Enivaldo enviou ofício ao governador nesta segunda, após município ser apontado como epicentro de variante inglesa
O prefeito de Barra de São Francisco (noroeste do Estado), Enivaldo dos Anjos (PSD), enviou ofício ao governador Renato Casagrande nesta segunda-feira (22), com um apelo para que o município tenha reforço no envio das vacinas recebidas pelo Estado nesse final de semana. Com explosão de casos, a cidade é apontada pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) como epicentro da variante britânica B.1.1.7, junto com Piúma, no sul do Estado.
A variante está presente no Espírito Santo pelo menos desde novembro de 2020. Mais transmissível e letal que as cepas originais, é mais comum entre jovens com até 30 anos de idade, e sua reprodução em solo capixaba dobra a cada quinze dias desde meados de fevereiro de 2021. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e o diretor do Laboratório Central (Lacen), Rodrigo Rodrigues.
Enivaldo pede que Barra de São Francisco seja colocado como prioridade para acelerar a vacinação dos grupos mais vulneráveis. O prefeito também enviou, pelo aplicativo WhatsApp, um alerta à população.
No texto, ele relata que o Hospital Dr Alceu Melgaço Filho estava com 33 pacientes de Covid, sendo 10 intubados na UTI, cinco intubados no pronto socorro, oito aguardando transferência para a UTI.
“Os pacientes não param de chegar, todos com no mínimo 70% de comprometimento do pulmão. Está desesperador, pacientes clamando por ar, e pegando os profissionais pelo braço pedindo socorro. Estamos com muitas dificuldades para ajudar as pessoas, não existem vagas no Estado”, diz o comunicado.
Junto, o prefeito encaminhou um áudio de mais de três minutos gravado na noite de domingo (21) pelo médico obstetra Leonardo Dornelas, que atua no hospital estadual do município.
“Só eu intubei três pacientes, desci para ajudar um colega que estava sozinho no plantão. Agora, temos a pior situação de todas. Hoje foram abertas as duas últimas caixas de Imidazolan, medicamento essencial para manter os pacientes confortáveis”. Se não chegar mais desse medicamento, o médico prevê que pacientes terão que ser extubados e deixados morrer sem conseguir respirar.
No sábado (20), o secretário municipal de Saúde, vice-prefeito Gustavo Lacerda, ajudou a coordenar uma operação emergencial para abertura de novos leitos de UTI no hospital, mas a ação não foi suficiente, pois estão chegando não apenas pacientes do município, mas a metade vem de municípios vizinhos. “Fiquem em casa, usem equipamentos de proteção e álcool gel”, pediu Enivaldo.
Em fevereiro deste ano, uma reportagem publicada em nível nacional apontou que a variante B.1.17 do novo coronavírus detectada no Reino Unido já estava presente em, pelo menos, 16 cidades de oito estados brasileiros, inclusive o Espírito Santo, onde a cepa foi detectada em Barra de São Francisco.
A informação do governo do Estado desta segunda pode ser a chave para entender a rapidez com que o vírus passou a se propagar em Barra de São Francisco desde o início deste ano. O número de casos confirmados saltou de 1.738 para 2.741 neste domingo e de mortes de 51 para 86, ou seja, foram registrados mais 37 óbitos na cidade em apenas dois meses e meio.
Já os casos ativos, que até fevereiro vinham se mantendo entre 130 e 140, no máximo, deram um salto de 220%, passando de 90 em 4 de janeiro para 288 nesse domingo.
A situação foi classificada hoje, pelo secretário municipal de Saúde como “desesperadora” e o Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho teve seu Centro de Tratamento Intensivo (CTI) adaptado às pressas neste fim de semana para atender integralmente a pacientes de Covid-19.
A variante inglesa foi identificada em dezembro do ano passado por autoridades sanitárias do Reino Unido e é considerada mais contagiosa do que a versão original do novo coronavírus. Ela já se disseminou por 60 países, segundo informe da Organização Mundial de Saúde (OMS).
