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ES deve seguir com ocupação hospitalar maior que 90% durante todo o mês de abril

Até as 14h dessa segunda, 86 pacientes aguardavam leitos. Samu realizou 160 remoções para internações no domingo

Sesa

A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) deve se manter acima de 90% por diversas semanas ainda. A informação foi transmitida pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (29) juntamente com o gerente Estadual de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso.

“Nós devemos transcorrer o mês de abril com a ocupação maior que 90%”, afirmou, acrescentando que a curva de casos confirmados por dia também está crescente, com um novo recorde atingido no último dia 22 de março (2.848 casos), superior ao recorde de 28 de dezembro (2.757).


O secretário ressaltou que “vivemos uma situação extremamente crítica”, com “toda a rede assistencial, privada, filantrópica e pública, extremamente pressionada”. A rede privada, disse, tem feito várias solicitações de internações de seus pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que nos últimos dias a frequência de pedidos tem sido maior que em todas as semanas anteriores.

O Painel Covid-19 informa, para esta segunda-feira, que 94,23% dos leitos de UTI Covid e 83,39% dos leitos de enfermaria estão ocupados, totalizando 1.526 pessoas internadas com confirmação ou suspeita da Covid-19. “É uma ocupação extremamente crítica. Entre ela e 96% [alcançada na última semana] ou 98% não tem diferença, pois já depende das altas e dos óbitos para internar a demanda que se apresenta todos os dias no sistema de saúde”, alarmou.

Até as 14h desta segunda-feira, informou Nésio Fernandes, havia 14 pacientes com solicitação de leito de UTI aguardando nos Pronto Atendimentos (PAs) e Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs) dos municípios capixabas, sendo que três aguardavam há mais de 24 horas. À espera de leitos de enfermaria, constavam 72 pacientes, sendo 31 deles há mais de 24 horas.

Nesse domingo (28), detalhou o secretário, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atingiu o terceiro maior pico de remoções de pacientes graves, com 160 desses atendimentos. E nesta segunda, até às 14h, já haviam ocorrido 54 remoções com internações hospitalares.

Nesse momento, ressaltou, a rede hospitalar está operando com “comprometimento”, considerando o tempo de resposta entre a solicitação do recurso e a internação do paciente”, que está inferior ao alcançado em outros momentos da pandemia.

Além de chegarem em número maior no sistema de saúde, os pacientes também chegam em estado mais grave, acentuou o gestor da Sesa. Entre eles, cresce também o número de pacientes que, dada a gravidade do seu quadro, não suportam o tempo de espera por um leito. Tempo este, ressaltou, que é praticado mesmo em “condições normais”, não-pandêmicas: o período necessário de estabilização do paciente para que ele seja removido da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) até a unidade hospitalar.

O esgotamento crescente do sistema levou o Estado a começar a elaboração de um protocolo que defina os critérios a serem considerados caso seja necessário escolher qual paciente terá acesso a leito, caso haja disputa por vaga de internação. “Critérios estão sendo validados em um protocolo que está em análise para publicação até final da semana”, disse.

“O risco real de colapso existe e para que ele não ocorra é necessário adesão das pessoas à quarentena”, advertiu. “Já passamos a operar a rede assistencial do Estado com uma capacidade crítica. E isso precisa ficar claro para toda a população: não saia de casa, somente se for para uma atividade essencial”, pediu.

O momento também exige que os municípios e órgãos fiscalizadores incrementem as medidas de fiscalização sobre o cumprimento do distanciamento social ate o próximo domingo (4). “A frustração da quarentena poderá representar o prolongamento de medidas que possam manter restrições sobre determinadas atividades”, alertou.

Risco máximo
A taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 caracteriza o eixo Ameaça da Matriz de Risco adotada pelo governo do Espírito Santo e, estando acima de 90%, coloca o Estado em risco extremo, exigindo adoção de medidas o mais restritivas possível para reduzir as interações entre as pessoas, e consequentemente, as infecções, internações e óbitos – decisão tomada pelo governador Renato Casagrande ao estabelecer a quarentena entre 18 de março e quatro de abril.

No entanto, mesmo com a taxa acima de 90% pelas próximas cinco semanas, aproximadamente, o Mapa de Risco voltará a ser publicado a partir do final desta semana, antecipou o secretário. Segundo simulação feita nesta manhã, o próximo mapa deve conter cerca de 50 municípios no risco moderado e entre 20 e 24 no risco alto.

