Quatro de fevereiro é consagrado o Dia Mundial do Combate ao Câncer por uma rede de entidades e coletivos ligados à União Internacional de Controle do Câncer, entre elas, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), formada por 72 ONGs de apoio a pacientes, entre elas, o capixaba Grupo de Apoio aos Portadores de Câncer de Cachoeiro de Itapemirim (GAPCCI), que realiza uma série de atividades de sexta a domingo (2 a 4).
O objetivo da campanha é reduzir o impacto do câncer no mundo, focando em conscientização para os fatores de risco da doença e a importância do acesso a mecanismos de prevenção, diagnóstico e tratamento.
Em alusão à data, Século Diário entrevistou duas mulheres que, transcendendo a dureza do tratamento químico e cirúrgico, ressaltam o intenso aprendizado proporcionado pela experiência do câncer de mama.
“Me examinaram, me escanearam, me diagnosticaram. Me abriram, me recortaram, me costuraram. Me prescreveram medicamentos por 10 anos e me perguntaram se eu precisava de apoio psicológico. Nimguém me falou de sentimentos. Ninguém me explicou que eu adoeci por causa deles: da mágoa, da raiva, da culpa. Hoje eu entendo. E por isso, na minha timeline, essa constante campanha: Mamografia uma vez ao ano. Amor, compaixão e perdão todos os 365 dias”.
Já faz mais de um ano que a arte terapeuta Kate Parker publicou esse post em suas redes sociais, mas a mensagem continua atual e resume o que ela continua considerando o mais importante a dizer. Para ela, o câncer é um sintoma e não a doença. Por isso, o que precisa ser tratado é o que o provocou, cuidando dos sentimentos, principalmente, e também da alimentação. “É preciso não medicalizar os sintomas”, ressalta, em conversa com SD nessa sexta-feira (2).
O assentimento à mamografia e outros instrumentos do diagnóstico e tratamento oncológicos convencionais não impedem que a arte terapeuta seja enfática na defesa do que ela considera a verdadeira prevenção. Em outro post emblemático, critica o entendimento usual dessa prática.
“Prevenção. Usa-se muito esta palavra, mas as mensagens, de fato, são sobre rastrear o câncer e tratá-lo. Ou seja, promovem a indústria de diagnóstico e farmacêutica. Acredito muito no que tenho ouvido por aí, longe de comerciais ou campanhas: prevenir o câncer (e muitas outras doenças) é sobre bem viver. Sobre respeitar nosso tempo, nosso ritmo, nosso corpo. Sobre ter gratidão, perdoar, comer coisas da terra, viver seu verdadeiro propósito. É sobre sentir amor por si, pela vida, pelo outro. Então, se você não tem se prevenido, fica aqui o convite: comece hoje!”, orienta.
'Coisas que o câncer me ensinou'
A professora Lucia Helena de Oliveira também enfatiza a importância vital de cuidar do corpo emocional, como uma das principais lições que aprendeu nos últimos sete meses, desde que recebeu o diagnóstico. “Na realidade, toda doença no corpo é processo de cura para a alma!”, publicou, há alguns dias, em suas redes sociais.
O dia a dia do tratamento foi amplamente compartilhado em suas postagens, mesmo os dias mais difíceis, em que as náuseas ou a dor física a “derrubaram”. Mas o espírito sempre foi de perseverança e fé.
A Mastectomia aconteceu no final de janeiro. Dois dias depois, já em casa, compartilhou com os amigos um longo relato sobre toda a trajetória até então. “Agora estou no meu lar me recuperando, desta dor dilacerante. Hoje já acordei cedo, já fui para o meu cantinho e já fiz todos meus rituais espirituais, que me colocam no equilíbrio e no poder de Deus: Orei, agradeci, meditei, visualizei e estou pronta para encarar um dia de dor física, pois onde foi tirado o peito e os linfonodos da axila, dói até no respirar. Mas hoje estou melhor que ontem e amanhã vou estar melhor que hoje, e assim vai se sucedendo os dias, até eu estar totalmente recuperada e pronta para viver intensamente e feliz! E daqui para frente eu só faço o que o meu coração vibrar. Eu agora sei ouvi-lo! Coisas que o câncer me ensinou!!!”, disse.
Nesta sexta-feira, Lucia Helena concordou com a seleção de trechos de suas postagens para compor a matéria, pois não queria falar diretamente sobre a doença, já que estava em companhia do neto, a quem tem poupado de saber os motivos reais de tantas mudanças na rotina da avó. “Ele ainda é muito novo, não precisa saber agora”, pondera.
Uma rede mundial de apoio
A Femma, da qual o capixaba GAPCCI é membro, disponibiliza, nesse início de fevereiro, várias iniciativas relacionadas ao Dia Mundial do Câncer. Entre elas, a ação digital #RecadosContraoCâncer, que consiste em um álbum no Facebook por meio do qual é possível enviar cartões com mensagens de apoio a quem enfrenta a doença e dicas sobre como levar uma vida com menos riscos para o câncer para o público geral.
Na fanpage da Federação há também um álbum com mensagens especiais, para compartilhar. As mensagens trazem dicas sobre como levar uma vida com menos riscos para o câncer, e manifestações de apoio e admiração, para enviar às pessoas que enfrentam a doença.
Na próxima terça-feira (6), das 13 às 15h (Horário de Brasília), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em colaboração com a União Latino-Americana Contra o Câncer na Mulher (ULACCAM) e apoio da Femama, realizará o seminário online “Prevenção e Controle do Câncer da Mulher nas Américas”. O webinar é gratuito e aberto ao público mediante inscrições.
Para saber mais sobre a campanha, acesse o site e a fanpage da Femama.