As regiões sul e central serrana são as que concentram maiores índices das doenças
O Espírito Santo concentra cerca de 90% dos casos de Febre do Oropouche registrados no Brasil, com 882 dos 893 casos notificados no país, de acordo com o Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde. Os demais ocorreram no Rio de Janeiro (sete casos), Minas Gerais, Paraíba, São Paulo e Ceará, com um caso cada. Até o momento, não houve óbitos relacionados à doença no país em 2025. Entre as semana epidemiológica de 31 de dezembro de 2023 a e 11 de janeiro de 2025), o estado acumulou 6.424 casos confirmados da doença, conforme o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, o Espírito Santo também está entre os estados com maior incidência de dengue do país, 142,2, atrás apenas do Acre, com 175. Entretanto, o painel não considera dados mais atualizados de boletins da Sesa, e essas posições podem se inverter.
Entre os municípios capixabas com maiores taxas de incidência de Febre do Oropouche, destacam-se Alfredo Chaves (19,7 de incidência e 1.268 casos), no Sul do Estado; Laranja da Terra (10,2 de incidência e 658 casos), na região serrana; Iconha (7,3 de incidência e 470 casos), também no sul do Estado; e Itarana (6,2 de incidência e 396 casos), na região serrana.
Na Grande Vitória, a cidade com a maior taxa de incidência é Viana (5,4 de incidência e 344 casos), seguida por Guarapari (3,1 de incidência e 196 casos), Vitória (2,1 de incidência e 132 casos), Cariacica (1 de incidência e 66 casos), Fundão (0,8 de incidência e 51 casos), Serra (0,6 de incidência e 39 casos) e Vila Velha (0,4 de incidência e 23 casos). Entre os municípios mais populosos do interior do estado, Cachoeiro de Itapemirim (0,9 de incidência e 55 casos) teve a maior taxa, seguido por Colatina (1,2 de incidência e 75 casos), Linhares (0,1 de incidência e 8 casos) e São Mateus (taxa de 0 e 1 caso).
A primeira morte por oropouche no Espírito Santo foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) em dezembro de 2024, após análises laboratoriais, embora o óbito tenha ocorrido em agosto do mesmo ano. Outros três óbitos foram confirmados anteriormente no Brasil: dois na Bahia e um óbito fetal em Pernambuco. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) já havia alertado sobre uma nova onda epidemiológica de Oropouche, com maior prevalência na região Sudeste. O território capixaba foi um dos primeiros fora da região amazônica a registrar a circulação do vírus, ainda em abril de 2024.
Outro ponto de destaque foi a atenção às gestantes, após a confirmação de transmissão vertical do vírus Oropouche em quatro casos no Espírito Santo. Em um desses casos, um recém-nascido apresentou má-formação congênita. A Sesa orienta gestantes a evitarem áreas com presença do mosquito transmissor e, caso isso não seja possível, recomenda o uso de roupas de manga longa e repelentes seguros para grávidas.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, esteve recentemente no Espírito Santo para discutir a situação das arboviroses com representantes da Sesa e equipes técnicas locais. Durante a reunião, foram abordadas ações voltadas à implementação de novas tecnologias para o controle vetorial do maruim, vetor de transmissão da Ouropouche, e do Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika.
Entre as medidas destacadas estão: Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI): técnica utilizada para combater mosquitos adultos, já implantada em 15 municípios capixabas; armadilhas do tipo ovitrampa, utilizadas para monitorar e reduzir a população do vetor; aplicação de larvicidas, direcionada a depósitos que não podem ser eliminados.
Além disso, foi discutida a potencial utilização da Wolbachia, uma bactéria que infecta os mosquitos e os torna incapazes de transmitir doenças. Contudo, algumas dessas tecnologias, como a Wolbachia, ainda não estão disponíveis em escala operacional para todos os estados e municípios, representando um desafio para sua ampla implementação.
Dengue e chikungunya
O Espírito Santo registrou mais de 8 mil casos prováveis de dengue (incluindo casos confirmados e em investigação) nas duas primeiras semanas epidemiológicas do ano, entre 29 de dezembro a 4 de janeiro e 5 a 11 de janeiro. De acordo com o boletim publicado nessa quinta-feira (16) pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), a incidência foi de 208,73 casos por 100 mil habitantes. Até o momento, três óbitos estão em investigação, conforme informações do Painel de Monitoramento de Dengue da Sesa.
Entre os 78 municípios capixabas, 29 apresentaram nas últimas semanas uma alta incidência acumulada da arbovirose, com taxas superiores a 300 casos por 100 mil habitantes. A maioria desses municípios está localizada nas regiões sul e central serrana do estado. Itarana segue como o mais afetado nas últimas duas semanas, com taxas superiores a 8 mil casos por 100 mil habitantes, seguido por Muqui, com 5,9 mil, e Laranja da Terra, com 5,6 mil.
Na Grande Vitória, o município de Viana registra a maior incidência, com 1,8 mil casos por 100 mil habitantes. Fundão teve um salto significativo, passando de 133,3 para 371,9 casos por 100 mil entre a primeira e a segunda semana de 2025, alcançando uma incidência acumulada de 716,1. Vitória aparece em seguida, com alta incidência: o município subiu de 88,89 para 312,82 casos por 100 mil habitantes nas últimas semanas, com taxa acumulada de 312,8 nas quatro semanas analisadas.
Municípios com incidência considerada média (entre 100 e 300 casos por 100 mil habitantes) incluem Serra, com 156,7 casos por 100 mil habitantes, seguida por Cariacica, com 127,86. Guarapari apresentou um aumento na incidência, passando de 17,6 para 26,4 casos por 100 mil habitantes nas primeiras semanas do ano, com uma taxa acumulada de 121,1 no período analisado para o cálculo. Vila Velha é o único município da Grande Vitória a registrar uma incidência baixa (inferior a 100 casos por 100 mil habitantes), com taxa de 79,11.
Entre os municípios mais populosos do interior do estado, Cachoeiro de Itapemirim apresentou alta incidência, com 307,88 casos por 100 mil habitantes. Colatina registrou uma incidência média, com 123,30 casos por 100 mil habitantes. Já Linhares e São Mateus tiveram taxas consideradas baixas, com 97,7 e 40,4 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.
Em relação à chikungunya, o Espírito Santo foi o terceiro estado mais afetado do Brasil em 2024. Secretaria da Saúde (Sesa) informou que, nas primeiras duas semanas de 2025, foram notificados 303 casos prováveis de Chikungunya, incluindo tanto os confirmados quanto os em investigação e 63 desses casos foram confirmados. Além disso, foram registrados 80 casos prováveis de infecção pelo vírus Zika, sendo todos em investigação, mas nenhum caso foi confirmado.
Com as altas temperaturas e dias chuvosos características do verão capixaba, as condições favorecem a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor das doenças. Esse é o período do ano com maior transmissão, especialmente durante os meses mais chuvosos. A população é orientada a redobrar os cuidados e procurar atendimento médico ao apresentar sintomas das doenças.