Trabalhadores do Hospital Infantil de Vila Velha (Himaba) voltaram a denunciar racionamento de comida realizado pela Organização Social (OS) que administra a unidade, o Instituto de Gestão e Humanização (IGH). Os servidores relatam que há dois meses não é servido um único copo de suco ao qual todos tinha direito, segundo a OS. Além disso, nesta semana, a comida tem sido servida em vasilhames de isopor com talheres de plástico. A IGH, que presta serviço para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), teria mantido apenas duas funcionárias da cozinha, que não dão conta de preparar o alimento, servir e limpar pratos e talheres.
“É de revoltar. Antes, tínhamos direito a um copo único de suco, pois a empresa dizia que o contrato dela com o Estado só dava direito a isso. Agora fazem uns dois meses que não bebemos nenhum copo de suco. Agora, não temos mais pratos nem talheres. Está horrível”, disse um trabalhador do Himaba em áudio enviado aos representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Estado (Sindsaúde-ES), que tem assento no Conselho Estadual de Saúde. Uma denúncia será formalizada contra a Organização Social que administra o Hospital Infantil de Vila Velha na entidade.
“Estamos acionando as comissões do Conselho Estadual de Saúde para que façam uma visita ao hospital para averiguar a situação. Também temos informação de que a mesma coisa estaria acontecendo no Hospital Estadual de Urgência e Emergência, que é administrado pela OS Pró-Saúde”, disse Cynara Azevedo, representante do Sindsaúde-ES com assento no Conselho.
Segundo ela, o assunto também será levada para uma reunião extraordinária do Conselho, que será realizada neste mês de janeiro, provavelmente com a presença do novo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
Problemas com fornecedores
Trabalhadores de empresas que são contratadas pelo Instituto reclamam de uma série de problemas que teriam origem na inadimplência da OS com seus fornecedores. A empresa responsável pela alimentação do hospital contratada pelo IGH – Verdall – estaria sem receber e, por isso, racionando a comida para pacientes e funcionários. A Guerdal teria contrato com o IGH para atender todos os hospitais em que a OS faz gestão no Espírito Santo e também em outros estados.
Para Cynara Azevedo, a IGH não é transparente na maneira como administra os recursos repassados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para realizar a gestão do Hospital Infantil de Vila Velha. “Conseguimos acompanhar os repasses que são feitos pelo Estado para o IGH, mas depois não é possível saber se ela realiza o pagamento de seus fornecedores; isso também parece que não é fiscalizado adequadamente”, disse.
Para os representantes do Sindsaúde, as reclamações de fornecedores que não são pagos pelo IGH foram registradas em outros estados, onde a Organização Social responde, inclusive, a vários processos. O Sindicato havia alertado a Sesa a respeito da instabilidade econômica da OS, e, apesar disso, os gestores estaduais continuaram com o processo de contratação.
Abaixo-assinado
Em 16 de novembro de 2018, insatisfeitos também com a qualidade da alimentação, um abaixo-assinado foi entregue a representantes do Sindsaúde-ES, pedindo providência urgentes da Sesa para resolver o problema. Crianças internadas na unidade também estariam comendo apenas café com leite e uma maçã pequena pela manhã. Há relatos ainda de que itens essenciais, como arroz, não estavam tendo os estoques renovados.
Resposta da Pro-Saúde
Por meio de sua Assessoria de Imprensa, nesta sexta-feira (4), a direção do Hospital Estadual de Urgência e Emergência, que está sob a gestão da Pró-Saúde, “afirma que café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar estão sendo servidos normalmente. Os profissionais e acompanhantes de pacientes podem se servir no refeitório, tendo à disposição saladas e duas opções de carnes, além de sobremesa e suco. Os colaboradores do hospital também têm como opção cardápios diferenciados, que podem ser escolhidos com uma semana de antecedência”.