Problemas enfrentados pela categoria foram denunciados pela presidente do Coren-ES, Andressa Barcellos, à Assembleia
Em reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (11), a presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren/ES), Andressa Barcellos, apontou o Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (Icepi) como um dos fatores de precarização da categoria no Espírito Santo, além da Fundação Inova, que “promove rebaixamento salarial”. Ambos são de responsabilidade da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Segundo ela, “no Icepi, contratam as pessoas como bolsistas para atuar como profissionais, por um salário de cerca de R$ 3 mil, sem direito trabalhista”, ressalta.
Andressa afirma que o Icepi busca suprir na atenção básica uma demanda de profissionais que deveria ser resolvida por meio de concurso público. A presidente do Coren/ES também faz críticas à Fundação Inova, cujos trabalhadores têm que conviver com salários ainda mais reduzidos se comparado aos contratados diretamente pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). “Se a escolha foi criar a fundação para reduzir a burocracia, a gente até entende, mas não entendemos ganhar menos e nas mesmas condições de trabalho de antes”, lamenta, destacando que as condições já eram precárias.
A carga horária mensal na secretaria para os trabalhadores é de 200 horas. Na Fundação, é de 150 horas para enfermeiros e 180 horas para técnicos. Apesar de menor no caso da Inova, Andressa afirma que a redução salarial é grande, desrespeitando a proporcionalidade.
A realidade dos profissionais da enfermagem no Espírito Santo também é marcada, segundo a enfermeira, pela falta de responsáveis técnicos nas unidades de saúde, ou seja, de enfermeiros “que organizem e planejem os serviços, garantindo o cumprimento do planejamento das atividades da enfermagem”. Ela afirma, ainda, que a categoria tem vivenciado a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Outra crítica feita por Andressa é ao fato de que a testagem de Covid-19 entre profissionais da saúde, abrangendo categorias para além da enfermagem, é de 96,8%. A presidente do Coren defende que chegue a 100%.
Do total de trabalhadores contaminados, os números apontam que 13 mil contraíram a doença na relação de trabalho. Os enfermeiros correspondem a 3,1 mil do total de trabalhadores da saúde contaminados, já os técnicos e auxiliares, 7,6 mil. Os médicos, 1,3 mil. A pesquisa também aponta dados de outros profissionais, como fisioterapeutas, mas não foram detalhados durante a reunião.
Entre os dados também está o de alteração no peso e no apetite, apontado por 8,1% dos trabalhadores, o que, de acordo com a presidente do Coren/ES, pode estar associado, por exemplo, à má qualidade da alimentação fornecida aos profissionais no ambiente de trabalho. “Há relatos de comida azeda. Esses dias, nos enviaram a foto de joelho de porco no feijão, mas o joelho estava cru”, recorda.