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Elevada mortalidade acompanha o Estado durante toda a pandemia até o momento

O Espírito Santo, 14º estado em população, é o sexto em óbitos por 100 mil habitantes e quinto em casos/100 mil

A elevada mortalidade por Covid-19 acompanha o território capixaba durante toda a pandemia até o momento. Décimo quarto estado mais populoso da federação, com pouco mais de quatro milhões de habitantes, o Espírito Santo está entre os oito mais mortais, subindo ou descendo um pouco, em diferentes momentos da crise sanitária e em diferentes levantamentos.

Nesta quinta-feira (11), quando chega a 6.093 o número de vítimas, aproxima-se de 150 o número de óbitos por cada 100 mil habitantes ou 1,5 mil por cada milhão de habitantes – a sexta maior do país.


“O Espírito Santo é o 11º em número total de mortes, o sexto em óbitos por 100 mil habitantes, o quinto em casos por 100 mil habitantes, o 11º em casos totais, o 13º em óbitos totais e o 15º em letalidade”, narra Margareth Portela, pesquisadora da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), onde é professora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) e integrante do Observatório Covid-19.

Com a vacinação ainda em estágio inicial e, portanto, com a pandemia longe do fim, pelo menos pelos próximos longos meses, Margareth ressalta que, mais uma vez, a taxa atual é uma fotografia do momento, no caso, mais uma fotografia semelhante às anteriores.

A insistência em orbitar nesse triste lugar do ranking, reconhece, é preocupante e sucinta investigar sobre as possíveis razões para isso, até porque o Estado tem feito uma boa gestão da pandemia, principalmente com relação à oferta de leitos hospitalares e à testagem.

A percepção faz coro com o que o governo do Estado tem declarado, ao evidenciar números que colocam a gestão capixaba acima da média nacional, como a capacidade de testagem (hoje em quatro mil resultados/dia), a expansão robusta da rede hospitalar e a mortalidade hospitalar.

A pesquisadora do Observatório Covid-19 ressalta, no entanto, que “o Brasil tem resultados muito ruins, comparativamente com outros países, então estar melhor que a média brasileira significa alguma coisa, mas não necessariamente que está bem”.

A mortalidade hospitalar de pacientes com Covid-19, por exemplo, salienta, segundo dados das internações no Sistema Único de Saúde (SUS), foi de 55,7% nos quatro primeiros meses da pandemia, quando, na média mundial, era de 41,6%. “Hoje ainda há uma fatalidade muito grande, mas já se tem um conhecimento melhor sobre os procedimentos com os pacientes e isso reflete numa mortalidade menor”, compara.

Outro aspecto positivo que suaviza a manutenção de alta mortalidade até o momento é a tendência de queda do número de mortes por dia. “O Espírito Santo está numa tendência de melhoria desse quadro, que já esteve bem alarmante. Ficou muitas semanas com taxa alta de mortes e de ocupação de leitos de UTI com mais de 80% e até mais de 90%. Mas a tendência é de queda em ambos e isso traz um pouco de tranquilidade”

Em reportagens anteriores, especialistas ouvidos por Século Diário ressaltaram a necessidade de investir na Atenção Primária em Saúde (APS), ampliando a cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e dos agentes comunitários de saúde e melhorando os salários dos profissionais, de forma a criar atratividade e reduzir a rotatividade, favorecendo, assim, o estabelecimento de vínculos entre os profissionais e as comunidades. Isso permitiria um trabalho efetivo de saúde preventiva para evitar tamanha demanda pela saúde terciária (hospitalar) e, consequentemente, de inversão de priorização do orçamento público, pois, como bem se sabe, o cuidado permanente e preventivo com a saúde, no dia a dia, é a melhor receita para evitar doenças e salvar vidas.

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