Ampliação próxima do limite

A ampliação da oferta de leitos está perto do limite, salientou Nésio Fernandes, e deve ser atingida em abril, com mil leitos de UTI ou um pouco mais. “Estamos adotando a última linha de recursos possível para ampliar a quantidade de leitos de UTI e enfermaria no nosso Estado. Nós não queremos que as pessoas não adoeçam. Por isso estamos trabalhando há um ano para que as pessoas não se ofereçam ao vírus e não tenham um comportamento de alto risco de transmissão”, clamou.

Hospitais de campanha são inviáveis
O limite para a expansão hospitalar, sublinhou, diz respeito à contratação de recursos humanos, por isso o Estado não vislumbra a possibilidade de abrir hospitais de campanha.
“Sempre que nós pudermos ampliar leitos com a disponibilidade de recursos humanos e insumos, nós iremos ampliar a rede própria e não estruturas provisórias. Estamos trabalhando com a ampliação pontual em alguns serviços de saúde em unidades modulares e tendas para uma oferta complementar. Mas nós iremos alcançar o máximo da expansão quando não houver mais disponibilidade de mão de obra. E quando não houver mais disponibilidade de mão de obra, encontraremos o limite para abrir qualquer tipo de leito, seja em hospital de campanha ou numa estrutura definitiva. O esgotamento da disponibilidade de recursos humanos representará o maior limite para expansão de leitos no nosso Estado”, explicou.

Contratualização mais cara
Nésio Fernandes afirmou que os novos valores de contratualização de leitos pelo governo do Estado nas redes filantrópica e privada, anunciados neste sábado (27) – R$ 2,1 mil para UTI e R$ 715 para enfermaria – já estão mobilizando estes segmentos para apresentarem ainda hoje propostas de ampliação de suas redes, transformando centros cirúrgicos, prontos-socorros e enfermarias em leitos de terapia intensiva.

“Estamos incrementando a capacidade da rede privada e filantrópica de disputar no mercado nacional e internacional a compra de medicamentos, o aumento do custo dos profissionais de saúde. A atualização do valor financeiro irá permitir que as entidades consigam incrementar a capacidade de transformação de leitos de UTI”, assinalou.
O governo do Estado também coordena, junto à federação das entidades filantrópicas e hospitais privados, uma grande compra internacional de medicamentos para suprir o Espírito Santo nos leitos em funcionamento e nos que serão abertos. O motivo é a dificuldade atual em adquirir medicamentos usados nas internações com os fornecedores já contratados.

Transporte municipal

O secretário declarou que os municípios onde há falta de transporte público municipal devem “urgentemente atualizar suas estratégias”, para que todos os trabalhadores da saúde possam chegar aos hospitais, Pronto-Atendimentos (PAs), UPAs e unidades básicas de saúde a partir desta terça-feira (30). O motivo é a dificuldade encontrada por muitos trabalhadores em se deslocar até o trabalho nesta segunda, em função da restrição de funcionamento do sistema estadual Transcol, decretada em função da quarentena.
Andamento da vacinação
O gerente estadual de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, anunciou que na próxima sexta-feira (2) é esperado avançar com a imunização do grupo de idosos entre 65 e 69 anos, com o envio de mais doses pelo Ministério da Saúde. “Não sabemos se será possível concluir a imunização desse grupo”, disse, ressaltando que a logística da Sesa com os municípios tem sido muito boa, com distribuição e aplicação das doses feita rapidamente.

Pelos próximos dias, informou Nésio Fernandes, os municípios devem receber uma doação de kits-vacinação por parte da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), e devem começar a realizar “testes nas suas capacidades de vacinação, pois temos expectativa que entre abril e maio teremos um volume muito grande de doses disponíveis, superior ao registrado até agora”, somando as doses que continuarão sendo enviadas pelo Ministério da Saúde e as que devem ser adquiridas diretamente pelo governo do Estado, ainda esta semana.

Esse aporte de doses permitirá concluir a imunização dos idosos, até o grupo de 60 a 64 anos, e iniciar o de pessoas com comorbidades – os municípios devem começar a normatizar o processo de exigência de comorbidades junto à população que será vacinada nessa fase –, além de atender aos profissionais de educação e segurança, que em breve começarão a receber “as pequenas quantidades dedicadas à reserva de contingência” – aquelas enviadas a mais para os estados, como prevenção para corrigir eventuais perdas.

Transparência nos dados das escolas

A inclusão dos dados sobre contaminação e óbitos de trabalhadores da Educação e estudantes no Painel Covid-19, reivindicada por coletivos de professores e solicitada oficialmente pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) na última semana – está em andamento, por meio de tratativas entre a Sesa, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) e o Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Espírito Santo (Prodest).

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