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Projeto acolhe enlutados no Espírito Santo

Iniciativa do Departamento de Psicologia da Ufes é gratuita e já tem quase 50 inscritos

Desde o início da pandemia do coronavírus, a convivência com o luto tem feito parte da rotina de diversas famílias brasileiras. Só em território capixaba, já são 9.974 óbitos causados pela doença até esta segunda-feira (10), que afetam a rotina de quem fica. Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), uma iniciativa do Departamento de Psicologia tenta amenizar a dor dos enlutados que não conseguem lidar com esse processo sozinhos. Por meio de encontros virtuais, o projeto AcolheDor oferece apoio gratuito para os enlutados.

Os encontros são divididos em grupos virtuais, destinados a grupos específicos de inscritos, como casos de pais que perderam filhos, pessoas que perderam bebês no período gestacional, dentre outros fatores.

A professora do Departamento de Psicologia da Ufes e coordenadora do projeto, Luciana Bicalho, conta que o projeto é voltado para pessoas que não conseguem lidar com o luto de forma natural. “Em geral, as pessoas têm condições de lidar com experiências de enlutamento. Se ela tem recursos psicológicos para isso, se possui uma rede afetiva, consegue lidar com isso, mas, para algumas pessoas, outras características tornam a experiência mais difícil”, ressalta.

Um dos fatores de risco para um processo de luto mais complicado pode estar relacionado ao histórico do paciente. Luciana explica que se a pessoa já passou por algum transtorno psíquico, ou tem um diagnóstico de depressão, esse processo é mais delicado. “O tipo de morte também influencia. Se for uma morte violenta, ou uma morte repentina, a dor se intensifica”, afirma.

Apesar de ter sido desenvolvido devido à pandemia, o projeto recebe também inscrições de pessoas que não conseguem lidar com lutos mais antigos. “As pessoas estão nos procurando por causa de lutos de tempos atrás, mas que, neste momento, estão surgindo novamente. Ela reconhece que não está bem ou que essas questões não foram bem elaboradas”, explica.

Inscrições e rodas de conversa

Os encontros dos primeiros grupos começam na próxima semana. Na primeira fase, a iniciativa já recebeu quase 50 inscrições. O formulário continua aberto para preenchimento da lista de espera, que será chamada daqui a seis semanas.

As inscrições são feitas por meio do preenchimento de um formulário eletrônico. Com base nas respostas, os integrantes do projeto avaliam as necessidades do participante. Luciana lembra que, em alguns casos, os inscritos precisam ser direcionados para a rede pública de Saúde. “Casos com tendência ao suicídio, por exemplo, são encaminhados para um outro tipo de atendimento”, ressalta.

Em razão da pandemia, os encontros precisam acontecer em formato virtual. Cada grupo é mediado por profissionais em formação, que já pesquisam o processo de luto há algum tempo. Durante as sessões, os participantes podem compartilhar as próprias experiências com a perda. “A gente tem objetivos específicos para esses encontros. O mediador propõe atividades reflexivas, onde essas pessoas podem entrar em contato com os seus afetos”, afirma.

O projeto também faz atendimentos individuais para inscritos que não possuem recomendação para dinâmicas coletivas. “Quando a gente identifica, no formulário, algum fator de risco para um luto mais complicado, realizamos uma escuta mais individual”, acrescenta Luciana.

A iniciativa é gratuita, alcançando também pessoas que não teriam condições de pagar por um atendimento privado. “Esse é o papel da universidade pública. Esses serviços são uma forma de devolver tudo o que é investido nela”, pontua.

Os interessados devem entrar em contato com os organizadores por meio do telefone 27 99970-3124, para que o link do formulário seja enviado e o nome do candidato entre na lista de espera para os próximos grupos.

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