Vacinação será em duas fases e regras devem ser publicadas nesta sexta. Atraso da D2 também deve ser sanado em maio
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) avalia ser possível, ao longo do mês de maio, aplicar a primeira dose (D1) da vacina contra a Covid-19 em todas as pessoas que apresentam comorbidades definidas no Plano Nacional de Imunização (PNI). A meta poderá ser alcançada caso o Ministério da Saúde cumpra com a previsão de envio de 600 mil imunizantes, que serão mais do que suficientes para cobrir as quase 500 mil pessoas desse grupo no Estado.
O anúncio foi feito pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e pelo subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, nesta sexta-feira (30).
No mês de maio, declararam os gestores, também pode haver a conclusão da aplicação da segunda dose da Coronavac nas pessoas em que esse reforço vacinal está pendente, em função do atraso na produção do imunizante pelo Butantan. Além da conclusão da aplicação da segunda dose da AstraZeneca nos trabalhadores da saúde e nas pessoas idosas vacinadas 90 dias atrás.
Essa cobertura, ressaltou Nésio Fernandes, “permitirá que no mês de junho nós tenhamos uma imunidade plena, com expectativa de eficácia de resposta imune da população que foi alcançada pelo menos com a D1 da AstraZeneca e a segunda dose da Coronavac. Uma imunidade protetora suficiente para modificar os indicadores de casos, internações e óbitos nas populações que já foram alcançadas com a cobertura vacinal, em especial a população idosa”.
“De fato, maio representará um mês de maior dimensão da imunização no nosso Estado. Temos realizado reuniões constantes com os secretários municipais de saúde, para que a gente consiga desenhar a ampliação das capacidades de vacinação, que todas as insuficiências observadas ao longo desses quatro meses possam ser superadas nesse novo momento e de fato caminhamos para outro de grande esperança com a melhora da disponibilidade de doses da vacina”, exultou o secretário.
2% do total nacional
O Espírito Santo tem recebido, desde o início da campanha de imunização contra a Covid-19, em torno de 2% do total distribuído pelo governo federal. “A cada anúncio do Ministério da Saúde, se pode estimar que entre 1,7% e 2% das doses são destinadas ao Espírito Santo, sendo aplicado como D1 e D2”, esclareceu.
Atraso não prejudica imunização
Atualmente, 42 municípios capixabas já não possuem mais Coronavac para aplicar a D2 e essa situação ainda não será sanada com a chegada de apenas 2,2 mil doses nesta quinta-feira (29). “É uma quantidade pequena. Nós tínhamos uma reserva de 400 doses que serão distribuídas juntamente às 2,2 mil às cidades para aplicação da D2”, informou Reblin. A normalização da produção do imunizante, completou o subsecretário, deve começar a acontecer a partir da próxima semana, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde.
Apesar dos atrasos, o secretário Nésio Fernandes tranquilizou a população com doses pendentes, afirmando “ser muita baixa a probabilidade de que essas pessoas tenham prejuízo no seu processo de imunização com o atraso de duas a três semanas da aplicação da dose de reforço”. Tanto que, ao longo do mês de maio, é possível que “o período da aplicação da D1 e da D2 da Coronavac seja ampliado por parte do Ministério da Saúde, da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e do próprio fabricante, o Butantan”, completou.
Comorbidades em duas fases
A imunização das pessoas com comorbidades se dará em duas fases. No Espírito Santo, as regras constarão em uma Resolução da Comissão interinstitucional tripartite (CIB), prevista para ser publicada ainda nesta sexta-feira.
No processo de operacionalização, ressaltou Nésio Fernandes, quanto mais ampla a faixa etária do público-alvo, melhor para os municípios se organizarem. “Por isso, nós definimos que toda a população do Espírito Santo que possua Síndrome de Down, qualquer deficiência intelectual que impeça atividade gerais cotidianas de autocuidado, será imunizada em um mesmo momento entre as faixas de 18 a 59 anos”.
Da mesma forma, prosseguiu, serão imunizadas nessa primeira fase, juntamente com o grupo etário de 50 a 59 anos: pessoas com fibrose cística; gestantes e puérperas; pessoas com obesidade mórbida (Índice de Massa Corporal – IMC acima de 40); pessoas com deficiência permanente cadastradas no Benefício de Prestação Continuada (BPC); e pessoas em tratamento de terapia renal substitutiva.
Já na segunda fase, serão alcançadas as pessoas com demais comorbidades previstas no Plano Nacional de Imunização (PNI), como cardiopatias, diabetes e imunossupressores, seguindo etapas segundo a idade: primeiro as que tenham 50 a 59 anos, depois 40 a 49 anos, e assim sucessivamente.
Laudos
De maneira geral, explicou Luiz Carlos Reblin, para as doenças cardiovasculares, pulmonares e outras doenças raras, há necessidade de um laudo que ateste a doença para o profissional que aplica a vacina. “Para doença cardiovascular, precisamos de um detalhamento no nível de pressão alta que essa pessoa tem. Para o diabetes, não”, salientou. “A sua unidade de saúde tem a sua história e isso facilita o processo. Procure a sua unidade de saúde”, orientou.
Os laudos geralmente têm validade de 90 dias, mas é preferível que sejam apresentados os documentos mais recentes possíveis. “Os municípios devem guardar a documentação para apresentação em auditorias amostrais futuras”, alertou Nésio Fernandes.
Pfizer
Sobre as vacinas da Pfizer, a Sesa seguirá a orientação do Ministério da Saúde, destinando-as para a Capital do Estado, que poderá aplicar a mesma dentro da população-alvo com comorbidades ao longo das próximas semanas. “Temos confirmada envio de 10 mil doses de D1 para aplicação na população capixaba alvo nesse momento, com previsão de chegada entre hoje e amanhã [sexta e sábado]”, informou Reblin.
A restrição do imunizante da BioNTech apenas para Vitória se dá em função das especificidades de armazenamento e aplicação, que requer uma temperatura mais baixa. Conforme noticiado pela Agência Brasil, em condições normais, a vacina da Pfizer/BioNTech deve ser guardada em um ambiente de -90º a -60º. A Anvisa permitiu uma flexibilização desse patamar para – 25º a -15º. Contudo, essa condição só pode ocorrer por até 14 dias. E, uma vez retiradas dos refrigeradores e colocadas na rede de frio nacional, cuja conservação é de temperaturas de 2 graus Celsius a 8 graus Celsius, as equipes de saúde têm até cinco dias para fazer a aplicação sem risco de prejudicar a eficácia do imunizante.
“Nós estamos preparados dentro da nossa rede de frio, na estrutura da Secretaria Estadual de Saúde, para acondicionar esses insumos. Temos equipamentos suficientes pra receber as 10 mil doses. Já estamos definindo com a equipe da Capital o mecanismo de utilização dessa vacina, que é um pouco diferenciado, requer uma diluição. Tem um componente a mais pra aplicação da vacina que é de preparar o diluente, depois aspirar uma dose, um pouco diferente da dose habitual, e isso tem sido tratado com a Capital durante esses dias”, contou Reblin.