Dia mundial de combate à doença alerta para aumento de casos e prevenção
O diabetes é uma doença crônica cada vez mais prevalente no Brasil e no Espírito Santo. Até o último dia 11, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), o Estado registrou 1,2 mil mortes relacionadas à doença. Em 2023, de janeiro a dezembro, o total chegou a 1,7 mil. No Dia Mundial de Combate ao Diabetes, nesta quinta-feira (15), os números destacam a gravidade do cenário e reforçam a importância de políticas públicas voltadas para prevenção e controle, principalmente entre os grupos mais vulneráveis.
Atualmente, cerca de 16 milhões de brasileiros adultos vivam com diabetes, sendo o tipo 2 o mais comum (90% dos casos), de acordo com o Ministério da Saúde. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que, até 2030, o Brasil poderá ter 21,5 milhões de pessoas diagnosticadas.
Fatores como má alimentação, sedentarismo e obesidade são determinantes para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, que, se não tratado, pode causar complicações graves, incluindo doenças cardiovasculares, insuficiência renal e cegueira. A doença ainda é subdiagnosticada, o que torna a prevenção e o controle mais difíceis. O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos, quando necessário, e educação em saúde para que os pacientes possam controlar a condição de forma eficaz.
Nas capitais brasileiras, o número de pessoas com mais de 18 anos diagnosticadas com diabetes cresceu 132% nos últimos 17 anos, passando de 1,5 milhão em 2006 para 3,5 milhões em 2023. Em Vitória, os casos registrados subiram de 11,7 mil em 2006 para 26,9 mil em 2023, um aumento de 81,13%. Os dados foram levantados pelo Observatório da Atenção Primária à Saúde da Umane, uma associação independente e sem fins lucrativos que apoia iniciativas no Sistema Único de Saúde (SUS), com base na pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
A prevalência nacional de diabetes foi de 10,1% em 2023, sendo que Vitória ocupa a nona posição entre as capitais com maior incidência, com 9,6% da população adulta diagnosticada. As capitais com o maior percentual de prevalência de diabetes no Brasil em 2023 foram Brasília (DF) e São Paulo (SP), ambas com 12,1% da população adulta convivendo com a doença.
Em Vitória, a maior taxa de incidência em ocorreu em 2016, com 9,7%, quando superou a média nacional de 8,9%. Após 2016, as taxas caíram, atingindo o menor valor em 2019, mas voltaram a crescer e hoje estão próximas do pico histórico.
O grupo de pesquisa da Umane relaciona o aumento acelerado do diabetes no Brasil a mudanças nos padrões alimentares, principalmente o consumo elevado de ultraprocessados e alimentos ricos em açúcares e gorduras saturadas. Décadas de estudos científicos reforçam essa conexão e alertam para os riscos do diabetes em uma população com hábitos alimentares inadequados.
O Vigitel de 2023 revela que 10,1% dos moradores das capitais com mais de 18 anos convivem com diabetes, marcando o índice pela primeira vez na série histórica em comparação aos 9,2% de 2021 e 5,5% de 2006. A incidência é ainda maior entre os idosos, chegando a 30,4% entre aqueles com mais de 65 anos, e entre pessoas com menos anos de estudo: 19,3% entre aqueles com até oito anos de escolaridade, 8% entre aqueles com nove a 11 anos, e 5,4% entre aqueles com 12 anos ou mais. Quanto à faixa etária, o índice é de 0,6% entre os jovens de 18 a 24 anos, 4,9% entre adultos de 35 a 44 anos, e chega a 30,4% entre os maiores de 65 anos.
Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil é o terceiro país com maior prevalência de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, com uma estimativa de 92,3 mil casos. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que, até 2030, o Brasil poderá ter 21,5 milhões de pessoas com diabetes. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), essa estimativa seria de aproximadamente 1,7 mil casos para essa faixa etária no Espírito Santo.
Dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), que acompanham tendências de saúde ao longo de 15 anos, revelam que o diabetes, junto com hipertensão, doença renal crônica, obesidade e distúrbios mentais, afeta mais a população negra do que a branca. A presença de múltiplas doenças crônicas ao mesmo tempo, conhecida como multimorbidade, é especialmente frequente entre pessoas negras – as mulheres são as mais impactadas, mas os homens apresentam as taxas mais altas de mortalidade.
Características
O diabetes é caracterizado pela produção insuficiente ou pela resistência à insulina, o hormônio responsável por permitir a entrada da glicose nas células, onde é utilizada para produzir energia. A falta ou resistência à ação da insulina resulta no acúmulo de glicose no sangue, levando a complicações graves, como retinopatia, nefropatia, neuropatia e vasculopatia.
A doença é dividida em três tipos principais: o tipo 1, de origem autoimune, que geralmente surge na infância ou adolescência; o tipo 2, associado a fatores ambientais e ao estilo de vida; e o diabetes gestacional. O diagnóstico é feito por exames que medem os níveis de glicose no sangue, como a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada.
O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, com foco em uma dieta saudável e atividade física regular, além do uso de medicamentos orais e, em casos mais graves, insulina exógena.