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Índice de Interesse aponta tendência de queda de casos de dengue no Estado

Laboratório da Ufes prevê possível incidência da doença a partir de buscas pelo assunto na internet

O número de buscas na internet relacionadas ao termo “dengue” por moradores do Espírito Santo teve uma queda nas últimas semanas, e isso deverá se refletir nos próximos boletins de notificações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Essa é a conclusão firmada a partir das informações do Painel de Monitoramento do Índice de Interesse por Dengue do Escritório de Dados, projeto de extensão ligado ao Laboratório das Cidades da Universidade Federal do Espírito Santo (LabCidades).

Pesquisas científicas apontam que há uma correlação direta entre o aumento nas buscas na internet por um determinado tipo de doença e o crescimento das notificações dessa mesma enfermidade. Com isso, o painel de monitoramento consegue indicar tendências de queda ou crescimento, com cerca de 15 dias de antecedência.

O trabalho é realizado em parceria com o governo do Estado, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti). A ferramenta coleta informações dos 49 municípios atualmente abarcados pelo aplicativo Google Trends, reconstrói séries históricas e desenvolve algoritmos para atualizar as informações de forma automática. No site do painel, além dos dados do conjunto de municípios, é possível ver as informações específicas de cada cidade.

De acordo com os dados, na primeira semana de janeiro deste ano, o índice de interesse em dengue no Espírito Santo foi de 13,49. Já nos sete dias entre 25 de fevereiro e 2 de março, esse mesmo índice chegou à média de 127,33, um aumento de 943%. Nesse mesmo período, as notificações de casos da doença cresceram 1.167%, levando o governo estadual a decretar Situação de Emergência em Saúde Pública.

Reprodução/LabCidades

Em uma mudança de tendência, na semana de 3 a 9 de março, o índice de interesse foi de 115,94 (-8,94%), e na semana passada (10 a 17), o índice chegou a 92,26 (-20,43%). No décimo Boletim Epidemiológico de 2024 da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), o último publicado até agora, o número de notificações de casos de dengue no Espírito Santo foi de 16,3 mil, um crescimento de 1,82% em relação aos sete dias anteriores.

Apesar do aumento, o número representa uma estabilização na propagação da doença, tendo em vista que essa elevação já passou de 200% em semanas anteriores.

Professor do Departamento de Economia (DE) da Ufes e coordenador do estudo, Everlam Montibeler explica que é mais rápido saber identificar as tendências de queda por meio do interesse na doença, uma vez que as notificações demoram mais tempo até serem computadas.

“Uma pessoa que começa sentir sintomas da doença hoje, já faz uma pesquisa na internet logo em seguida. Mas, até ela ir ao posto de saúde, demora de três a cinco dias, e a notificação leva mais uma semana até ser incluída. Portanto, a gente consegue monitorar as tendências com antecedência, e isso serve como um alerta para as autoridades, facilitando na adoção de políticas públicas”, afirma o professor.

Apesar desse monitoramento, Montileber ressalta que é cedo para apontar cenários futuros da doença no Espírito Santo. “Se essa queda que nós identificamos no índice de interesse é definitiva, ainda não sabemos. Mas há uma correlação clara entre o aumento da propagação e as buscas por informações. Quando começaram a aumentar os casos, nós identificamos a tendência no painel”, relata.

O trabalho no painel de monitoramento começou a ser realizado no ano passado, mas só se tornou público em 2024. O objetivo do LabCidades é utilizar a tecnologia para identificação do interesse também em outras doenças como zika e chikungunya. 

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