Os enfermeiros da rede privada e as empresas da área da saúde irão avaliar, nesta quinta-feira (27), a proposta de Acordo Coletivo elaborada durante a primeira audiência de dissídio entre o Sindicato dos Enfermeiros do Estado (Sindienfermeiros) e o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Espírito Santo (Sindhes), realizada nessa terça-feira (25). A proposta pode botar fim à greve desses trabalhadores, que já dura 22 dias.
A assembleia do Sindhes será na parte da manhã. Caso as empresas aprovem a proposta totalmente ou parcialmente, ela será analisada pela categoria em assembleia que está marcada para as 18h, no mesmo dia. A presidente do Sindienfermeiros, Valeska Fernandes, afirma que a entidade está satisfeita com proposta, que surgiu por meio da intermediação do Ministério Público do Trabalho (MPT).
A proposta, informa a dirigente sindical, mantém os direitos já conquistados pela categoria, como a jornada 12 x 60, possibilitando que o enfermeiro trabalhe um dia e folgue dois. O Sindhes, no início das negociações, queria mudar a jornada para 12 x 36, o que os faria trabalhar um dia e folgar um.
Outro fator que causou impasse nas negociações foi que o Sindhes defendeu que, caso o piso da enfermagem não seja considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), seriam retirados direitos como plano de saúde, auxílio creche e seguro de vida. Valeska explica que, diante do fato de que o STF ainda está debatendo a constitucionalidade do piso, ele não foi anaisado na audiência, entrando na proposta a manutenção dos direitos.
Nesses 22 dias de greve, os trabalhadores têm procurado atender somente demandas consideradas urgentes. Durante esse período, foram registradas algumas práticas antissindicais. A primeira delas foi em três de outubro. O Sindienfermeiros denunciou que o Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, demitiu trabalhadores. A entidade questionou as medidas, destacando que aconteceram na véspera do início da greve dos enfermeiros da rede privada, o que, apontou, é ilegal.
Apesar de ser um hospital público, o Himaba é administrado por uma Organização Social (OS), o Instituto Ação, Cidadania, Qualidade Urbana e Ambiental (Acqua). O sindicato orientou os trabalhadores a procurarem o jurídico da entidade para pleitear a reintegração. Segundo Valeska, o número de demitidos é próximo de 30, sendo que metade acionou o sindicato para tentar se reintegrar.
O argumento para as demissões foi de que a ala para Covid-19 será desativada, passando por uma reforma para abrigar uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin). Entretanto, Valeska acredita que foi uma retaliação. “É uma prática para coibir o movimento grevista”, reforçou.
Outra prática antissindical foi quando, como forma de intimidar os trabalhadores a abandonar o movimento grevista, a Organização Social (OS) Mahatma Gandhi, que administra a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Carapina, na Serra, ameaçou denunciar os profissionais ao Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES), correndo o risco de perderem o registro profissional.
As ameaças, afirmou Valeska na ocasião, partiram da gerência da OS e tratou-se de uma tentativa de intimidar principalmente os trabalhadores mais novos, que são os que têm menos informações sobre diversos direitos, como o de greve.