A concentração aconteceu na Praça Getúlio Vargas, com caminhada até a sede do governo estadual. No caminho, os centenas de participantes denunciaram que a política de estado mínimo que vem sendo implementada pelo governo federal tem provocado o sucateamento das políticas públicas e o aumento da terceirização nos hospitais.
O governador Paulo Hartung (PMDB) não foi poupado das denúncias dos trabalhadores. Segundo os manifestantes, a política de entrega dos hospitais à iniciativa privada, por meio das Organizações Sociais (OS), tem provocado o agravamento das doenças no Estado.
Quando se encaminhavam para o encerramento do ato, os trabalhadores foram impedidos de subirem as escadarias do palácio por completo por policiais militares. Os portões do Palácio Anchieta foram fechados com correntes. Os participantes apenas iriam fazer a foto final da marcha, mas não puderam usar toda a escadaria.
Do asfalto da Avenida Jerônimo, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Estado (Sindsaúde-ES), Geiza Pinheiro, lembrou que o movimento não pretendia a ocupação do Palácio Anchieta, apenas o posicionamento das escadarias para encerramento do ato e que os policiais também são servidores públicos e, assim como aqueles da área de saúde, estão há três anos sem reajuste e sem revisão anual dos vencimentos.
Ela também ressaltou que o movimento dos familiares dos policiais que paralisou o policiamento ostensivo no Estado por 22 dias em fevereiro deste ano teve apoio das entidades que representam servidores públicos, incluindo o Sindsaúde.
Precariedade
O movimento dos trabalhadores da saúde denunciou o sucateamento da saúde no Estado. Na última semana, uma celeuma entre a prefeitura de Vila Velha e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) expôs a situação em que se encontram os hospitais de atendimento infantil na Grande Vitória.
Com a superlotação do Pronto-Atendimento (PA) da Glória, em Vila Velha, o secretário de Saúde do município, Jarbas Ribeiro de Assis tentava a transferência das crianças que precisavam de leitos de internação para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) ou para o Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória.
Com as negativas de transferência, foi verificada a superlotação nos dois hospitais. No Hospital Infantil de Vitória, por exemplo, cadeiras estavam sendo usadas como leitos para crianças e recém-nascidos. Em Vila Velha, prefeitura e Estado discutem responsabilidades com o atendimento pediátrico.
Nesta quinta-feira (6) o Sindsaúde também denunciou que, no Hospital Estadual Antônio Bezerra de Farias, também em Vila Velha, pacientes que estão saindo do pós-operatório estão sendo deixados nos corredores do pronto-socorro, correndo risco de infecção hospitalar por bactérias.