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Imunidade de rebanho é genocídio e não será adotada no Espírito Santo

Governo do Estado aguarda regulação das vacinas Sputinik V e Covaxin para efetuar compra imediata

Marcello Casal Jr/ABr

A imunidade coletiva da população tem correlação direta com o comportamento da pandemia de Covid-19 nesses mais de doze meses no Estado, onde foram identificadas três ondas/ciclos. Esse fato, no entanto, não serve de justificativa para apostar na “imunidade de rebanho”, defendida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

A afirmação foi feita pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (10), ao lado do subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.


“Essa estratégia foi um fracasso e caracterizou esse triste capítulo da história do nosso país”, apontou, ressaltando o fato de o País não ter conseguido uma “coordenação nacional de mobilização de todo o conjunto da sociedade em torno do inimigo comum que é o vírus”, incluindo, entre as ações não realizadas pelo governo federal, a aquisição de “grande quantidade de vacinas no primeiro quadrimestre”.


A vacinação, ressaltou, é comprovadamente uma medida eficaz na redução das contaminações e casos graves da doença. “Nós devemos alcançar no mês de junho a plena cobertura vacinal da população idosa com uma dose da AstraZeneca e duas da Coronavac. Essa cobertura será suficiente para repercutir na redução de óbitos nessa população em proporções maiores que a já identificada”. Essa faixa da população, informou, corresponde hoje a um percentual entre 60% e 70% das internações no Estado.
O Espírito Santo, informou Nésio, “foi possivelmente um dos primeiros a ter transmissão comunitária da doença”, com base nos estudos em que o Laboratório Central (Lacen) identificou anticorpos do SARS-CoV-2 desenvolvidos, na segunda quinzena de janeiro, “em pacientes capixabas que atuavam em municípios de atividade turística”.
“As três ondas que nós vivemos nesse um ano de pandemia consolidam o Espírito Santo como um dos estados do Brasil com estágio mais avançado da doença”. A pequena extensão territorial, a presença de portos e aeroportos e a intensa conexão rodoviária entre as microrregiões e o estado de Minas Gerais, destacou, fazem com que o Estado tenha “todas as condições propícias para uma rápida disseminação de qualquer agente biológico novo que se introduza na comunidade”.

Ainda assim, explica, mesmo se fosse considerado que nesse momento 40% da população já estivesse exposta ao vírus e com algum grau de imunidade protetora, e que essa imunidade, na melhor das hipóteses, seja de 50% a 60% e com duração de oito meses, o que ocorre é “uma insuficiência de proteção necessária para poder impedir um novo comportamento de onda na sociedade”, já que essa imunidade pode não ser aplicada às novas variantes.
Genocídio
“Todos os que apostaram nessa estratégia fracassaram como política de enfrentamento à pandemia”, reafirmou Nésio Fernandes, em relação à imunidade de rebanho. “Nós teríamos que alcançar, em um período inferior a um ano, aproximadamente 20 mil óbitos pra ter uma imunidade protetora de oito meses significativa, de maneira que pudesse influenciar o surgimento de novas ondas e controlar, pelo desenvolvimento natural da pandemia, a doença no nosso Estado”.
Esse quantitativo de mortes, salientou, “seria um verdadeiro genocídio”. Por isso, “essa estratégia jamais será adotada pelo governo do Espírito Santo, sendo “combatida por todos os cientistas, sanitaristas e epidemiologistas sérios que entendem que é necessário proteger a vida para proteger o conjunto da sociedade e da economia”.

Com base nesses dados, salientou o secretário, “o Espírito Santo não tem imunidade de rebanho e a imunidade de rebanho não deve ser considerada nem como estratégia nem como elemento protetor para a evolução de novas ondas”.

“A Imunidade de rebanho seria alcançada pelo adoecimento e óbito das pessoas”, reforçou Luiz Carlos Reblin. O que, no caso do Espírito Santo, representaria a morte de vinte mil pessoas e, no Brasil, de mais de um milhão. “Quando a pessoa não adota as medidas de prevenção, ela está apostando na imunidade de rebanho e na morte de vinte mil pessoas no Estado”, advertiu.

Vacinação

As medidas que são capazes de enfrentar a doença já são validadas e conhecidas, reforçou o secretário: distanciamento social, uso de máscara, vacinação e “diversos protocolos e estímulos a um novo comportamento”.
A população alcançada até o presente momento pela primeira dose do imunizante, informou, chega a 20%, e precisa receber a segunda dose. “É necessário que o governo federal, o mais rápido possível, forneça as doses necessárias para ainda no mês de maio concluir a segunda dose da população idosa”, reivindicou.

Novos imunizantes
O governo do Espírito Santo e de outros estados brasileiros aguardam a regulação dos imunizantes Sputinik V (a cargo da União Química) e Covaxin (Precisa Medicamentos) para dar andamento à compra imediata.
Atraso da segunda dose
Sobre a Coronavac, a estimativa da Sesa é de que haja em torno 87 mil pessoas aguardando a segunda dose, sendo esse o quantitativo esperado para esta semana, quando o Ministério da Saúde deve enviar um novo lote.

Laudos de comorbidade

Os gestores da Saúde enfatizaram a necessidade da população capixaba com comorbidade agendar sua vacinação, visto que os municípios da Grande Vitória estão registrando grande ociosidade entre as vagas ofertadas.

Para além de uma ínfima parcela da população que ainda se recusa a se vacinar, levada por informações falsas relativas à imunização contra a Covid-19, há um contingente que está com dificuldade de comprovar sua comorbidade, especialmente com relação à hipertensão. “O governo publicou nota técnica autorizando que a comprovação do diagnóstico de hipertensão nos serviços de imunização será suficiente para imunizar a população hipertensa”, destacou Nésio Fernandes.

“É só procurar o serviço de saúde onde você está vinculado ou onde você costuma se vacinar contra gripe, que ele estará apto a fornecer a comprovação necessária da sua comorbidade”, orientou Reblin.

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