Com queda sustentada de casos, internações e óbitos, Hospital Jayme deve parar de tratar Covid em abril
Após a adoção do passaporte vacinal, houve aumento de 197% da procura pela primeira dose no Estado. A informação foi transmitida pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (21) junto ao subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
O gestor destacou ainda a nulidade das normativas municipais que tentam derrubar a exigência. “As legislações aprovadas em algumas câmaras municipais não possuem fundamentação constitucional nem amparo nas decisões recentes do Supremo Tribunal Federal [STF] e serão todas possivelmente derrubadas pela Justiça. Nenhuma delas tem vigência no Espírito Santo. O que está vigente é a portaria da Sesa que instituiu a exigência do cartão vacinal para atividades econômicas e sociais”, afirmou Nésio.
A ampliação da vacinação – sete milhões de doses de vacinas já foram aplicadas no Estado – é a maior causa da redução dos três principais indicadores da pandemia, salientou o secretário. O Espírito Santo, informou, “vive um cenário de queda sustentada do número de casos, internações e óbitos pela Covid-19, como já havíamos dito na coletiva anterior”.
Segundo os gestores, houve queda de 53% no número de casos da semana passada (semana epidemiológica 7) em relação à anterior (SE 6). E de 75% quando comparadas as semanas seis e cinco.
Já as internações reduziram, no período entre seis e 21 de fevereiro, de 87% de ocupação para 70%, caindo de 472 para 324 o número de internados em enfermarias e Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) na rede pública capixaba. Redução que levou a uma reconsideração da ampliação da rede hospitalar. “Havia previsão de atingir mil leitos de UTI e enfermaria, porém não foi necessário”, sublinhou Nésio.
Os óbitos também continuam caindo, com redução de 33% quando comparados os números das semanas epidemiológicas 7 e 6.
Igualmente cai o percentual de positividade nos testes. Os de antígenos reduziram de 42% para 29% e os PCR, de 46% para 23%.
A avaliação dos dados permite afirmar que “metade da população teve contato com pessoas infectadas”, declarou o secretário.
Estrutura de testagem
O secretário de Saúde reafirmou a necessidade de que os municípios mantenham suas estruturas de testagem, mesmo com a redução dos indicadores da pandemia, em função da sazonalidade conhecida dos meses de março e abril, de aumento dos casos de síndromes respiratórias agudas graves (SRAGs).
Nésio afirmou que é preciso manter “o reconhecimento precoce de um possível novo comportamento de expansão da doença” e que a capacidade de testagem deve passar a ser usada para dar mais segurança à realização de eventos; ao funcionamento das escolas, evitando surtos durante as aulas presenciais; e a algumas profissões, como cuidadores de idosos. “Diante de qualquer sintoma gripal ou qualquer suspeita de contaminação, faça o teste!”, reiteraram os gestores, lembrando que o Estado já contabiliza mais de 14 mil mortos e um milhão de casos confirmados da doença.
Volta das cirurgias eletivas
A redução dos indicadores pandêmicos também permite o restabelecimento das cirurgias eletivas e de uma nova agenda de “estruturação do SUS [Serviço Único de Saúde] capixaba”, destacou Nésio Fernandes.
As cirurgias serão retomadas ainda esta semana, com expectativa de que, até o final de abril, toda a demanda seja atendida.
Em paralelo, o Estado investirá na “ampliação da cobertura de Estratégia de Saúde da Família [ESF], na “reorganização da média complexidade ambulatorial e consolidação do novo perfil da rede de atenção hospitalar no estado do Espírito Santo”.
Desmobilização do Jayme
Nessa reorganização, o Hospital Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra, que foi a principal referência no atendimento de pacientes infectadas pelo SARS-CoV-2, não atenderá mais a essa especialidade. “Tomamos a decisão de desmobilizar o hospital Jayme dos Santos Neves no atendimento das pessoas atingidas pela Covid-19 e voltará a funcionar com o perfil anterior, a partir de abril”, anunciou.
Ao longo dos próximos 90 dias, explicou Nésio Fernandes, especialmente nos meses de março e abril, uma nova fase de expansão da pandemia deve ocorrer, porém, “com número menor de internações e óbitos, devido ao avanço da vacinação e também pela ampla exposição da população vacinada ao vírus, o que pode representar ao sistema imunológico novo estímulo para produção de anticorpos permitindo que, pelos próximos 90 a 120 dias, a população esteja mais protegida”.