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Servidores questionam retorno de asmáticos ao trabalho presencial

Secretaria de Saúde divulgou no Diário Oficial a retirada dos asmáticos do grupo de risco para Covid-19

Depois de quase seis meses trabalhando em home office, os servidores públicos estaduais que não fazem parte de nenhum grupo de risco da Covid-19 retornaram nesta segunda-feira (14) ao trabalho presencial. Entretanto, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) divulgou, no Diário Oficial desse sábado (12), a revogação da exclusão dos asmáticos do grupo de risco, o que é questionado pelo Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos). 

O ponto que trata da questão é “a alínea ‘c’ do inciso III do § 1º do art. 3º da Portaria nº 050-R, de 27 de março de 2020”.

Segundo o presidente do Sindicato, Tadeu Guerzet, a entidade irá encaminhar um ofício para a Secretaria de Gestão e Recursos Humanos (Seger) solicitando reunião para tratar do assunto. “Por que asmático pode morrer? Antes não podia, agora pode. Dependendo da resposta que nos derem, vamos entrar na Justiça para reverter a situação, fazer protesto e o que mais for necessário”, ressalta. 

Tadeu considera a decisão do Governo Renato Casagrande (PSB) contraditória, pois o poder público estadual chegou a cogitar a possibilidade de, mesmo após a pandemia, um determinado quantitativo de servidores continuar em trabalho remoto, como forma de gerar economia para os cofres públicos.  


“O Sindipúblicos não tem opinião formada sobre isso ainda, mas sabemos que existem algumas implicações, como o fato de o servidor ter que usar seu próprio material de trabalho, além de excluir o relacionamento do servidor com outras pessoas em seu ambiente de trabalho, sendo que para a subjetividade do trabalhador, isso é importante. Então a gente não entende como que um governo que cogitou a possibilidade de o home office prosseguir após a pandemia resolve fazer com que pessoas que há pouco tempo considerava grupo de risco retornem ao trabalho presencial”, afirma Tadeu. 

Servidores estaduais que sofrem de asma dizem que a retirada do grupo de risco vem causando insegurança. Eles pontuam não ver sentido na decisão, uma vez que a doença ataca os principais órgãos atingidos pela Covid-19. Salientam ainda que, além da asma, outro fator complicador é o fato de voltarem a circular de ônibus para ir ao trabalho, sendo que o transporte público é um local de grande circulação do vírus.

O presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, Rafael de Castro Martins, aponta que após seis meses de pandemia, observou-se que os asmáticos não mostraram risco de formas graves da Covid-19. “Doenças respiratórias são fator de risco, mas não a asma”, considera. Ele destaca que essa realidade foi demonstrada por meio de pesquisas científicas que levaram em consideração uma série de fatores, entre eles, a taxa de mortalidade entre pessoas desse grupo. “É uma doença nova, estamos aprendendo a lidar com ela, e ficamos preocupados com esses pacientes, mas a maior mortalidade entre eles e gravidade dos casos não se concretizaram”, reforça.

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