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Hospital Bezerra de Faria agoniza com falta de medicamentos e materiais 

O Hospital Antonio Bezerra de Farias, em Vila Velha, sofre novamente com a falta de infraestrutura, o que, constantemente, tem colocado a vida de pacientes em risco. Ao longo dos anos, os problemas relatados incluem falta de materiais, medicamentos e equipamentos como respiradores; além de estrutura física sucateada e superlotação com leitos improvisados até no chão. Nessa semana, o caos tem se instalado com a falta de luvas de procedimento, cateteres, transpore (tipo de esparadrapo) e uma lista de, pelo menos, 19 medicamentos; entre eles, item essenciais como analgésicos, antibióticos, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios orais e injetáveis, vitaminas e até remédios usados para conter hemorragias.

A unidade hospitalar, conforme já denunciado por Século Diário, está sem climatização, pois os aparelhos de ar-condicionado estão quebrados devido ao sucateamento e à falta de manutenção. Pacientes, acompanhantes e servidores têm reclamado diuturnamente do calor excessivo, o que tende a piorar com a aproximação do verão. Diante da situação caótica, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado (Sindsaúde-ES) formalizaram uma queixa no Ministério Público do Trabalho (MPT-ES).

“Existe uma empresa contratada para fazer a manutenção dos aparelhos que não aparece. O Hospital está há uma semana sem luvas de procedimentos e a atual diretora tem pedido para que os gerentes façam relatórios das coisas positivas do hospital. Não existe nada de positivo em relação ao atendimento que é prestado ao paciente, mas a direção, com o intuito de se perpetuar no poder, quer apresentar um relatório maquiado. Faltam materiais e inúmeros medicamentos. Por falta de luva de procedimentos, que são descartáveis e mais baratas, os profissionais estão usando a estéril, que é específica para centros cirúrgicos, e que também estão acabando”, aponta o secretário de Comunicação do Sindsaúde-ES, Valdecir Nascimento.

'Absolutamente satisfeito'

Curiosamente, nessa quarta-feira (5), o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, era só elogios à gestão da saúde capixaba. As falas foram feitas no Seminário Organizações Sociais de Saúde no Estado do Espírito Santo: Modernização Gerencial e Transparência, cujo objetivo, de acordo com representantes da Secretaria, “era apresentar os avanços da pasta na organização administrativa dos contratos com Organizações Sociais de Saúde (OSS) a partir da reestruturação do setor responsável pelas contratações e da implementação de mecanismos de controle e transparência”. Vale ressaltar que o Bezerra de Faria, único hospital público de Vila Velha, está na mira da terceirização, cujo processo foi suspenso para ser tocado pela próxima gestão.

Na ocasião, Ricardo de Oliveira disse, de acordo com a Comunicação da Sesa, que o controle administrativo é fundamental, principalmente quando se tem um orçamento como o da Saúde, que foi de R$ 2,7 bilhões em 2018.

“Fazer com que esse volume de recursos seja aproveitado para os interesses dos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) demanda capacidade política do gerenciamento da saúde, porque existe uma relação política grande nesta área, mas demanda também competência técnica, gente capacitada, sistemas, e foi o que nós fizemos. É necessário entender que evoluir a gestão da Sesa tem tudo a ver com a melhoria da prestação de serviço para o usuário. Não só porque se controla meta, indicador, mas porque se controla a aplicação de recurso também. Não tem nada de novo o que estou falando aqui porque isso é o bê-á-bá da gestão. Só que falar é fácil. O negócio é fazer. Principalmente no setor público, que tem regras de gestão péssimas e que prejudicam a população demandante de serviço. De qualquer forma, nós conseguimos chegar aonde chegamos porque tínhamos um objetivo, que é defender o interesse do usuário do SUS”, enfatizou o secretário.

Oliveira disse ainda que está absolutamente satisfeito e orgulhoso do trabalho feito pela Gerência de Contratação das Organizações Sociais (Gecos), que foi instituída em dezembro de 2017, com o objetivo de organizar e dar transparência à relação com as OSS que administram hospitais da rede pública estadual. “É isto que nós estamos perseguindo na Secretaria de Saúde: modernização gerencial e transparência. E o controle é absolutamente fundamental. A situação do controle administrativo que nós vamos deixar não tem comparação com a situação que estava. Esse é o processo virtuoso da troca de governo. Todo mundo tem a responsabilidade, no seu período, de deixar melhor do que recebeu. Às vezes não é possível dizer isso, mas nós temos a satisfação de poder dizer”, destacou o secretário. 

Contraponto

As falas do secretário são veementemente contestadas por Valdecir Gomes Nascimento, diretor de Comunicação do Sindsaúde. “Como podemos ter uma boa gestão se faltam luvas de procedimento num hospital e os servidores são obrigados a usar luvas para cirurgia que são 15 vezes mais caras? Nas unidades terceirizadas, há total falta de transparência e inúmeros problemas, pois os pacientes não são mais tradados como pessoas, mas como números. No Hospital de Urgência e Emergência, antigo São Lucas, referência em atendimento neurológico, o plantão dos neurocirurgiões foi reduzido para quatro horas diárias, sem que a Secretaria nada fizesse. As filas nos corredores continuam, com mais de 150 pacientes. No Infantil de Vila Velha, a comida foi reduzida para crianças, acompanhantes e funcionários. Lá também até hoje não foi dada uma satisfação sobre o aumento de mortes de bebês na UTI Neonatal, após a terceirização. O Jayme dos Santos Neves é uma 'caixa de pandora', tamanha falta de transparência na gestão dos recursos públicos. Já o Hospital Central, de portas fechadas, escolhe quem vai atender. Parece que o secretário, que se diz satisfeito, não conhece os problemas da saúde capixaba”.  

Atualmente, quatro hospitais no Espírito Santo são administrados por OSS. Em Vitória, o Hospital Estadual Central, administrado pela Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), e o São Lucas, administrado pela Pró-Saúde; em Serra, o Jayme Santos Neves, que está sob a gestão da Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense (Aebes); e, em Vila Velha, o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), administrado pelo Instituto de Gestão e Humanização (IGH).]

Materiais e medicamentos em falta:

Material Hospitalar

Cateter 24 e 20

Transpore (tipo esparadrapo)

Luva de procedimento

Medicamentos em falta

Analgésico oral: paracetamol + codeína

Antibiótico ceftrioxona. 

Anti-hipertensivo losartana. 

Para náuseas: ondasetrona e bromprida. Metoclopramida – preste a acabar. 

Inflamatória orais: diclofenaco e tenoxicam (padrão) e injetáveis: tenoxican e diclofenaco

Bromoprida e meoclapramida – na eminência de acabar

Vitamina C e do complexo B oral

Vitamina K, EV e IM e Transamim – usados para conter hemorragia.

(Fonte: Sindsaúde-ES)

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