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‘Precisamos de um calendário de vacinação explícito do Ministério’

Nésio Fernandes diz que Carnaval deve ser de cuidado e fiscalização, para consolidar fase de recuperação, até que a vacinação avance

“Os secretários estaduais e municipais precisam de um calendário claro e preciso do Ministério da Saúde sobre a vacinação. Nós estamos nesse momento com toda a rede preparada para imunizar o povo e proteger o país da pandemia, no entanto, estamos aguardando um calendário explícito do Ministério. Os estados estão sendo informados horas antes dos embarques de vacinas!”.

A necessidade de clareza na estratégia brasileira de imunização contra a Covid-19, por parte do Ministério da Saúde, foi explicitada pelo secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (12), juntamente com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.


Ressaltando que “quaisquer perguntas sobre doses de vacinas devem ser feitas ao Ministério da Saúde”, Nésio Fernandes explicou que “os laboratórios aptos a produzir vacinas estão oferecendo ao governo federal” e que, “no momento em que foram rejeitadas por ele, é que os estados e municípios poderão adquirir”.

O secretário enfatizou que “o correto é que o Ministério adquira toda a produção da indústria para vacinar a população”, mas que o governo do Estado tem reservado R$ 200 milhões para aquisições complementares, se possível/necessário, dentro de um horizonte de vacinar três milhões de pessoas, “para ter uma cobertura satisfatória para reduzir circulação do vírus no território capixaba”.

Ele lembrou que, não fosse o Butantan e o governo de São Paulo, bem como a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) terem garantido a aquisição das doses antes da finalização da aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), “não teríamos mais de 20 mil pessoas vacinadas no Espírito Santo até agora”, explicitou.

Respondendo sobre inúmeras dúvidas relativas aos critérios de “priorização das prioridades”, para identificar as pessoas aptas a serem vacinadas neste momento, o secretário salientou que a possibilidade de que acabem as doses em alguns municípios é motivo de muita ansiedade por parte dos gestores. “É muito desconfortável discutir, como gestor, a prioridade da prioridade. Todos devemos tomar a vacina. Todos devemos estar protegidos contra a Covid-19”.

“Essa angústia sobre quem furou ou não furou a fila é consequência de escassez de vacinação, de uma estratégia que disponibilizou poucas doses para a população brasileira. Temos pressa para a imunização e esperamos que o Ministério da Saúde acerte garantindo todas as doses necessárias”, reforçou.
100% dos trabalhadores da saúde e idosos

A expectativa é de que, a partir do final deste mês, todos os trabalhadores da saúde que atuam em unidades de saúde, como Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e outros serviços, já tenham alcançado o efeito imunizador da vacinação e que, a partir de março, passará a valer a obrigatoriedade de vacinação para que os trabalhadores acessem esses locais.

“Esperamos ter, até o final de fevereiro ou início de março, doses pra 100% dos trabalhadores da saúde”, disse Reblin. O grupo, explicou, abrange “quem tem formação na área da saúde, técnica ou superior, ou quem não tem formação, mas trabalha em área de saúde, hospital”. O Estado, salientou, não recebeu doses ainda nem para todos os idosos nem para todos os trabalhadores da saúde, por isso a necessidade de ir definindo critérios até vacinar 100% dessas duas categorias.

Assim, uma nova resolução será publicada até este sábado (13) no Diário Oficial, com critérios mais claros sobre a priorização dos trabalhadores da saúde até que haja doses para todos. “O Plano Nacional define que 100% dos trabalhadores da área da saúde sejam vacinados. Não há nenhuma exclusão de trabalhadores”, sublinhou, lembrando que esse grupo é estimado em 124 mil pessoas no Espírito Santo.

A nova resolução é elaborada após reuniões com os conselhos profissionais regionais, onde ficou posto que “os profissionais que não atuam nos serviços de saúde não estão contemplados nesse momento, e sim quando chegar a vacinação ampla para a população”, ressaltou Nésio Fernandes, citando exemplo de biólogos, educadores físicos e outros profissionais. Se eles atuam no sistema de saúde, serão vacinados agora. Caso contrário, somente mais à frente. Já entre os estudantes, os que atuam no sistema de saúde são equiparados aos trabalhadores e serão vacinados agora. Do contrário, deverão também aguardar.

