Nésio Fernandes e Luiz Carlos Reblin justificam decisão do governo de flexibilizar o uso de máscaras
Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (16), o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, deu mais explicações sobre a decisão anunciada pelo Governo do Estado na última sexta-feira (12), que tira a obrigatoriedade do uso das máscaras em locais abertos. A medida, que vale para cidades de regiões consideradas em risco baixo de transmissão da Covid-19, como a maioria dos municípios capixabas, foi adotada em razão do número de óbitos, internações e transmissão da doença.
“O que, de fato, nos mobiliza é a redução no número de internações e óbitos. É ter um momento em que vivemos, em que menos pessoas falecem por uma doença imunoprevenível, onde essas coberturas vacinais avançam, apresentando o grande resultado da vacinação”, destacou o secretário.
Nésio apontou que a queda nos índices de internações, óbitos e transmissão da doença faz com que a possibilidade de contato com o vírus em ambientes diminua. A proposta foi construída e apresentada pela própria Secretaria de Saúde (Sesa). Ele ponderou, no entanto, que o fim da obrigatoriedade nessas regiões não deve ser traduzido como o fim do uso das máscaras.
“Precisamos incorporar o uso das máscaras da mesma maneira como os países asiáticos, orientais, utilizam as mesmas, em dias de intensidade de poluição, em períodos sazonais, de maior frequência de doenças respiratórias. Precisamos entender que as máscaras vieram pra ficar no cotidiano do brasileiro, principalmente naqueles que apresentem sintomas de qualquer doença”, destacou.
Tanto Nésio Fernandes quanto o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, que também participou da coletiva, enfatizaram que, caso haja um novo aumento no número de casos e óbitos causados pela Covid-19 no Espírito Santo, a obrigatoriedade do uso do equipamento de proteção pode ser retomada.
“Nós temos uma barreira física que garante proteção às pessoas que a utilizam e, nesse sentido, elas não podem ser relacionadas a temas que dizem respeito à liberdade das atividades econômicas e sim à proteção incrementada, à possibilidade de quem a usa de forma adequada ter um risco menor de infecção por doenças respiratórias e também de transmitir a outras pessoas doenças que potencialmente essas pessoas estejam infectadas”, destacou Nésio.
Vacinação infantil ainda é um desafio
Mesmo com os sinais de recuperação e melhora nos índices relacionados à pandemia, a tarefa agora é fazer com que os capixabas mantenham o próprio calendário de vacinação atualizado e, neste tópico, o desafio maior continua sendo o público infantil. O mutirão promovido pelo Governo do Estado no último final de semana convenceu mais pais a levarem as crianças aos postos de imunização, mas o alcance das metas de cobertura ainda é uma preocupação para a Sesa.
De acordo com o secretário, antes do mutirão, o Estado registrava três semanas consecutivas de queda no número de aplicações de vacinas em crianças, chegando a aplicar apenas cinco mil doses na semana do Carnaval. Na semana da ação promovida nos municípios, o número de aplicações na população pediátrica chegou a 32 mil doses, mas ainda é insuficiente.
“Não temos dúvidas que as nossas crianças precisam ser vacinadas o mais rápido possível. Nós temos uma doença que representou um incremento da mortalidade infantil em todo o país e da internação em idades pediátricas, e já é um consenso internacional que a Ômicron se moveu com uma incidência maior em idades pediátricas do que variantes anteriores”, destacou o secretário.
A baixa procura pelos postos de vacinação tem provocado também a perda técnica de vacinas. Nésio informou que algumas unidades que tinham um índice zerado de perda de imunizantes passaram a registrar até 10% das doses vencidas em um dia.
“Quando a gente abre o frasco da Coronavac e aplicamos a primeira dose, precisamos aplicar todas as doses daquele frasco em até oito horas, precisamos aplicar doses da Pfizer pediátrica, todas as doses daquele frasco, em até 12 horas. Quando poucas crianças são levadas para serem vacinadas nos serviços de Saúde, a perda técnica daquela vacina passa ser incrementada em patamares nunca antes vividos no Estado”, explicou.
Cirurgias eletivas
As cirurgias eletivas, suspensas desde janeiro, em razão da quarta onda da Covid-19 no Estado, serão retomadas a partir do dia 1º de abril. De acordo com Nésio Fernandes, o Estado pretende realizar 100 mil procedimentos eletivos ordinários, média que geralmente é estabelecida para realização ao longo de 12 meses.
Além dessas 100 mil cirurgias, o governo pretende anunciar um mutirão para oferta de procedimentos adicionais. Detalhes da ação ainda serão apresentados pelo governador Renato Casagrande.
De acordo com o secretário, já há uma fila de espera no Sistema Único de Saúde (SUS) para realização de cirurgias eletivas, principalmente porque, ao longo desse período em que os procedimentos estavam suspensos, a população continuou fazendo consultas de risco cirúrgico. “A porta de acesso principal às cirurgias eletivas é a atenção básica (…). Temos neste momento um público importante de pessoas aguardando”, pontuou.