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Inquérito sorológico reduz projeção da população já infectada de 9,6% para 6,5%

Equipes podem ter encontrado em casa dessa vez, em horário comercial, apenas as pessoas isoladas socialmente

A projeção da prevalência de Covid-19 na população capixaba reduziu de 9,7 para 6,5% nessa primeira fase do segundo inquérito sorológico, ou, de 386 mil para 262 mil pessoas. No interior, a prevalência reduziu de 88,7 mil (4,4%) para 86,6 mil (4,25%) e na Grande Vitória, de 227,8 mil (11,5%) para 144 mil (7,29%).

Esses e outros dados foram apresentados pelo secretário de Estado e o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Nésio Fernandes e Luiz Carlos Reblin, respectivamente, em pronunciamento feito na tarde desta segunda-feira (3).

A epidemiologista Ethel Maciel, integrante do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que assessora cientificamente o governo do Estado na gestão da crise do coronavírus, explica que é necessário receber um relato mais detalhado das equipes que foram a campo realizar os testes e questionários nas residências sorteadas para o inquérito sorológico, mas uma explicação bastante plausível para essa redução da projeção da prevalência está na maior flexibilização das atividades sociais e econômicas, o que fez com que as equipes encontrassem em casa, em horário comercial, apenas as pessoas que estão isoladas socialmente. 

“As pessoas voltaram ao trabalho. A gente percebe é que analisou agora aquela população que estava protegida, que tem menos prevalência, porque circulou menos. É como se a gente estivesse olhando para outro grupo agora, com pessoas mais velhas em casa e mais brancos positivos do que negros. É o que nos parece nessa primeira análise”, relata a epidemiologista.

Além desta possibilidade, outras levantadas pela Sesa durante o pronunciamento abordam um possível declínio de anticorpos detectáveis nos testes sorológicos feito durante esta última etapa do inquérito, seja porque foram feitos em pessoas que tiveram sintomas há mais de três meses, seja poque há uma redução do número de casos agudos circulando, ou devido ao aumento do número de assintomáticos encontrados nessa pesquisa (47,6%), pois assintomáticos produzem menos anticorpos.

De qualquer forma, a constatação de que o isolamento social em julho foi menor do que nos meses de maio e junho, leva a Sesa a considerar a possibilidade de realizar a próxima etapa do inquérito de fluxo de pessoas, em pontos públicos de grande circulação, ao invés de realizar a pesquisa dentro das residências.

Sobre a redução de anticorpos, o subsecretário Reblin afirmou que uma “equipe de especialistas que assessora a Secretaria está construindo uma investigação para saber se de fato, após determinado tempo de contaminação, a pessoa começa a reduzir a sua imunidade, a sua produção de anticorpos para o SAR-CoV-2. Segundo Reblin, há vários casos de pessoas que fizeram teste PCR durante a fase aguda da doença e, passado um tempo maior que 30 dias, voltam a ter sintomas e a testar novamente positivo.

Essa última etapa do estudo foi realizada nos dias 27 a 29 de julho, quando foram testadas 7.831 pessoas em suas residências. A margem de erro amostral foi menor, ficando entre 1,5 e 2,5%, e as amostras permitiram realizar projeções individuais para cada município participante: Colatina (8,59%), Vila Velha (8,27), Cariacica (8,08%), Serra (7,29%), Vitória (5,53%), Marataízes (5,40%), São Mateus (5,15%), Linhares (4,66%), Afonso Claudio (2,34%), Santa Maria de Jetibá (2,19%), Cachoeiro de Itapemirim (2,11%), Alegre (2,03%) e Nova Venécia (0,91%).

Higiene

Outro dado novo apontado pelo último inquérito sorológico foi a importância da higiene e do uso de máscara para reduzir o contágio. Houve maior percentual de positivos entre as pessoas que não possuem o hábito de higienizar pacotes e mercadorias recebidas em casa, bem como entre as pessoas que não fazem uso correto da máscara e as que saem de casa todos os dias.

Transporte coletivo

Já o transporte coletivo novamente foi apontado como local de grande contaminação, havendo positivos com mais frequência entre os que usam ônibus de três a quatro vezes ou mais vezes por semana e entre os que se submetem a viagens maiores que trinta minutos dentro dos coletivos, sendo mais frequente ainda entre os que viajam de ônibus por mais de sessenta minutos.

Migração de leitos

Durante a coletiva, o secretário comunicou que nesta terça e quarta-feira (4 e 5) haverá uma “migração robusta de leitos de enfermaria hoje dedicados à Covid-19 para outras enfermidades, o que fará subir o percentual de ocupação de leitos no Painel de Covid. “Não se assustem”, disse, lembrando que os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também continuarão a sofrer migração, semelhante aos quase 40 já migrados.

Até 2021

Nésio e Reblin também voltaram a enfatizar que a pandemia está distante do fim. “Continuaremos enfrentando a pandemia até o final deste ano, início do ano que vem”, enfatizou Nésio Fernandes. “O mês de agosto será muito intenso, de muitos debates, porque a pandemia não acabou. Vamos enfrentá-la sob novas condições provavelmente a partir do mês de setembro, mas ela só será derrotada quando tivermos uma vacina”, afirmou. “O mês de agosto será um mês de transição para nós aqui da Sesa”, complementou Reblin.

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