O Espírito Santo consolidou uma fase de recuperação e queda da curva de casos de Covid-19. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e pelo subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, nesta sexta-feira (23).
O pico de casos, nesta terceira fase de expansão da doença no Estado, foi registrado na Semana Epidemiológica nº 12 (de 21 a 27 de março). Em seguida, sete dias depois do início da quarentena, decretada no dia 18 de março, descreveu, “pudemos observar a formação de um pequeno platô, que durou pouco tempo, já passando a desenhar uma queda robusta da quantidade de casos novos diagnosticados”.
A queda do número de casos é o primeiro indicador a apresentar alteração quando há uma mudança de comportamento da pandemia. O segundo, explicou, é a demanda por leitos nas unidades pré-hospitalares, que, no Espírito Santo, também vem caindo. “Já se observa uma queda mais robusta da procura de casos leves e moderados nos serviços de urgência e emergência em todas as regiões do Estado”, atualizou.
O terceiro indicador a se alterar é o percentual de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). No Estado, essa taxa continua alta, próxima a 90%, e a expectativa da Sesa é que comece a diminuir em breve. A ocupação de leitos de enfermaria, ressaltou, “já é uma realidade”, havendo 300 leitos livres de enfermaria no momento.
Internação precoce em enfermarias
Por isso, anunciou o secretário, “devemos trabalhar, ao longo das próximas semanas, com uma internação precoce nos pacientes de risco a evoluir a um quadro mais crítico”. A estratégia foi adotada no ano passado, no interstício entre a primeira a segunda expansão, entre os meses de setembro, outubro e novembro, e deve ser implementada a partir do final de abril deste ano.
Com a manutenção da elevada taxa de ocupação de UTI, “com pacientes complexos e com tempo médio de permanência alto”, o Estado mantém o trabalho de ampliação da rede hospitalar, dentro da política do programa Leitos para Todos, que já conseguiu disponibilizar mais de dois mil leitos exclusivos para Covid na rede pública capixaba.
O último indicador a ser afetado por um novo comportamento da pandemia é o número de mortes. Segundo os gestores da Sesa, a curva de óbitos “começou a demonstrar alguns sinais de possível queda ao longo das próximas semanas”.
“Observamos um platô na curva de óbitos. Ainda há um número muito grande de mortes, mas há uma semana percebemos um platô alto, o que significa que brevemente provavelmente iniciaremos uma queda do número de óbitos”, detalhou Reblin.
“Nós aguardamos a consolidação dos dados para de fato confirmar essa expectativa ao longo do final do mês de abril, principalmente no início do mês de maio”, complementou Nésio Fernandes.
Diante dessa expectativa, a Sesa decidiu retomar, no início de maio, as cirurgias eletivas não essenciais e as consultas ambulatoriais.
Efeitos da quarentena
Esses bons indicadores, salientaram Nésio e Reblin, são resultado da quarentena adotada pelo governo do Estado. “A decisão da quarentena foi feita num momento de chamamento da sociedade para um pacto pela vida, compreendendo todos os poderes e órgãos de Justiça. Hoje, todos aqueles que participaram do pacto são meritórios da conquista que a quarentena proporcionou ao nosso Estado. A quarentena e o pacto pela vida fizeram o Espírito Santo não viver cenas dantescas registradas em outros países e outros estados do Brasil. Nós conseguimos resistir graças à ampla coesão social e mobilização dos trabalhadores da saúde, aos quais faço meu grande reconhecimento nesse momento”, expôs o secretário.
Essa coesão, ressaltou, precisa continuar nesta fase de recuperação e reabilitação das atividades econômicas e sociais. “Precisamos que a sociedade compreenda a importância do uso das máscaras mais filtrantes, do lavar das mãos, do distanciamento. Essa agenda de um novo normal precisa ser incorporada e naturalizada no cotidiano de todos, sob o risco de ter uma futura expansão da pandemia no Estado, com característica distinta das três expansões já ocorridas”.
Próximas ondas
Nésio Fernandes explicou que o Estado caminha para alcançar, antes do início do próximo inverno, a imunidade coletiva plena de toda a sua população idosa com mais de 60 anos de idade, o que vai permitir que esse grupo etário, numa futura expansão da curva de casos, não seja afetada com uma quantidade tão grande de óbitos e internações. Por outro lado, alertou, é possível que no futuro exista uma expansão da pandemia com predomínio de pessoas jovens e adultas.
De fato, a mortalidade hospitalar entre idosos com mais de 80 anos alcançou essa semana uma queda de 46% em comparação a períodos anteriores da pandemia, como resultado da vacinação dessa população.
O mesmo efeito, ressaltou Reblin, é observado entre os trabalhadores da saúde, com queda de internação e óbitos. “A vacina não evita que a pessoa se contamine, mas reduz as contaminações e, principalmente, as internações e óbitos”.
Apesar do rejuvenescimento da população internada em hospital, a maioria dos pacientes em UTIs ainda é de pessoas idosas, com mais de 60 anos. “Aumentou a proporção de jovens, aumentou a mortalidade de jovens, no entanto eles não são a maioria dos internados, diferente de outros estados do Brasil onde a variante brasileira, a P1, comportou-se como variante predominante na transmissão comunitária”, comparou Nésio, referindo a estados como Amazonas, Rondônia, Paraná e Santa Catarina.
Nésio disse, porém, que é possível que essa variante já esteja circulando no Espírito Santo e os estudos devem confirmar essa possibilidade. “Ao longo dos próximos meses, casos essas novas expressões também se comportem no Estado, podemos ter uma nova expansão da curva da casos com predomínio da população jovem e adulta, diferente do que ocorreu ao longo da primeira, segunda e terceira expansão”, alertou.
Independentemente do perfil etário predominante, a orientação continua a mesma, reforçou o secretário: “mediante qualquer sintoma, procure o serviço de saúde para ser testado e avaliado por um profissional de saúde, pratique o isolamento domiciliar e teste seus contatos, para que a gente faça o devido controle e monitoramento das pessoas infectadas pela Covid-19”.