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Nova rodada de reunião articula a reabertura do Hospital Santa Rita

A mobilização contra o fechamento do Hospital e Maternidade Santa Rita, em São Gabriel da Palha, no noroeste do Estado, chegou ao Tribunal de Justiça do Estado (TJES) nesta quarta-feira (31). Representantes da unidade e uma comissão de deputados estaduais se reuniram com o presidente da corte, desembargador Annibal de Rezende Lima, para discutir saídas para o fechamento do hospital, que atende a população tanto do município quanto do entorno.

Na próxima segunda-feira (5) será feita uma nova reunião no TJES, desta vez com a presença de representantes do Ministério Público Estadual (MPES).

A unidade foi fechada no dia 11 de maio, por não ter mais condições de permanecer aberto sem receber parte das verbas federais destinadas ao município. Entre agosto de 2016 e abril de 2017 – período em que ficou aberto depois de passar seis anos fechado – realizou 54,6 mil procedimentos, entre atendimentos de urgência e emergência, procedimentos de urgência e emergência no pronto-socorro, internações, partos, cirurgias de urgência e emergência e cirurgias eletivas.

Os gestores do hospital apontam que, assim que o hospital foi reaberto, um grupo de vereadores do mesmo grupo político da deputada estadual Raquel Lessa (SD), que já foi prefeita de São Gabriel da Palha, denunciou no Ministério Público Estadual (MPES) o fato de o hospital ter menos de dois anos funcionando com o mesmo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), o que impossibilitaria o repasse. Essa denúncia provocou o bloqueio de verbas ao hospital e somente um Termo de Ajuste Sanitário (TAS) poderia desbloquear essas verbas. A prerrogativa na assinatura do TAS é do gestor da saúde – no caso, o secretário municipal de Saúde, Roberto Morandi – e do Ministério da Saúde, mas, segundo os gestores, não houve interesse do secretário na assinatura.

De acordo com os administradores, o secretário Roberto Orlandi ocupava a mesma posição em 2010, quando o hospital foi fechado pela primeira vez (e assim permaneceu por seis anos), durante a gestão da ex-prefeita e atual deputada estadual, Raquel Lessa, de grupo contrário ao do proprietário do hospital, Luiz Pereira do Nascimento.

Em uma reunião no dia 5 de maio no Ministério Público Estadual (MPES) no município, foi recusada a assinatura de um TAS com o Santa Rita e o Hospital Dr. Fernando Serra, considerado porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS) em São Gabriel da Palha.

Segundo gestores do Santa Rita, o secretário de Saúde do município deixou claro que haveria recursos para um hospital no município, no caso, o Fernando Serra, que é considerado porta de entrada para atendimento do SUS.

O hospital Santa Rita tem uma área construída de aproximadamente dois mil metros quadrados, com 70 leitos, duas salas de cirurgia, esterilização, maternidade, necrotério e lavanderia. A estrutura é suficiente para atender pacientes tanto do município quanto da região.

Para os gestores, não houve interesse em dialogar com a administração do Santa Rita para evitar o fechamento da instituição, mesmo estando todas as certidões e alvarás em dia e dentro da validade. A preocupação é com o atendimento médico prestado no município, já que as verbas federais para o Fernando Serra foram suspensas.

Suspensão

O recurso suspenso pelo Ministério da Saúde ao município de São Gabriel da Palha é referente à Rede de Urgência e Emergência (RUE), que tem uma série de requisitos a que devem se cumpridos. A qualidade do atendimento é monitorado pelo Ministério.

Dentre os pontos monitorados pelo Ministério, que devem ser cumpridos pelas unidades hospitalares, está atendimento ininterrupto nas 24 horas, todos os dias da semana; ser referência regional, realizando no mínimo 10% dos atendimentos oriundos de outros municípios, conforme registro no Sistema de Informação Hospitalar (SIH); ter no mínimo 100 leitos cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos (SCNES); e estar habilitado em pelo menos uma das linhas de cuidado, que são cardiovascular, neurologia ou neurocirurgia, pediatria e traumato-ortopedia.

O Hospital Fernando Serra é denunciado sistematicamente por deficiências no atendimento, falta de alvarás e de atendimento especializado. Em outubro de 2016, o então prefeito de São Gabriel da Palha, Henrique Vargas (PRP), encaminhou à Promotoria de Justiça do município um ofício comunicando o descumprimento do Termo de Ajuste Sanitário (TAS) firmado entre o Ministério Público Estadual (MPES) e a Fundação Hospitalar Social Rural de São Gabriel (mantenedora do Fernando Serra).

Segundo o ofício, o hospital deveria realizar cirurgias eletivas e de urgência de parede abdominal, aparelho digestivo, obstétricas e ginecológicas, mas não havia realizado nenhuma durante o período de convênio com a prefeitura. As denúncias também apontavam que o Hospital Fernando Serra deveria ter 90 leitos, de acordo com cadastro no CNES, mas os relatórios do convênio disponibilizavam apenas 47 para atendimentos do SUS e particular.

Além disso, não havia, segundo os relatórios de visitas, enfermeiro ou outro profissional qualificado na realização da triagem dos pacientes, além de não haver em nenhuma visita profissionais médicos de outras clínicas, como cardiologia e ginecologia.

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