Entidades protestaram nesta quinta, no Centro de Vitória, por ações de combate à Covid-19 em meio à população negra
O Governo do Estado se comprometeu, nesta quinta-feira (4), em analisar as propostas da Unidade Negra Capixaba de Combate à Covid-19 e criar um Grupo de Trabalho (GT) na Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), composto por entidades e representantes da gestão estadual. Em protesto realizado na manhã desta quinta-feira (4), no Centro de Vitória, o grupo protocolou um documento com 105 medidas urgentes de combate à pandemia em meio à população negra e se reuniu com a vice-governadora, Jaqueline Moraes (PSB), e a secretária de Direitos Humanos, Nara Borgo.
Segundo o coordenador do Círculo Palmarino, Lula Rocha, será marcada uma reunião para a próxima semana, na qual será discutido o assunto. “A manifestação foi positiva. Conseguimos construir uma unidade no Movimento Negro. Tomamos os devidos cuidados para nos prevenirmos contra a Covid-19 e foi possível colocar na rua um pequeno grupo para expressar nossa preocupação com os efeitos do coronavírus em meio à população negra”, afirmou.
Entre as reivindicações apontadas no documento, elaboradas por mais de 60 entidades e incluindo diversas áreas, como saúde, educação e cultura, estão o decreto imediato de lockdown até o início do achatamento da curva de contágio do vírus; a criação de hospital de campanha e espaços de acolhida para pessoas com Covid-19 que não têm condições de fazer isolamento em casa;subsídios para artistas negros desempregados durante a pandemia e pequenos agricultores e quilombolas; e combate à intolerância religiosa nas unidades de saúde.
O ponto de partida do protesto desta quinta-feira foi o Palácio Anchieta, onde foram fincadas 626 cruzes, simbolizando o número de mortos por Covid-19 no Espírito Santo até essa terça-feira (2). De lá, os manifestantes foram rumo ao Palácio da Fonte Grande, onde se reuniram com Jaqueline e Nara Borgo. Além das reivindicações, também foi entregue ao governo um abaixo-assinado com mais de 2.500 adesões.
Os resultados da segunda etapa do inquérito sorológico realizado no Estado, divulgado nessa segunda-feira (1) pelo secretário de Saúde, Nésio Fernandes, junto com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, mostraram que 70% dos novos casos positivos de Covid-19 foram registrados entre pretos e pardos, apesar desse grupo ser equivalente a 58% da população testada. Enquanto as pessoas brancas, que correspondem a 40% da população amostrada, somaram apenas 28% dos testes positivos.
O grupo, criado a partir das mobilizações junto à Secretaria de Saúde para cobrar transparência nos dados sobre a contaminação da Covid-19 entre a população negra,
é composto por lideranças de religiões de matriz africana, artistas, pesquisadores, professores universitários, profissionais da saúde, advogados, líderes comunitários e líderes estudantis.