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Entidades do Movimento Negro realizam protesto nesta quinta no Centro de Vitória

Ato terá início no Palácio Anchieta, para reivindicar lockdown, hospital de campanha e “ações urgentes’

A Unidade Negra Capixaba de Combate à Covid-19 irá realizar, nesta quinta-feira (4), uma manifestação em frente ao Palácio Anchieta, às 9 horas, de onde seguirá rumo ao Palácio da Fonte Grande, no Centro de Vitória. Neste último será entregue um documento elaborado por mais de 60 entidades e um abaixo-assinado com mais de 2.500 adesões, reivindicando decreto imediato de lockdown até o início do achatamento da curva de contágio do vírus, criação de hospital de campanha e 105 medidas urgentes de combate à pandemia do coronavírus de forma a minimizar os efeitos na população negra.

No Palácio Anchieta, os manifestantes deixarão cruzes em memória às 664 vítimas  – até esta terça-feira (2) – da Covid-19 no Espírito Santo. Em virtude da necessidade de manter o isolamento social, a manifestação terá apenas 15 participantes, que, segundo a Unidade Negra, tomarão os cuidados como uso de máscaras e distância de dois metros uns dos outros.

A militante do Movimento Negro Unificado (MNU), Vanda Vieira, ressalta que as reivindicações abrangem as áreas de saúde, educação, economia, segurança pública e cultura. “O número de mortos por Covid-19 entre os negros é significativo. Apresentaremos um plano de ação básico diante desse problema visando não somente a pandemia, mas o depois da pandemia, pois se a Covid-19 afeta mais aos negros, isso tem a ver com a desigualdade social”, afirma Vanda.

Os resultados da segunda etapa do inquérito sorológico realizado no Estado, divulgado nessa segunda-feira (1) pelo secretário de Saúde, Nésio Fernandes, junto com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, mostraram que 70% dos novos casos positivos de Covid-19 foram registrados entre pretos e pardos, apesar desse grupo ser equivalente a 58% da população testada. Enquanto as pessoas brancas, que correspondem a 40% da população amostrada, somaram apenas 28% dos testes positivos.

Os dados reforçam o racismo estrutural como causa da vulnerabilidade social que atinge grande parcela da população negra, situação agravada agora com a pandemia, como embasa a Unidade Negra Capixaba de Combate à Covid-19.
 
O grupo, como conta Vanda, foi criado a partir das mobilizações junto à Secretaria de Saúde reivindicando transparência nos dados sobre a contaminação da Covid-19 entre a população negra. A Unidade é composta por lideranças de religiões de matriz africana, artistas, pesquisadores, professores universitários, profissionais da saúde, advogados, líderes comunitários e líderes estudantis.

Entre as entidades que assinam o manifesto a ser entregue ao Governo do Estado, estão a Associação de Mulheres Unidas de Cariacica Buscando Libertação (Amucabuli), Bloco Afro Kizomba, Coletivo Amara, Coletivo Negrada, Fórum Chico Prego, Núcleo Estadual de Mulheres Negras do Espírito Santo e União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro).

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