Quem recebeu a primeira dose tem garantida a segunda, complementou Reblin, afirmando que o Espírito Santo optou por guardar as doses da Coronavac, diferentemente de outros estados que usaram esse estoque logo e agora se veem com a possibilidade de não aplicar a segunda dose a essas pessoas. A Sesa utiliza apenas o estoque da AstraZeneca agora, já que o intervalo para a aplicação da segunda dose é maior que o da Coronavac, de pelo menos 90 dias.

Sobre os idosos, a chegada de novas doses é que permitirá avançar nos subgrupos. “Na medida que o município complete 90% de um grupo de idosos, pode passar para o próximo”, disse Reblin.

Carnaval será decisivo
Durante as explanações, Nésio e Reblin enfatizaram a necessidade de intensificar os protocolos de higiene, uso de máscaras e distanciamento social durante o feriado do Carnaval, para que seja consolidada a nova fase de recuperação da pandemia que o Espírito Santo vive.
“Temos desde 25 de janeiro uma tendência sustentada na queda de internação hospitalar, chegamos a ter 200 livres para a população capixaba e de outros estados”, disse Nésio Fernandes, informando que a taxa de transmissão (Rt) está abaixo de 1. O momento, comparou, é semelhante ao da primeira recuperação, entre final de julho e início de agosto de 2020. Mas para que isso se consolide, é preciso todo cuidado durante o feriado de Carnaval.
“Será um Carnaval diferente. Não estão autorizadas nenhum tipo de atividade que aglomere pessoas, nem em blocos de ruas nem em espaços privados. Um carnaval distinto, em família, de descanso, reflexivo, para garantir que não haja aumento de casos e internações”, orientou, ressalvando que os meses de março e abril, historicamente, apresentam aumento do número de doenças respiratórias, especialmente na faixa etária pediátrica.

Nesse sentido, haverá um reforço de fiscalização por parte das áreas de inteligência da segurança pública, que irão atuar em conjunto com os municípios, evitando que eventos não autorizados possam ocorrer. “Nós recomendamos aos municípios que coletem material das pessoas suspeitas e enviem para seu laboratório de referência e que coletem também dos contatos diretos das pessoas positivas”, destacou Reblin.

“Sempre foi assim, mas agora muito mais, os municípios devem ter atenção especial com pessoas que vêm de outros estados. Temos consolidado entre nós no Brasil outras variantes do vírus circulando”, disse o subsecretário. “É a tarefa dos municípios nesse período do Carnaval”.

A experiência capixaba na testagem, ressaltou Nésio, é de que aproximadamente um terço dos contatos assintomáticos e intradocimiliares das pessoas testadas positivas também apresentem positividade para Covid-19 na reação dos testes de RT-PCR.

Barreiras tecnológicas

Outro reforço de monitoramento e controle foi acordado com as empresas de transporte aéreo e terrestre que atuam no Espírito Santo. “Todas concordam em colaborar com o governo do Espírito Santo em cruzar os dados de quem testou positivo e as pessoas que viajaram”, informou Nésio Fernandes.

O monitoramento por temperatura, feito inicialmente nas barreiras sanitárias, explicou, se mostrou pouco sensível. “A ampla maioria dos casos transcorre sem sintomas e sem febre. O Espírito Santo se prepara para realizar uma barreira sanitária inteligente, com tecnologia”, destacou.

Em paralelo, o secretário recomendou expressamente que as pessoas evitem se deslocar. “Evitem viajar pra outros estados do Brasil, e evitem viajar dentro do Espírito Santo. Evitem deslocamentos desnecessários, evitem! Fiquem em casa! Há novas cepas circulando, e mesmo sem novas cepas, precisamos investir em inteligência epidemiológica e disciplina e coesão social”, pediu.

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