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ES suspende cirurgias eletivas após afastamento de mais de 9 mil trabalhadores

Nésio Fernandes afirmou nesta segunda-feira que decisão é para garantir o funcionamento dos atuais leitos e as expansões necessárias

Giovani Pagotto/Secom

Após o avanço da pandemia da Covid-19 no Espírito Santo no primeiro mês deste ano, com mais de 9 mil trabalhadores da Saúde afastados, o governo determinou a suspensão das cirurgias eletivas em todo o Estado. A decisão foi publicada nesse domingo (30) em uma edição extra do Diário Oficial, alcançando a rede pública e privada. A possibilidade de desfalque de profissionais nos estados e municípios já tinha sido alertada por instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), principalmente em razão da circulação da variante Ômicron.

A suspensão temporária no Espírito Santo se refere às cirurgias eletivas não-essenciais na rede hospitalar pública, estatal e contratualizada, ofertadas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Só não estão incluídas na decisão as cirurgias oftalmológicas eletivas. De acordo com o documento, a medida será aplicada apenas a cirurgias que representem real ganho de disponibilidade de pessoal e de leitos.

Na rede privada, a suspensão deve ser feita apenas nas unidades assistenciais que alcançarem 85% de ocupação hospitalar ou de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A medida, porém, também pode ser adotada com indicadores de ocupação inferiores, caso haja escassez de recursos humanos em razão do afastamento de trabalhadores.

Em um vídeo publicado na manhã desta segunda-feira (31), o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que a decisão foi tomada para garantir o funcionamento dos atuais leitos disponíveis no Estado, bem como as expansões necessárias em razão do avanço da pandemia.

“As redes privada e pública de Saúde do Espírito Santo têm sido fortemente impactada pelo afastamento de trabalhadores com Covid-19. Os recursos humanos destinados a cuidar desses pacientes e também para atender cirurgias eletivas estão competindo com a disponibilidade de leitos”, explicou.

De acordo com Nésio, o dimensionamento da quantidade de pacientes que terão a cirurgia adiada será levantado ao longo da semana, já que a pactuação será feita por unidade assistencial. “Nós queremos alertar à população que a medida foi necessária para garantir o atendimento tanto na rede pública quanto na rede privada no Estado do Espírito Santo”, enfatizou.

A decisão publicada no Diário Oficial tem um prazo de vigência de 14 dias e leva em conta a quarta expansão da curva de casos, internações e óbitos pela Covid-19 no Espírito Santo. A medida também considera “o momento epidemiológico em que a alta transmissibilidade da cepa circulante tem demandado por mais leitos de isolamento e coorte, com consequente diminuição dos leitos operacionais”, além do prazo de realização das cirurgias, que no caso das eletivas não-essenciais pode ser feita em até três meses.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já tinha orientado que estados e municípios se preparassem para o possível afastamento de profissionais da Saúde com o avanço da pandemia neste início do ano. Em um alerta divulgado no dia 12 de janeiro sobre a taxa de ocupação dos leitos de UTI destinados à Covid-19, a instituição orientou que as autoridades reorganizassem a rede de serviços de saúde para dar conta dos desfalques de profissionais infectados.

Na nota técnica, o Espírito Santo aparecia entre os oito estados na zona de alerta intermediário, com 71% dos leitos ocupados, enquanto Vitória ocupava a mesma categoria entre as capitais, com 77% de ocupação. O cenário piorou nas semanas seguintes. O boletim publicado na última quarta-feira (26) pelo Observatório Covid-19 Fiocruz mostra o estado na zona de alerta crítico, com 80% dos leitos de UTI-Covid ocupados.

Entre as capitais, Vitória continua na zona de alerta intermediário, com uma taxa de ocupação de 77%. A análise dos pesquisadores da instituição sobre a situação dos estados brasileiros aponta para um contexto de piora nos índices. “Não se pode ignorar que o quadro está piorando, apesar de estar claro que o cenário com a vacinação é muito diferente daquele observado em momentos anteriores mais críticos da pandemia, nos quais se dispunha de muito mais leitos”, ponderam na nota técnica.

Outra orientação da Fiocruz no boletim publicado em meados de janeiro foi para a necessidade de reabertura de leitos UTI-Covid nos estados e municípios, diante do novo crescimento da pandemia e circulação da variante Ômicron. O documento fez uma comparação com dados coletados no dia 2 de agosto de 2021, quando a taxa de ocupação era de 51%. Na ocasião, o Espírito Santo contava com 570 leitos UTI-Covid e 290 pacientes internados.

Já na nota técnica da última quarta-feira, a instituição pondera que pessoas que receberam a dose de reforço são pouco suscetíveis a essas internações, mas alguns fatores ainda aumentam o risco de casos mais graves, como a população que ainda não recebeu a terceira dose dos imunizantes e os não vacinados.

“É fundamental empreender esforços para avançar na vacinação e controlar a disseminação da Covid-19, com o endurecimento da obrigatoriedade de uso de máscaras e de passaporte vacinal em locais públicos, e deflagrar campanhas para orientar a população sobre o autoisolamento ao aparecimento de sintomas, evitando, inclusive, a transmissão intradomiciliar”, destacou a Fiocruz. 

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