O preservativo vaginal, conhecido popularmente como camisinha feminina, ainda é pouco difundido entre as mulheres. Entretanto, a Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold) tem feito um trabalho de difusão desse método de prevenção a Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e à gravidez indesejada. Isso é realizado por meio de oficinas nas quais o preservativo é apresentado e sua utilização ensinada às participantes.
A Gold costuma realizar atividades com parceria do Ministério da Saúde, com testagem para HIV e outras ISTs, nas quais também são ministradas as oficinas. A coordenadora de Ações e Projetos da Associação, Deborah Sabará, relata que nessa ação é utilizada uma prótese do órgão sexual feminino. “A gente explica a forma de utilizar a camisinha, como desenrolar. Muitas vezes, o homem não quer usar e a mulher pode se empoderar e dizer ‘então eu vou usar’. É autoestima, defesa, conhecimento e prevenção”, diz.
Deborah acredita que ainda exista muito tabu em relação ao preservativo vaginal. “É um desconhecimento misturado com preconceito. Como o órgão sexual masculino está exposto para fora, a gente consegue visualizar a pessoas colocando, isso ficou enraizado na nossa memória. No caso do preservativo vaginal, as pessoas não sabem como vai ser introduzido. Elas pensam ‘ah, vai entrar e se perder lá dentro'”.
A coordenadora da Gold destaca que a prevenção às ISTs por meio do preservativo “é um instrumento para minimizar os impactos no Sistema Único de Saúde [SUS]”. Ela relata que, nas oficinas, também é explicado que em relações homossexuais masculinas, o preservativo vaginal pode ser utilizado. “O homem pode pegar o elo, introduzir no ânus e o outro penetrar”, explica.
Entretanto, a infectologista Rúbia Miossi alerta para o fato de que, nesse tipo de relação, as chances de rompimento do preservativo são maiores. “O preservativo vaginal foi desenvolvido para pessoas que têm o órgão sexual vagina. Utilizar em outras situações diferentes da orientada pelo fabricante pode comprometer seu funcionamento”, aponta.
Rúbia destaca que o preservativo é para a cavidade vaginal, “levando em consideração os aspectos de lubrificação e anatomia. Utilizar no ânus foge ao objetivo do seu desenvolvimento e só poderia haver essa orientação se ele fosse testado e o desempenho considerado cientificamente satisfatório”, pontua.
Ela afirma que uma das vantagens do preservativo vaginal é poder ser colocado horas antes da relação, possibilitando a mulher, inclusive, já sair de casa já com ele. “Esse é o benefício do preservativo vaginal. Não tem nenhum problema, não incomoda, não há risco, diferente do preservativo peniano, que pode ser colocado somente depois da ereção”, explica. A infectologista informa que esse preservativo é distribuído gratuitamente nas unidades de saúde.