Sobreposição de funções, defasagem salarial e falta de funcionários estão entre os problemas, que serão levados ao Coren-ES
Profissionais da enfermagem que atuam em Guarapari denunciam uma série de irregularidades na gestão do trabalho. Em uma assembleia realizada nessa terça-feira (12) com o Sindicato dos Enfermeiros no Estado do Espírito Santo (Sindienfermeiros), os servidores relataram problemas como a sobreposição de funções, defasagem salarial e falta de funcionários. As denúncias serão levadas ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES).
“Hoje tem enfermeiro cobrindo cinco unidades de saúde, o que, por lei do exercício profissional, não pode ocorrer. Nós vamos inclusive alinhar para denunciar isso”, aponta a presidente do Sindienfermeiros-ES, Valeska Fernandes de Souza.
Um dos principais problemas apontados pelos servidores é a sobreposição de funções de assistência e administração. Segundo o sindicato, os enfermeiros realizam trabalho de gestão e não recebem nenhum tipo de gratificação. “Eles fazem serviço de assistência e são responsáveis por serviços de frequência, patrimônio, gerência das unidades de saúde, e não recebem nada a mais por isso, nenhum tipo de gratificação, bonificação, nada”, denuncia a presidente do Sindienfermeiros.
Valeska explica que, em outros municípios, essas funções são separadas. “Em Guarapari, eles englobam tudo em uma função só e não querem pagar nada a mais. Utilizam do enfermeiro para duas funções. Eles já passam por essa situação há muitos anos”, destaca.
Na assembleia dessa terça-feira, os profissionais também apontaram falta de funcionários. Em algumas unidades, os enfermeiros precisam fazer até o serviço de limpeza, por ausência de auxiliares de serviços gerais, o que gera mais acúmulo de funções.
“Além de sentar no consultório para atender os próprios pacientes, o enfermeiro gerencia a agenda dele, dos agentes de saúde, dos técnicos e auxiliares de enfermagem, que também são supervisionados por ele. Às vezes, faz até a agenda do médico e recebe o mesmo salário ou um pouquinho mais do que outros profissionais que só fazem atendimento”, diz Valeska
No último dia 1º de abril, a Câmara de Guarapari aprovou um novo plano de cargos e salários para servidores de quatro setores, incluindo a Saúde. Os profissionais da enfermagem, no entanto, cobram mais celeridade no processo, tendo em vista que alguns grupos aguardam a avaliação para subir de posição desde 2018.
“Na avaliação da evolução de um grupo no plano de cargos e salários, tem o período que você avalia os dados, as notas de desempenho, as metas cumpridas, cada um tem seu requisito. Geralmente isso dura de quatro a seis meses de avaliação para, no final do ano, sair o resultado. Eles estão nessa avaliação desde 2018, sem evolução, sem resposta de quem evoluiu ou não”, relata Valeska.
Após receber as denúncias, o Sindienfermeiros irá tentar uma reunião com representantes da gestão de Edson Magalhães (PSDB), além de acionar o Coren-ES.
“Vamos denunciar à Secretaria de Saúde e pedir uma reunião com eles, o sindicato e o conselho, porque o profissional de nível médio está desassistido, sem supervisão. A supervisão do enfermeiro, de técnicos e auxiliares de enfermagem é presencial, não é remota. E não tem como o profissional estar em cinco lugares ao mesmo tempo”, enfatiza Valeska.