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Pesquisadores da Ufes investigam propagação da Covid em locais de vulnerabilidade social

Plataforma utiliza dados brutos do Painel Covid do governo do Estado, com processamento diário das informações

Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) investigam a relação entre as taxas de infecção da Covid-19 e os índices de vulnerabilidade social em território capixaba. O projeto, ainda em andamento, utiliza dados brutos do governo do Estado e possui um site – GeoCovid – com informações processadas e ilustradas em mapas diários. O objetivo é orientar a adoção de políticas públicas de enfrentamento à pandemia.

O diferencial da plataforma produzida pelos pesquisadores da Ufes é a geração de mapas diários que mostram o avanço da Covid no Espírito Santo de forma automatizada. “Enquanto os outros projetos focam na produção de mapas de risco e taxa de isolamento social em ciclos de 7 a 14 dias, nós geramos mapas de Novos Casos, Casos Acumulados, Taxa de Infecção, Novos Óbitos e Óbitos acumulados diariamente”, informam os pesquisadores.

Outra possibilidade do projeto é a comparação entre os locais com maiores índices de vulnerabilidade social e o desenvolvimento da Covid-19. O estudo considera os índices de educação, empregabilidade, alocação do tempo e renda, composição familiar e mortalidade e infraestrutura domiciliar. Quanto menor a taxa de desenvolvimento social dos locais, maior a chance de se ter complicações na gestão da pandemia.

“São todos índices que, na verdade, estão interligados. Por exemplo, lugares com muitas pessoas desempregadas, possivelmente têm menos recursos para comprar álcool, sabão e sabonete, por exemplo”, explica a professora Fabrícia Benda de Oliveira, coordenadora do projeto e pesquisadora no Departamento de Geologia da Ufes.

O próximo passo da pesquisa é relacionar os dados de vulnerabilidade social, com a taxa de infecção em cada município. O grupo ainda desenvolve a metodologia de pesquisa, mas o objetivo é saber se nesses locais com índices mais baixos de desenvolvimento a transmissão da doença é maior.

A primeira versão do site foi lançada em outubro de 2020 e a segunda implementada em fevereiro deste ano. A previsão é que, até o fim do projeto, os pesquisadores consigam implementar a geração de mapas de risco de contaminação de forma automática.

Resultados

A pesquisa possibilitou que os pesquisadores identificassem dois períodos de aumento considerável dos casos concentrados em 2020 e no início de 2021. Os estudos também identificaram indícios de uma terceira ordem de agravante em algumas partes do Estado atualmente.

“Os gráficos e mapas gerados dia a dia nos mostram o comportamento do número de casos diários e, por consequência, o número de casos totais, no entanto, não é certo afirmar que este aumento é generalizado e uniforme para todos os 78 municípios do Espírito Santo. Percebemos que a atuação e implementação das políticas públicas sanitárias somadas à parceria e entendimento de uma parcela da população, fazem diferença e regem a curva dos casos registrados a nível municipal, refletindo a nível estadual”, informaram em nota.

Pesquisa na universidade pública

Todos os dados são disponibilizados de forma ilustrada no site GeoCovid, além de serem divulgados para a sociedade por meio das redes sociais do projeto. A pesquisa conta com integrantes do curso de Geologia, Geografia, Ciências Biológicas, Ciência da Computação, Sistemas de Informação, e pesquisadores do Departamento de Farmácia e Nutrição.

Para Fabrícia, além de possibilitar que a população capixaba tenha acesso à realidade da pandemia, o projeto colabora para a tomada de decisões mais certeiras por parte do Poder Público.

“A produção científica brasileira é feita na maior parte das vezes em instituições públicas de ensino, o que deveria implicar em maior investimento no setor, o que não vem ocorrendo. Assim, um fato que merece destaque é a capacidade de resposta das universidades do país, mesmo em um momento de redução de orçamento e de cortes”, declara.

Neste contexto de precarização das universidades públicas e falta de incentivo do Governo Federal, fazer pesquisa também é um ato de resistência. “Para conseguir dar continuidade aos nossos trabalhos, precisamos nos reinventar e nos adaptar à realidade em que vivemos. Assim surgiu o projeto GeoCovid, como uma aplicação voltada exclusivamente para o atual cenário pandêmico que vivemos”, destaca.

Equipe de pesquisadores

Coordenadora Prof. Dra. Fabricia Benda de Oliveira
Pesquisador Prof. Dr. Carlos Henrique de Oliveira
Pesquisador Prof. Dr. Edmar Hell Kampke
Pesquisador M. Sc. Friedemann Berger
Estudante de Mestrado Reinaldo Baldotto Ribeiro Filho
Estudante de Mestrado Marx Engel Martins
William Carlos Rodrigues Gonçalves
Cícero Dias Bottacin
Diego Pael de Paula
Gabriel Namã Lopes do Nascimento
Matheus da Silva Rocha
Rafael de Andrade Prenholato
Willian Conceição Queiroz

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