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Pesquisa em Viana comprova efetividade de meia dose da AstraZeneca

Meia dose reduz casos, previne óbitos e internações, e produz anticorpos. Município iniciou aplicação da D3 nesta segunda-feira

Na tarde desta segunda-feira (20), foi apresentado o resultado do Projeto Viana Vacinada, por meio do qual foi estudada a eficácia da aplicação de meia dose da vacina AstraZeneca/Fiocruz, mantendo o formato de duas aplicações dentro de um intervalo de doze semanas. A coordenadora do estudo, Valéria Valim, informou que a meia dose é tão efetiva quanto a dose padrão na redução de casos de Covid-19 e na prevenção a óbitos e internações. 

O resultado foi apresentado em uma coletiva de imprensa da qual também participaram o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin; o prefeito de Viana, Wanderson Bueno (Podemo); e o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), José Geraldo Mill. 

Ainda segundo Valéria, a meia dose também é imunogênica, pois induziu anticorpos neutralizantes em 99,8% dos participantes, dado praticamente igual ao da dose padrão, que foi de 100%. “Podemos sim utilizar meia dose nos esquemas de vacinação no Brasil e no mundo”, afirma.

Para o estudo, foram feitas 558 coletas regulares para quantificação de anticorpos e células de proteção, não havendo, em meio a esse grupo, nem óbitos, nem internações. Foi constatado ainda que, entre as pessoas que tomaram meia dose, os efeitos colaterais tiveram duração menor.

O estudo foi premiado no Congresso Nacional de Infectologia. “É uma evidência científica que pode ser utilizada no Brasil e no mundo”, defende Valéria. Para ela, os resultados podem trazer economia financeira e velocidade de vacinação maior.

Valéria aponta que o Brasil tem imunização alta, mas é preciso levar em consideração que a duração da imunidade não é longa, portanto, é necessária a dose de reforço. Entretanto, destaca, a decisão política de aplicar a meia dose depende dos órgãos competentes, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e as autoridades sanitárias de cada país.

José Geraldo Mill salienta que a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e a OMS têm interesse nos dados, pois há países em que a vacinação é incipiente. “Para quebrar a cadeia de transmissão, precisa de maior número de pessoas imunes em um menor espaço de tempo possível. Se existem quatro milhões de pessoas precisando ser vacinadas e tivermos quatro milhões de doses, se usarmos somente dose padrão, imunizaremos com duas doses a metade da população”, diz.
O Viana Vacinada foi lançado em quatro de junho, em solenidade no Palácio Anchieta, na Cidade Alta, em Vitória. A escolha de Viana se deu principalmente pelo fato de estar na região metropolitana, próxima, portanto, das sedes das instituições às quais os pesquisadores estão vinculados, e por ter uma população não tão grande como os quatro municípios mais populosos da Grande Vitória.

Dose de reforço

O município de Viana deu início nesta segunda à dose de reforço com apenas meia dose da vacina Astrazeneca/Fiocruz para pessoas entre 18 e 59 anos. A iniciativa foi possível com a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) diante dos resultados da pesquisa. Na ocasião
, foram imunizadas duas jovens.

Para ter acesso, basta agendar por meio do site Viana Vacinada ou pessoalmente, nas unidades de saúde, sendo necessária a assinatura de um termo de consentimento. Mesmo quem não foi voluntário no estudo nem se imunizou com AstraZeneca anteriormente, poderá tomar a meia dose.

Além disso, já está marcado um novo Dia D de Vacinação, nos moldes do ocorrido em junho passado, que será em nove de janeiro. Para o prefeito de Viana, Wanderson Bueno (Podemos), aceitar participar do estudo foi “uma decisão acertada”. Ele recorda que, em junho, 100% da população estava vacinada e que isso fez com que o número de casos, internações e óbitos reduzisse, desafogando os equipamentos públicos de saúde.

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