terça-feira, dezembro 3, 2024
28.8 C
Vitória
terça-feira, dezembro 3, 2024
terça-feira, dezembro 3, 2024

Leia Também:

Escolas devem ter inspeção para comprovar adesão aos protocolos, adverte Ethel

Quatro microrregiões estão em ascensão do índice de transmissão ou média móvel. Situação indica retorno seguro só em 2021

“Os planos locais precisam ter comprovada a capacidade de adesão aos protocolos com inspeção da vigilância sanitária, pelo menos por amostragem”, orienta a pós-doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, referindo-se aos planos locais de controle de cada escola, que devem ser elaborados com base no protocolo de biossegurança publicado na Portaria conjunta nº 01-R das Secretarias de Estado da Saúde e Educação (Sesa/Sedu) em oito de agosto. 

“Alguma forma de inspeção deve ser feita para que as escolas sejam liberadas. Ou será cada um por si?”, questiona a cientista, que é professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e integrante do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que assessora tecnicamente o governo do Estado na tomada de decisões sobre o enfrentamento da pandemia. 


Ethel Maciel afirma que essa inspeção é um ponto a ser observado na preparação das escolas para a futura abertura segura, mas que os dados, até o momento, indicam que o mais razoável é mantê-las fechadas pelo menos até o final deste ano.

Curvas em ascensão
Os gráficos mais atualizados sobre o índice de transmissão (Rt) e a média móvel de casos de Covid-19 no Espírito Santo indicam quatro microrregiões que fecharam o mês de agosto com a pandemia em curva crescente e em duas delas, o Rt está acima ou próximo de 1. 
Com dados até o dia 28 de agosto, os gráficos mais recentes do NIEE sobre a evolução da pandemia no Estado mostram que a tendência de queda da média móvel de casos e do Rt se mantém na medição geral do território, da Grande Vitória e do interior como um todo.

Na avaliação das microrregiões, no entanto, o noroeste e o centro-oeste estão com Rt subindo, alcançando 1,37 e 0,57, respectivamente. Já a central sul está com média móvel crescente, em 0,57, e a sudoeste serrana estacionou num platô de 0,9 de média móvel de meados até o final de agosto.

Entre as dez microrregiões, além da continuação da tendência de queda na Grande Vitória, outra boa notícia é o nordeste, que se mantinha em perigosa alta há semanas e, neste último gráfico, mostrou queda da média móvel, que chegou a 1,08. O número no entanto ainda é alto, acima de 1, e num platô de 0,73 para o número de caso nas duas últimas semanas de agosto.

As demais quatro microrregiões seguem as tendências estadual e do interior, com ligeira queda em suas respectivas médias móveis e Rts. 

O professor-doutor de Matemática da Ufes Etereldes Gonçalves Junior, membro do NIEE, lembra que os impactos da grande quebra do isolamento social ocorrida lamentavelmente durante o feriadão de sete de setembro, ainda não foram medidos. “Eles constarão nos gráficos da próxima semana”, informa. 

Na contramão 

“Só esses dados já deveriam bastar [para a decisão de reabertura somente em 2021]”, afirma Ethel Maciel, citando movimentações nesse sentido em curso em outros estados. No Rio Grande do Norte, a decisão foi tomada pela governadora Fátima Bezerra (PT), e no Rio de Janeiro, foi determinada pelo juiz Elisio Correa de Moraes Neto, da 23ª Vara do Trabalho. 
No entanto, até o momento, o Espírito Santo tem caminhado na direção contrária, com a liberação de funcionamento do ensino superior a partir da próxima segunda-feira (14) – autorização que, ao que tudo indica, será adotada em massa pelas escolas privadas, mas não foi seguida pelas duas instituições públicas, Ufes e Ifes, e ao menos uma privada, a Farese, em Santa Maria de Jetibá, na região serrana.

Vergonha nacional
O Plano de Retorno às Aulas Presenciais da Rede Pública Estadual de Ensino do Espírito Santo, aliás, tem sido motivo de vergonha nacional. Acolhendo a denúncia feita por coletivos de educadores capixabas em suas redes sociais e pelo deputado Sergio Majeski (PSB) em sessão virtual da Assembleia Legislativa, alguns canais e veículos jornalísticos de âmbito nacional repudiam a sugestão, constante na página 64 do documento, para o trato dos casos de luto nas escolas, em funções dos previsíveis óbitos de estudantes e profissionais. 
Importância das máscaras
Ethel enfatiza também a importância do uso das máscaras por toda a população, citando mais um artigo científico sobre o assunto, publicado pelo New England Journal of Medicine, uma das publicações científicas mais prestigiadas na área da Medicina, editado semanalmente pela Massachusetts Medical Society, fundada em 1812. 
O artigo afirma que a utilização das máscaras reduz a quantidade de vírus que uma pessoa inspira, caso esteja em um ambiente contaminado, o que faz com que o desenvolvimento da doença se dê de forma assintomática ou com sintomas leves. “Ao tirar a máscara para comer ou beber água, como acontece numa escola, por exemplo, a pessoa se expõe mais ao risco”, alerta Ethel.

Mais Lidas