O governo do Espírito Santo decidiu antecipar em duas semanas a aplicação da segunda dose da AstraZeneca, devido à grande disponibilidade atual de vacinas. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, durante coletiva de imprensa realizada junto com o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, nesta terça-feira (22).
“Numa avaliação interna, dentro do Plano Estadual de Vacinação, nos pareceu adequado não aguardar chegar à semana 12, aos 84 dias, e já antecipar para que a partir de 70 dias da primeira dose, a população já tenha acesso à segunda dose da AstraZeneca. A bula recomenda segunda dose a partir de 28 dias, haverá então uma vantagem para a população”, disse, ressaltando, que, “a partir de hoje, todos os municípios capixabas estão autorizados a agendar a aplicação da segunda dose em todas as pessoas que já foram imunizados num período superior a 70 dias com a D1”.
Outra atualização, em relação ao uso da Pfizer, depende de autorização do Ministério da Saúde e será solicitada na noite desta quarta-feira (23), durante reunião com o ministro, Marcelo Queiroga, após assembleia do Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Saúde (Conass), que ocorre durante o dia em Brasília. “Devemos apresentar ao ministro a nossa proposta de avançar com a vacinação dos adolescentes com deficiência e comorbidades com a vacina da Pfizer”.
Sobre a Janssen, a Sesa confirmou que as doses já estão no Brasil e que, assim que chegarem ao Espírito Santo, serão aplicadas dentro de 48 horas nos quatro municípios mais populosos da Grande Vitória (G4): Serra, Vila Velha, Cariacica e Vitória, após disponibilização de um dia para os agendamentos.
Agilidade dos municípios
Os dois gestores parabenizaram os municípios capixabas em geral, pela agilidade com que têm aplicado as doses que chegam do Ministério e da Sesa, e destacaram os que já estão abrindo três turnos de vacinação, incluindo o período noturno e os fins de semana, de modo a agilizar ainda mais a imunização, atendendo especialmente à classe trabalhadora, que possui dificuldades em chegar às salas de vacinação em horário comercial.
“Vila Velha aplicou quase cinco mil vacinas num domingo”, parabenizou Nésio. “Cariacica fará uma grande vacinação nesta quinta-feira [24], em comemoração ao aniversário de emancipação política”, salientou Reblin.
Lotes pela metade
Apesar da agilidade generalizada, alguns municípios estão com dificuldade em atingir 80% dos grupos etários em andamento: Águia Branca, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Conceição do Castelo, Governador Lindenberg, Guaçuí, Guarapari, Ibitirama, Itaguaçu, Mimoso do Sul, Muqui, Piúma, São Mateus e Vargem Alta.
Esses terão cortados pela metade o próximo lote de doses, até que a imunização se regularize. “Essa é uma medida de segurança, porque a estocagem das vacinas na Secretaria de Saúde os nas regionais tem uma condição mais segura de armazenagem do que nos sistemas de frios municipais”, explicou Reblin.
“Não é penalidade, mas uma medida de estímulo à agilidade na vacinação e de proteção das vacinas. Estocar vacinas não é adequado do ponto de vista técnico nem ético. As vacinas precisam estar no braço da população. Esse momento exige rapidez na aplicação das vacinas”, complementou Nésio Fernandes.
Alerta via SMS
Outra medida de aceleração da vacinação começou a ser implementada, com envio de 11 mil mensagens de SMS a pessoas que estavam em atraso com a segunda dose da AstraZeneca. “Esta semana serão feitos novos envios de mensagens”, disse o secretário, referindo-se ao serviço de comunicação direta do governo do Estado com a população, no tocante ao controle da pandemia, disponível na nova plataforma web que será lançada na próxima semana.
A nova estratégia de comunicação também irá tratar dos testes de RT-PCR. Os pacientes confirmados com a doença por meio dessa forma de testagem serão comunicados por SMS a partir desta terça-feira (22), utilizando o número de telefone informado no momento da notificação de caso suspeito no serviço de saúde.
O objetivo, ressaltou Nésio, é orientar as pessoas infectadas para o imediato isolamento domiciliar e testagem de seus contatos sociais e domiciliares assintomáticos, e, assim, “qualificar a ruptura da cadeia de transmissão de acordo com cada caso diagnosticado”.
Zerar déficit da Coronavac
Sobre a Coronavac, a nova expectativa da Sesa é de que o déficit seja equacionado nesta semana, considerando as doses já distribuídas na semana passada e as que chegam nesta semana. “Serão suficientes para zerar o déficit entre os idosos e outros grupos, como os trabalhadores da segurança”, disse Reblin.
A população idosa, especificamente, ressaltaram os gestores, alcançou grande cobertura no Estado, de quase 99%, um índice elevado para a média brasileira, onde alguns estados estão entre 80% e 85%.
‘Xepa’
Em relação à chamada “xepa” da vacina, Reblin e Nésio negaram que a prática seja comum no Espírito Santo e afirmaram que a Sesa trata do assunto em uma nota técnica já publicada, sendo rejeitado o nome de xepa e utilizado o termo “otimização da vacina”.
“Nós não concordamos com o termo ‘xepa’, que equipara vacina com algo inferior, que ninguém quis. Nós temos uma nota técnica explicando quando é que a gente aplica uma dose de vacina numa pessoa que não estava naquele grupo no momento. É muito raro, ocorre muito pouco, porque o Espírito Santo trabalha com agendamento e não livre demanda”, declarou Reblin.
“É chamado de otimização da vacina. Se porventura alguém agendado não compareceu, a sala de vacina deve providenciar o acesso de alguém do mesmo grupo em andamento ou do próximo grupo”, explicou.