ES deve ter mais 2 mil mortos até Rt 0, estima Etereldes Gonçalves. Novo mapa tem mais 4 cidades em risco alto
O Espírito Santo deve registrar cerca de 2 mil mortes a mais, até a o índice de transmissão (Rt) do novo coronavírus (SARS-CoV-2) chegar a 0. A previsão é do matemático Etereldes Gonçalves, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que assessora tecnicamente a Sala de Situação de Emergência em Saúde Pública para Covid-19 do governo do Estado.
O motivo é que a curva epidêmica no Espírito Santo deve apresentar, grosso modo, dois picos, um da Grande Vitória e outro do interior do Estado, separados por uma espécie de vale entre os dois. Esse seria o platô, mais longo, como já anunciou o governador Renato Casagrande (PSB) em pronunciamentos anteriores. E a descida da curva epidêmica se iniciaria só depois desse segundo pico. O tempo de duração dessa descida, até o Rt 0, é equivalente ao tempo da subida até o platô, bem como os números de casos ativos e de óbitos estimados são semelhantes.
Como o primeiro pico de casos foi alcançado no dia 24 de junho e o de óbitos duas semanas depois, quando o número de mortos era próximo de dois mil, daí a estimativa de chegar ao Rt 0 com um total de mais de 4 mil vítimas fatais da Covid-19. “Estamos no meio do vale, talvez chegando no final do vale, prestes a subir novamente”, acredita Etereldes.
No gráfico hipotético acima, explica, não estão desenhados os dois picos e o vale que compõem o platô capixaba. O esquema só mostra que o caminho percorrido na subida até o platô é semelhante ao da descida, incluindo o número de dias, de casos ativos e de óbitos.
Historicamente, as epidemias atingem seu ápice quando aproximadamente metade da população exposta ao vírus é contaminada e imunizada. No caso do SARS-CoV-2, esse auge tem ocorrido com um percentual entre 40% e 60%.
No caso capixaba, o primeiro pico tendo ocorrido quando 12% da população já tinha entrado em contato com o vírus, segundo o inquérito sorológico, é provável que 24% dos capixabas estiveram de fato expostos ao vírus durante a pandemia. Portanto, 76% estariam protegidos, seja em isolamento social, em distanciamento ou por imunidade cruzada, ou seja, fatores individuais que impedem que a pessoa seja infectada pela doença, o que é diferente das pessoas infectadas assintomáticas. O imune sequer produz anticorpos contra o vírus, pois o patógeno não o infecta.
O real percentual da população exposta, protegida por imunidade ou outros fatores ainda precisa ser identificado, diz Etereldes. É preciso considerar a margem de erro do inquérito sorológico, que pode elevar o percentual de infectados para 15% ao invés de 12% no momento do pico, por exemplo. “Os testes sorológicos não detectam corretamente as pessoas infectadas”, lembra o matemático.
Mais 4 cidades em risco alto
No 15º Mapa de Risco Covid-19, anunciado pelo governo do Estado neste sábado (25), mais quatro municípios entraram para o risco alto.
Com vigência entre a próxima segunda-feira (27) e o domingo (2), o novo mapa tem 19 municípios em Risco Baixo, 41 em Risco Moderado e 18 em Risco Alto. Entre as mudanças desta atualização, Cariacica saiu do Risco Alto para Moderado. Com isso, todas as cidades da Grande Vitória deixaram a classificação de risco mais elevada.
Entraram para o risco alto: Águia Branca, Anchieta, Ecoporanga, Irupi, Pancas, Piúma, São José do Calçado e Vargem Alta.
Passaram do risco baixo para o risco moderado: Alfredo Chaves, Divino de São Lourenço, Domingos Martins, Governador Lindemberg, Jaguaré e Venda Nova do Imigrante.