Prazo previsto pela gestão é de duas semanas. Já a médica, que parou de atender, retorna na próxima semana
A gestão de Romero Luiz Endringer (PTB) se comprometeu a encaminhar, daqui a duas semanas, um dentista para atender no posto de saúde do distrito de Chaves, em Santa Leopoldina, região serrana. O compromisso foi firmado em reunião realizada nessa sexta-feira (1), com representantes da Associação de Moradores e de Pequenos Produtores do Distrito do Chaves (Ampac). A reivindicação de médico e de dentista para o posto vem sendo feita pelos moradores há cerca de um ano e meio.
Com relação à médica, ela chegou a ser encaminhada para o posto de saúde do distrito para atender as pessoas toda quarta-feira, a partir das 9h, enquanto houver demanda. Entretanto, ela compareceu ao local somente uma vez, estando ausente há duas semanas. Na reunião desta sexta, os moradores questionaram o porquê, tendo obtido a resposta de que, por causa do aumento dos casos de Covid-19, a profissional foi encaminhada para trabalhar na sede, mas retorna ao distrito na próxima quarta-feira (6).
Sobre as duas profissionais, o primeiro-secretário da entidade, Carlos David Toffano, o Carioca, lamenta o fato da médica ela não ter sido informada das motivações e que não foi dito aos moradores os dias e horários de atendimento do dentista. A Associação, afirma, vai reivindicar não somente essas informações, mas também que a médica atenda pelo menos duas vezes por semana, para que não haja superlotação em alguns momentos.
A médica foi encaminhada ao posto após a Associação se reunir, em três de junho, com a secretária municipal de Saúde, Sigrid Stuhr. A gestora argumentou, na ocasião, que os baixos salários fazem com que profissionais da saúde não queiram trabalhar no interior de Santa Leopoldina. O valor, como a secretária informou para a Associação, varia entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil para médicos, muito abaixo da média para a profissão no Estado, que ultrapassa R$ 5 mil, considerando a menor carga horária, de 20h semanais.
Os moradores chegaram a sugerir o aumento dos salários para atrair profissionais, mas a secretária falou que a prefeitura não tinha como fazer isso, sem ao menos esclarecer o porquê. Até o final de 2018, os moradores eram atendidos por profissionais cubanos, do Programa Mais Médicos. Com a retirada do governo cubano do programa, após declarações que considerou depreciativas feitas pelo então deputado federal Jair Bolsonaro (PL), atual presidente da República, o distrito passou a ser atendido por um clínico geral.
“Caso necessário, o clínico geral encaminhava a pessoa para um especialista na sede de Santa Leopoldina ou em Vitória”, diz Carioca. Essa situação dificultou, porém, o acesso da população aos profissionais. Isso aconteceu ainda na gestão passada, do então prefeito Valdemar Luiz Horbelt Coutinho (PSB), o Vavá.
A partir do início de 2021, já no mandato de Romero Luiz Endringer, os moradores passaram a não contar nem com o clínico geral, além de terem que conviver com a ausência de dentista desde que um novo posto de saúde foi instalado em uma escola desativada, já que o antigo estava com problemas de infraestrutura. Após a inauguração, os profissionais não retornaram.
O novo posto, segundo Carioca, funciona somente para atividades como aplicação de vacina e aferição de pressão arterial. Para consultas e exames, seja com médicos ou dentista, os moradores passaram a ficar mais dependentes do deslocamento até a sede de Santa Leopoldina. Em casos de complexidade maior, para Vitória.
Ele relata que não somente a falta de profissionais no distrito impossibilita os moradores de ter acesso à saúde, mas também de transporte público no distrito. Para ir até a sede, é preciso pagar um táxi, sendo que muitas pessoas não têm condições financeiras para isso, ou contar com carona, o que nem sempre é possível.
Há ainda o fato de que não se pode contar com motoristas de aplicativo, uma vez que não costumam ir até o distrito e há dificuldade para chamá-los, pois o acesso à internet é restrito. Ônibus, tanto para a sede quanto para a Capital, passa somente duas vezes por dia. Trata-se da viação Lírio dos Vales, que sai da rodoviária de Vitória rumo a Santa Teresa, passando por Santa Leopoldina. Além disso, segundo Carioca, a passagem é cara, impossibilitando muitos moradores de usufruir do transporte..
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Justificativa para o problema é da secretária Sigrid Stuhr, que se reuniu com comunidade, mas não apontou soluções