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Enem terá que ser mantido no Espírito Santo, declara Nésio Fernandes

Mesmo contrário ao Enem agora, secretário explica que, caso o ES impeça, governo federal não fará segunda prova

Embora o Estado registre alta transmissão de Covid-19 nas últimas três semanas, com previsão de que esse quadro se mantenha nas próximas, a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece nos dias 17 e 24 de janeiro, está mantida, afirmou o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (15). A explicação para a decisão, conforme explica o secretário, está no fato de que, no caso de os estados impossibilitarem a aplicação da prova por causa da pandemia da Covid-19, não será oportunizada outra data de realização do exame para os estudantes. 

Entretanto, Nésio se mostra contrário à aplicação do Exame. “Imagine o que é realizar o Enem na capital do Amazonas?”, questiona, referindo-se ao grande índice de casos e óbitos ocorridos nesse estado, onde, inclusive, as pessoas estão morrendo por falta de oxigênio. Nésio informou também que o Conselho Nacional de Secretários de Saúde está reivindicando junto ao governo federal o adiamento do Enem. 

Entidades estudantis de todo o Brasil reivindicam o adiamento da prova. Entretanto, a juíza Marisa Claudia Gonçalvez Cucio, da 12ª Vara Cível de São Paulo, negou o pedido alegando que a pandemia da Covid-19 é diferente em cada localidade, cabendo às autoridades sanitárias locais a responsabilidade de decidir se é possível a aplicação da prova. A decisão judicial está sendo contestada pelos estudantes, que acreditam não haver segurança para realização da avaliação, podendo contrair o vírus e transmitir aos familiares. 
Quanto às aulas presenciais, embora os municípios de Cariacica, Serra, Vitória e Vila Velha tenham anunciado nessa quinta-feira (14) que não haverá retorno, Nésio não deu um posicionamento preciso quanto ao assunto, declarando que a discussão está sendo feita em um comitê constituído entre o Estado e os municípios. “É um assunto polêmico. Não estamos fazendo vista grossa e observamos quais atividades podem ser realizadas em um contexto de baixa e média transmissão”, disse Nésio, destacando que “educação é um serviço essencial e deve ser preservada”. 
De acordo com Nésio, a alta transmissão observada nas últimas três semanas irá se manter por causa da descentralização das testagens, pois os municípios da Serra, Vila Velha, Cariacica e Vitória levarão diretamente as amostras para os laboratórios privados credenciados pelo governo do Estado. Ele informou que ao longo da próxima semana a gestão pública estadual irá credenciar também laboratórios de municípios do interior. Além disso, até o final do mês serão abertos mais 60 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, até o momento, os índices de internação são de 500 por dia. 
A média móvel de óbitos por dia é de 30. Caso continue assim, a previsão é de que haja mais 450 óbitos, aproximadamente, no resto do mês de janeiro, calcula o secretário. 
Amazonas
Durante a coletiva Nésio declarou que o que está acontecendo no Amazonas “não é problema dos amazonenses, é uma crise sanitária brasileira”. De acordo com ele, é algo que exige resposta rápida do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos entes federados, por isso o Espírito Santo ofereceu 30 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes do Amazonas. O secretário salientou que a remoção deles para o Espírito Santo não implica na possibilidade de infectarem pessoas daqui com a nova cepa da Covid-19.
“Não é admissível, aceitável, que qualquer Estado que tenha condição de atendê-los se recuse”, disse Nésio, destacando que a remoção dos pacientes é feita de forma segura, com profissionais devidamente paramentados com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Ele também destacou que as cepas do novo coronavírus não circulam somente no Amazonas. “Seria ingenuidade acreditar que as cepas não estão circulando em todo o Brasil via transmissão comunitária”, acrescenta Nésio.
O secretário também garantiu que não há crise na oferta de oxigênio no Espírito Santo. 
Seringas
Novamente Nésio Fernandes contestou a informação transmitida pelo Ministério da Saúde ao Supremo Tribunal Federal (STF), de que o Espírito Santo estaria com falta de seringas para garantir a vacinação contra Covid-19 na primeira etapa da imunização. Segundo o secretário, as seringas foram compradas entre setembro e outubro, em um momento oportuno e precoce. Ele afirma que a quantidade adquirida foi de 6 milhões, com o objetivo de manter a vacinação para todas as doenças. 
Além disso, informa, neste sábado (16) chegarão mais 1,5 milhão de seringas. Até o final do mês, 4,5 milhões. O estoque dos municípios, que ainda será reforçado, conta com 800 mil. O objetivo é se chegar ao quantitativo de 10 milhões para garantir a realização de todas campanhas de vacinação. Em relação à vacina contra a Covid-19, Nésio declara que a previsão é de que o Ministério da Saúde distribua nos próximos dias, mas sem data definida, 8 milhões de doses.
De acordo com ele, o início da vacinação não exclui os cuidados sanitários, como uso de máscara, álcool em gel e necessidade de isolamento social, o que foi ratificado pelo subsecretário estadual de Saúde, Luiz Carlos Reblin. “Não será um mês de vacina, será um ano. Serão definidas para grupos prioritários, não há produção para todos. A vacina vai iniciar, mas de forma paulatina e entre aqueles que têm mais risco de morte”, diz Reblin.

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