Após denúncias de que a Maternidade de Carapina inaugurou novos leitos sem, no entanto, ter anestesista para realizar os partos, a Prefeitura da Serra parece ter resolvido a questão, pelo menos, pelos próximos seis meses. No Diário Oficial dessa quinta-feira (7), foi publicada extrato do contrato de contrato emergencial (nº 145/2018), por dispensa de licitação, firmado com a Cooperativa de Anestesiologia do Espírito Santo, que prestará os serviços na unidade hospitalar.
No entanto, a contratação emergencial, assinada pelo secretário de saúde da Serra, Benicio Farley Santos, de R$ 551 mil, é válida pelo prazo de seis meses.
A Maternidade de Carapina, cujos novos leitos foram inaugurados pelo prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede) nessa segunda-feira (4), com a presença de aliados políticos, estava funcionando sem anestesista. Diante do descaso, o Sindicato dos Médicos do Estado (Simes) havia alertado às gestantes e suas famílias que procurassem outras unidades de saúde para realizar os partos.
“Procurem outra instituição de saúde para conferir dignidade ao parto, uma vez que a Maternidade de Carapina é extremamente irresponsável com a vida de seus pacientes”, disse, na ocasião, o presidente do Simes, Otto Baptista, que completou: “A ausência de um anestesista na Maternidade de Carapina é apenas mais um episódio do descaso e desrespeito da gestão com a área da saúde, em que a parturiente tem seus direitos negligenciados e proibidos – sim, essa é a palavra, uma vez que o município proíbe também que as mulheres em trabalho de parto tenham acompanhantes, como lhes é de direito”, completou Otto.
Além da falta de anestesista, a Maternidade de Carapina tem sofrido com problemas de infraestrutura. Segundo vistoria realizada pelo Sindicato dos Médicos, foram flagradas pacientes que acabaram de dar à luz sentadas em cadeiras de plástico, assim como outras que estavam em trabalho de parto.
O Sindicato recebeu denúncias de condições impróprias para o atendimento à população e que foram confirmadas na vistoria, como falta de berço para os recém-nascidos, que acabam dormindo junto com as mães em salas de parto compartilhadas com gestantes. Além disso, há pacientes internadas no corredor da maternidade, na sala de repouso e até em mesas de parto.
Materiais hospitalares também estão inadequadamente dispostos em banheiros de enfermarias. Há mofo no teto de enfermarias e lixo hospitalar aberto e em contato com pacientes.
“Verificamos também gestantes de alto risco instaladas em enfermarias improvisadas, peregrinando e implorando por uma vaga para dar a luz a seus filhos, correndo todo o risco de parir e não haver vagas nas UTIs Neonatal. Precisamos dar dignidade e respeito às mulheres capixabas antes e durante e após o parto. Para tal, o gestor não pode, jamais, negligenciar às suas obrigações”, afirmou Otto Baptista.
Com a nova ala, segundo a prefeitura, a maternidade passará a oferecer de 200 a 400 partos por mês, com ampliação de 20 para 39 leitos.