Na noite desta segunda-feira (2) vai ser lançado o livro Hospital Dr. Pedro Fontes – antiga colônia de Itanhenga, que conta a história da instituição que abrigava os portadores de hanseníase, localizada em Cariacica, que eram internados e isolados compulsoriamente em hospitais-colônia até a década de 1980.
A obra é de autoria das assistentes sociais e ex-funcionárias do hospital, Dora Martins Cypreste e Alda Vieira e resgata a história da hanseníase no mundo, no Brasil e no Estado. Além disso, relata a vida dos pacientes desde a época do isolamento compulsório, passando pela transição até os dias atuais, com tratamento e cura da doença. Atualmente, ainda residem na colônia curados da hanseníase, familiares e funcionários da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Este é o primeiro livro que se aprofunda sobre a história do hospital e dos residentes. As autoras colheram relatos dos pacientes, com destaque para a ex-interna Ebes Grossman, que foi internada aos 12 anos idade e enfrentou todos os preconceitos e continua residindo na colônia, aos 62 anos. Ela cuidou dos outros pacientes e se tornou servidora pública da Sesa, hoje aposentada.
O livro também conta a história dos pais que eram internados e obrigados a se separarem dos filhos, que eram levados para o Educandário Alzira Bley, prédio vizinho construído especialmente para esta finalidade.
Os moradores da colônia vivem de aposentadorias e aos cuidados do Estado, têm necessidades básicas como terapias, estruturação do espaço para cadeirantes e melhoria da qualidade de vida.
Os poucos contatos que mantinham com a família era somente no Natal e no Dia das Mães, mesmo assim, através de um portão que os separava, sem qualquer toque físico.
Política segregacionista
A política de isolamento e internação compulsórios de pacientes portadores de hanseníase foi disciplinada e sistematizada no primeiro governo do então presidente Getúlio Vargas, entre os anos de 1930 e 1945. Foi neste período em que se concluiu a rede de asilos para os portadores no País e foi dado início à internação em massa dos pacientes.
A maior parte dos portadores de hanseníase dos hospitais-colônia foi retirada do convívio social ainda na juventude, de forma violenta, e permaneceu institucionalizada por décadas. O fim da internação compulsória só ocorreu oficialmente em 1962, mas registros atestam que ainda ocorriam casos na década de 1980.
Em 2007 foi sancionada pelo então presidente Lula a Lei n° 11.520, oriunda da Medida Provisória (MP) 373/2007, que institui pensão vitalícia às pessoas atingidas pela hanseníase e que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios em hospitais-colônia até 31 de dezembro de 1986. No âmbito dos estados existe um movimento para indenizar filhos de pacientes de hospitais-colônia que foram retirados dos pais e enviados para instituições denominadas “preventórios”.
Serviço:
Lançamento do livro Hospital Dr. Pedro Fontes – antiga colônia de Itanhenga
Local: Biblioteca Pública Estadual, na Enseada do Suá
A partir das 19h30