias com pacientes implantados.

O TFD paga apenas R$ 78,30 de diária, para cobrir gastos com hospedagem, alimentação e deslocamento e envia os pacientes e seus acompanhantes, via de regra, apenas com a passagem de ida.

Na consulta de Iolenice nessa quarta-feira (14), a passagem de volta teve que ser comprada no cartão de crédito por seu esposo no valor unitário de R$ 1, 5 mil, totalizando pouco mais de R$ 3 mil para as duas, paciente e acompanhante.

Na última vez que Neuza se viu nessa situação, ao acompanhar uma amiga implantada em São Paulo em fevereiro de 2017, a família teve que comprar do próprio bolso as passagens e recorreu à Justiça para receber o estorno, mas até agora não conseguiu, passado mais de um ano.

As súplicas para conseguir as passagens de volta, no entanto, são mais comuns. “Tem sempre que ligar. Estão fazendo com todos os pacientes, é vergonhoso. Mandar a família se virar pra comprar a passagem”, reclama. 

Lourdilene também tem vasta experiência com essa situação vexatória. “A Secretaria de Saúde sempre fala que está com a situação das famílias sob controle, que está revolvendo, mas não resolve, enrola por meses e meses. Ela é especialist em atrapalhar as coisas. Eu não confio”, relata. Muitas vezes, é acionando a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa que se consegue a passagem de volta.

“Não é atípico, como eles estão dizendo hoje. Não, é costumeiro, é repetitivo!”, clama.

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