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Sesa irá acionar o Samu sobre denúncias de maus-tratos em ambulância

O coletivo Mães Eficientes Somos Nós se reuniu com o secretário Nésio Fernandes na Secretaria de Saúde

Divulgação

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) vai apurar denúncia de maus-tratos em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), na Grande Vitória. A informação foi dada em uma reunião realizada na sede da secretaria nessa terça-feira (7), com o coletivo “Mães Eficientes Somos Nós”. Na última semana, uma mãe denunciou o atendimento violento dado ao filho autista que sofria de um surto psicótico.

A reunião foi uma reivindicação do coletivo após a mãe registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil. Dentro da ambulância, as denúncias apontam para um trajeto marcado por gritos, tapas e ameaças por parte dos profissionais. Nessa terça-feira, além do secretário Nésio Fernandes, a reunião contou com a presença de mais 15 integrantes da Sesa. A moradora de Cariacica, responsável pela denúncia, e o filho Ryan, de 13 anos, também estavam presentes e relataram o que ocorreu dentro da ambulância.

“Não foi uma reunião muito fácil, porque infelizmente foi uma situação gravíssima que aconteceu dentro da ambulância do Samu (…) O mais chocante foi a própria criança que foi agredida contar para o secretário, para toda aquela cúpula que estava lá, o que ele passou dentro da ambulância e o medo que ele ficou de morrer. Até o secretário ficou muito sensibilizado com o que aconteceu com a criança”, enfatiza a coordenadora-geral do coletivo, Lúcia Mara Martins.

Durante a reunião, Nésio encaminhou a vítima para fazer um exame de corpo de delito, relata Lúcia. “É tudo comprovado nos laudos, raio-x que tirou, ele tá com o braço quebrado, com o ombro fraturado, devido à violência e à falta de cuidado no atendimento. O braço da criança está fraturado”, reforçou.

De acordo com Lúcia, o secretário afirmou que irá acionar o Samu para que o caso seja apurado. No Espírito Santo, a operacionalização do serviço é feita pela Santa Casa de Misericórdia de Vitória, mediante um convênio com o Governo do Estado.

“O encaminhamento que teve foi esse. Ele falou que vai tomar providência em relação à criança e agora vai conversar com quem administra o serviço do Samu, para que fatos como esses nunca mais ocorram no Estado. Ele pediu para gente confiar nele, porque vai trabalhar para que isso não aconteça mais”, relata.

O caso

A mãe que registrou o boletim de ocorrência é do bairro Bela Aurora, em Cariacica. Após um surto psicótico do filho de 13 anos, autista, o serviço foi acionado, mas profissionais responsáveis pelo atendimento não teriam feito a abordagem adequada, desferindo tapas, gritos e ameaças ao adolescente. A ambulância estava a caminho do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.

Ao ser procurada por Século Diário na última quinta-feira (02), a secretaria de saúde chegou a negar as denúncias, alegando, por meio da coordenação do Samu, que recebeu o chamado para atendimento de criança com surto psicótico, mas que não houve falha no atendimento ou agressão.

Apesar do posicionamento, mães do coletivo afirmam que relatos parecidos são recorrentes, e muitas chegam a ter medo de acionar o Samu em razão da abordagem agressiva. O temor se agravou após o caso da última semana.

“As mães que estavam lá ficaram muito amedrontadas com o que ocorreu. A gente vai cobrar, mas não temos expectativas de que isso não ocorra mais. Até porque não é um serviço direto do Estado. O secretário dialoga, mas ele não tem total poder, inclusive nem a representação do Samu estava na reunião”, conta Lúcia.

A coordenadora-geral do coletivo afirma que uma das preocupações é que, durante o trajeto até o Himaba, um dos atendentes teria dito que o procedimento adotado era orientação do Samu. “Eu não confio mais. Hoje, se eu tiver que acionar, não tenho coragem. Não temos expectativas de que mude alguma coisa. No caso do Ryan, vai haver sim um processo para os profissionais, que provavelmente vão ser identificados e sofrerão um processo administrativo, mas em relação a outros casos, é muito preocupante, porque pelo o que os funcionários falaram, faz parte da orientação do Samu. Foi isso que os servidores falaram no dia”, aponta.

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