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Entidades protestam contra afrouxamento do isolamento social no Estado

Manifestação foi realizada em frente às sedes do governo, onde foram protocoladas reivindicações

Divulgação

Representantes de sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais realizaram um protesto, na manhã desta terça-feira (9), contra o afrouxamento das medidas de isolamento social do Governo Renato Casagrande (PSB) na pandemia do coronavírus e também com críticas ao Governo Bolsonaro. A concentração foi às 8h, em frente ao Palácio Anchieta, onde denunciaram as 871 mortes por Covid-19 no Espírito Santo, registradas até essa segunda-feira (8). Depois, os manifestantes foram para o Palácio da Fonte Grande, onde protocolaram um manifesto com pedido de audiência e um conjunto de reivindicações assinado por 24 entidades.

Entre elas, estão lockdown nos municípios com grau alto de contaminação; complementação do auxílio emergencial do Governo Federal para que chegue a até um salário mínimo; que o Governo do Estado assuma o pagamento dos salários dos funcionários das micro e pequenas empresas durante a pandemia; funcionamento somente dos serviços essenciais em locais de risco baixo ou moderado; e garantia de participação de representante dos trabalhadores e da sociedade civil no gabinete de crise da Covid-19.


Segundo Carlos Pereira de Araújo, o Carlão, coordenador do Sindicato dos Empregados em Estabelecimento Bancário do Espírito Santo (Sindibancários/ES), uma das entidades que organizaram a manifestação, Renato Casagrande “está com as mãos sujas de sangue”. Para ele, “o governador optou por salvar a economia e a população está à deriva. O próprio governo impossibilitou o isolamento ao abrir o comércio pressionado pelas federações do comércio e da indústria”, enfatiza Carlão, que acredita que em vez de ceder à pressão dos empresários, o Governo do Estado deveria suspender ou acabar com a isenção de impostos das grandes empresas. 

O coordenador do Sindibancários considera, ainda, que o comportamento de Renato Casagrande não é diferente da atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diante da pandemia. “É a mesma política do Bolsonaro. No início ele criticava o presidente por ser contra o isolamento, mas acabou adotando a mesma prática ao abrir o comércio, contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde [OMS]”, destaca. 

No manifesto entregue ao Governo do Estado junto com as reivindicações, as entidades afirmam que, até essa segunda, além das 871 mortes por Covid-19, foram contabilizados 20.659 casos. “Os números reais, todavia, podem ser 12 vezes maiores, como indica o inquérito sorológico realizado pelo próprio Governo”, destacam as entidades. Elas salientam que as consequências da reabertura do comércio são visíveis nas estatísticas, com aumento de mais 1.000% nas contaminações e de 700% nas mortes.
Divulgação

Os manifestantes salientam que nessa segunda-feira o “Governo do Estado deu um ultimato à população”, ao afirmar que pode ampliar os atuais 600 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para no máximo 800, alegando não ter condições físicas, financeiras e nem equipes para ultrapassar esse número. “Em outras palavras, o governo lavou as mãos. Depois de responsabilizar a população pelo iminente colapso do sistema de saúde, o Governo do Estado ainda imputa as mortes para os profissionais de saúde”, afirmam por meio do manifesto, ao se referir à fala do secretário de Governo, Tyago Hoffmann, de que “os médicos terão que escolher quem vai viver e quem vai morrer”.

“O governo cede à pressão das elites empresariais e decide afrouxar prematuramente as medidas de isolamento, com a curva da doença ascendente e se espalhando assustadoramente pelo interior. O sistema de saúde à beira do colapso e a responsabilidade pelo caos iminente é da população e dos médicos?”, questionam as entidades.

No manifesto elas destacam, ainda, que os resultados da reabertura comercial foram pífios em relação ao reaquecimento das vendas. “Reabrir o comércio desafiando o coronavírus não salvou a economia, mas sacrificou mais vidas. Quantas dessas 871 mortes poderiam ter sido evitadas?”.

As entidades também denunciam a sonegação de dados a respeito da Covid-19 por parte do Governo do Estado, uma vez que o Ministério Público Federal (MPF) afirma que o poder público estadual divulga “dados falaciosos” sobre o número de leitos disponíveis.

“Não é aceitável que um governador que festeja a transparência do Estado como um ativo de sua gestão em relação à Covid-19, esteja ‘enganando’ a população sobre o saldo de leitos de UTI, como questiona a Ação Civil Pública (ACP) protocolada na Justiça. Para o MPF, o confronto dessas e de outras informações evidencia que, se não são falsos, os dados disponíveis no portal do Governo são ao menos enganosos”, dizem as entidades no manifesto.

Assinam o documento o Conselho Regional de Serviço Social do Espírito Santo (CRESS-ES), Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra (CDDH), Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Sintufes), Círculo Palmarino,  União de Negros pela Igualdade (Unegro), Sindicato dos Bancários/ES, Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra (CDDH) e Movimento Nacional de Direitos Humanos – ES.

E ainda, Coletivo Resistência e Luta da Educação, Ação Popular Socialista (APS), Pajeú, Sindicato dos Técnicos Industriais do ES (Sintec), Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Colatina (SISPMC), CSP Conlutas, Sindicato dos Ferroviários, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Federais em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado (Sindiprev), Coletivo Lute ES, Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda, Núcleo Capixaba da Auditoria Cidadã, Sindicato dos Servidores Públicos de Aracruz, Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-ES), Psol, PSTU e PCB.

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